Já por diversas vezes falei aqui da minha má relação, para não dizer péssima, com as passadeiras de peões e mais ainda com os próprios peões.
Por via das dúvidas consultei há tempos um advogado amigo que me esclareceu que as passadeiras são sítios próprios onde os condutores de veículos, motorizados ou não, deverão dar prioridade de passagem aos peões que se encontrarem na berma da estrada com o desejo evidente de a atravessar.
Até aqui, goste ou não se goste, é a lei e portanto "dura lex sed lex".
Todavia a prioridade é dada nas faixas listadas quase sempre a branco na estrada, não deve ser em qualquer lugar duma rua.
Falo disto porque o meu pai, um destes dias atravessou a estrada sem ser na passadeira. Por acaso não vinha qualquer viatura e não teve problema. Como o meu velho pai todos os dias sou testemunha de muitos idosos a atravessarem as ruas sem se preocuparem em fazê-lo nos lugares devidos e forçando a paragem do condutor no meio da via, arriscando o peão a levar com uma qualquer motoreta, dessas de entregas de comida que se esgueiram por todo o lado.
Sinceramente... ainda não consigo entender qual a pressa do idoso que o leva a colocar em risco a sua própria vida e quiçá estragar a vida de um condutor.
Para piorar a coisa noto que quanto mais limitado em andar a pessoa idosa está, mais se afoita na estrada!
Acordei e levantei-me cedo, aliás como sempre faço!
Tinha uma série de coisas para resolver e para fazer. Ora, tendo em conta que a neta chegaria excepcionalmente mais tarde, era o momento óptimo para dar despacho...
Às nove fui aos CTT, para um quarto de hora depois estar ao balcão do Banco e finalmente às 9 e meia entrei num supermercado para comprar somente iogurtes para a cachopa pequena.
Caminhava eu no sentido do Supermercado quando chego ao sinal de peões e este vermelho. Paro e espero que passe a verde, mesmo que não haja trânsito... Chega então a meu lado uma idosa airosa e apressada, já que não esperou pela esperança do sinal e toca a passar. Só que veio um carro e quase que a atropelava. O interessante é que a senhora ainda refilou com o condutor. Gravo a cena e fico a pensar: porquê a pressa, ainda por cima nesta idade? Pior... quando entrei na loja encontrei-a a mirar uma coisa qualquer. A pressa havia, portanto, desaparecido.
Já da parte da tarde quando me encaminhava para o hospital onde está um familiar próximo internado, é a minha vez, como condutor, apanhar uma jovem a atravessar fora da passadeira que estava a dois metros... Também com sinal vermelho. Passou imaculada!
Reconheço mais uma vez que eu como condutor detesto passadeiras, não pela sua utilidade, mas pela forma como é (mal) usada. Mas sou eu, pronto!
Todavia quando ando a pé respeito sinais e tráfego. Passo apenas quando ambos os sentidos me dão passagem e nunca me atiro para o alcatrão de branco listado!
Já não tenho idade e muito menos paciência para ensinar a população a andar, seja na rua ou na estrada. No entanto vou tentando ensinar através destes escritos e, acima de tudo, pelo exemplo. A começar pela neta a quem já vou ensinando estas coisas...
Quem aqui me lê sabe que eu tenho uma espécie de bravata contra os peões, acima de tudo pela forma como assumem que só têm direitos especialmente nas passadeiras onde (quase) literalmente se atiram para atravessar uma rua. Depois há sempre quem atenda telemóvel, ajeite a gola do casaco da criança, que discuta com alguém e tudo em cima da passadeira... e os condutores à espera!
Eis agora o outro lado da moeda, cabendo-me chamar a atenção para os condutores e para a forma como estacionam os carros na rua. Se não ouver estacionamento em espinha toca a parar em cima do passeio ocupando deste modo um espaço que é pertença de todos os transeuntes.
Ora como sabemos a nossa população está cada vez mais velha e com isso mais limitada de movimentos nas suas pequenas deslocações. Já para não falar de pessoas com outras limitações...
Hoje de manhã quando fui à padaria percorri mais de um par de quilómetros a pé tendo deparado com uma quantidade de carros estacionados em cima do passeio, de maneira que tive de ir para a estrada de alcatrão para poder presseguir.
Para piorar a coisa a maioria das pessoas que estacionam o carro no passeio têm garagem ou pátio onde caberia o veículo em causa. Porém é sabido que a maioria usa as garagens para funções diferentes para que foram concebidas.
Provavelmente nenhum deles terá familiares com problemas de locomoção (idosos, cegos, deficientes) e daí não perceberem que há quem necessite de andar no passeio para sua própria segurança.
Face a este triste panorama tenho a certeza de que a nossa sociedade está cada vez mais egoista. Depois há umas campanhas muito solidárias mas a cidadania não é existe só por decreto!
São dez e meia da manhã de uma quarta-feira de um final de Julho. Obriguei-me a resolver uns assuntos que eram anormalmente adiados. Ou por evidente falta de tempo ou porque estava noutro local.
Bom, mas hoje lá fui dar as minhas voltas e já a caminho de casa passei por uma avenida que ladeia a linha do comboio. A rua é larga, mas ainda assim o estacionamento em ambos os lados estreita-a. Porém os passeios estão livres de viaturas para que os peões os usem sem perigo.
Estou eu a passar a rua de carro quando à minha frente deparo com uma idosa que com evidentes dificuldades em se deslocar, ainda assim o fazia ocupando parte da faixa da estrada. Pior... a bengala que suportaria parte do seu peso estava tão inclinada que qualquer viatura a poderia atingir.
Aproximo-me devagar, mas tenho algum receio em me aproximar da anciã. Então reparo que não nenhuma viatura atrás de mim e paro o carro no meio da estrada, saio e vou ao encontro da idosa:
- Bom dia minha senhora.
- Bom dia - respondeu-me de voz trémula por detrás da sua máscara azul.
. Não seria melhor a senhora caminhar no passeio? É que na estrada arrisca-se a ser colhida por algum carro... - tento eu.
- Tem razão, mas os passeios são estreitos e depois as pessoas querem passar depressa...
- Então porque não escolhe o lado de lá... sempre há menos peões.
A senhora olha para mim e temi o pior. Mas após um suspiro cavo a velhota respondeu-me:
- Assim seja... ajuda-me a chegar ao outro lado?
- Claro... obviamente!
Esclareço que naquela altura alguns condutores perdiam já a paciência por esperarem atrás do meu carro e buzinavam.
- "Temos pena... " - pensei.
Ajudei a atravessar a rua e despedi-me desejando-lhe um bom dia. Quando entrei no carro agradeci a quem estava atrás à espera e segui finalmente caminho.
Deste meu episódio matutino guardo duas conclusões... A primeira é que os passeios são roubados aos peões para originar estacionamento pago, a segunda é que mesmo com pandemia as pessoas continuam exasperadamente apressadas e frenéticas.
Já escrevi por diversas vezes que sou contra as passadeiras de peões. Essencialmente aquelas que não têm sinalização luminosa e somente indicação horizontal no chão, vulgo zebras.
Considero que estas passadeiras não fazem parte da solução para a segurança rodoviária, bem pelo contrário, já que grande parte dos atropelamentos surgem naqueles lugares. E se a culpa destes acidentes são geralmente atribuídas aos condutores também é certo que os peões são pouco cuidadosos pois não se coibem de entrar numa passadeira sem sequer preocuparem com os carros que possam aparecer.
Quem conduz tem que ter sempre mil olhos para o que rodeia. Mas nas passadeiras a atenção tem de redobrar. Um destes dias estava perto de casa e ia devagar. De súbito sai de um prédio uma senhora que acto contínuo entrou na passadeira que se estendia à sua frente sem sequer olhar para qualquer dos lados tentando minimizar o perigo.
Sei que é uma guerra perdida e portanto basta-me aqui desabafar.
Mas há também o inverso: o condutor que acha que só tem direitos e os peões que se tramem. Então se falarmos em estacionamento...
O passeio à frente da minha casa e de todo aquele bairro não medirá mais que um metro a um metro e vinte de largura. A calçada está amplamente danificada e assaz irregular. Se juntar a isto os carros estacionados tenho que ir para a estrada se quiser andar. Ora ultimamente tenho andado a passear a minha neta no seu transporte indicado. Todavia a maioria do tempo ando na estrada pela impossibilidade que o fazer no passeio. Essencialmente pelas tais viaturas estacionadas e que me inibem de andar onde deveria.
Apetece-me tantas vezes passar com objectos fortes que amolgassem as viaturas indevidamente estacionadas. Talvez começassem a perceber que o seu lugar não é ali. Porém se o fizesse seria tão imbecil e mal formado como eles.
Entretanto a polícia passa na rua e nada faz. Fecha os olhos a tudo isto como tudo estivesse impecável.
Uma destas noites vi a espaços uma reportagem sobre os atropelamentos de ciclistas e peões.
Surgiu na rua uma quantidade de gente a manifestar-se pela forma como a maioria dos condutores lida com as passadeiras e os ciclistas.
Creio que terão razão, na maioria dos casos, mas… A chatice é que este mas me vai dar!
Eu sou condutor. E já aqui escrevi que sou contra a forma como os peões usam e abusam das passadeiras. Obviamente que quem quer atravessar uma rua deve-o fazer no local adequado e não em qualquer ponto duma via pública, acima de tudo para sua segurança e dos automobilistas.
O problema é que os peões não entendem que conduzir um automóvel não é a mesma coisa que andar a pé. E parar um veículo não é simplesmente travar. Um conjunto de factores estranhos, até ao próprio condutor, pode originar atropelamentos muitas vezes de consequências dramáticas.
O peão por sua vez não pode pensar que, só por ter ali à sua frente um conjunto de linhas brancas, se pode atirar para o alcatrão sem tomar mais nenhuma precaução. Há quem se atire para a estrada sem se preocupar em olhar o trânsito. Parece que só os peões têm direitos e os condutores apenas deveres.
Quantas vezes paro na passadeira para dar passagem a um peão e este diz para eu avançar porque está ali apenas a…
A educação cívica e o respeito na estrada, ao existirem, deve serem apresentadas por ambas as partes, não exclusivamente por uma. E neste caso os automobilistas.