Seguindo assim a ideia lançada ao Mundo por muitas entidades logo cedo coloquei na minha varanda uma fralda branca do meu neto mais novo.
Um simbolismo duplo: a alvura que corresponde a uma trégua permanente e ser uma fralda porque neste Mundo tão guerreiro há milhões de crianças a sofrerem, sem o desejarem, com as agruras dos senhores da guerra.
Calculo que esta iniciativa não nos leve a lado nenhum e até seja motivo de troça pelos enormes defensores dos conflitos, mas ainda assim caberá a cada um de nós mostrar como nos sentimos neste Universo.
A PAZ obviamente não interessa aos donos do Mundo, já que a industria do armamento tem muita força e por isso dificilmente os políticos conseguirão reverter as situações de conflito.
Mas cuidado... muitos de nós também enchemos os nossos corações de guerras. Muuuuuuuuuuitas! Demasiadas!
Hoje é o primeiro dos últimos! O primeiro dia do derradeiro mês do ano de 2023.
Mas é outrossim o mês do Natal, que deveria, repito deveria, ser uma época de alegria, de partilha e acima de tudo de... Paz!
- Paz num Mundo que não pára de se guerrear;
- Paz nos corações dos soldados da vida;
- Paz nos espíritos permanentemente rebeldes;
- Paz nos dias que vamos desfolhando em cada folha de calendário.
O Dezembro é para os católicos o mês do Advento. Um mês de um novo ano litúrgico e que nos remete para a nossa vida resumida nos passos que demos, nas palavras que (mal ou bem) proferimos, nos gestos que assumimos.
Um mês de alegria infantil com a luz, embrulhos, enfeites e mais uma panóplia de artefactos que enchem os nossos olhos.
Dezembro... o mês da consciência de que vivemos num planeta recheado de contradições e perante as quais somos totalmente impotentes para as reverter.
Finalmente não esqueçamos os desvalidos sejam eles sem-abrigo, idosos ou simplesmente gente que vive a vida no limite da incerteza.
O último mês do ano... Dezembro! Um mês de emoções... Todavia nem sempre pelos melhores motivos!
Estou na Beira Baixa! É costume vir aqui neste feriado.
Cheguei ontem já noite e a temperatura da rua rondaria os 25 graus. Como a casa não é aberta diariamente os quartos pareciam autênticos fornos o que me obrigou a ligar os aparelhos de ar condicionado.
Bom o dia hoje esteve também muito quente e após o jantar achei boa ideia ir dar um passeio pela aldeia. A noite há muito que tinha caído sobre o povo e talvez por isso considerei a aventura de um giro nocturno.
A noite estava simplesmente imaculada ao vento! A brandura da temperatura do ar convidava a fazer qualquer coisa diferente... do que estar em casa.
Saí devagar para poder saborear a noite com calma.
Esta gente que por aqui vai desfiando os seus dias é gente boa. Afável, amiga, companheira e acima de tudo fiável.
Mas o preço da desertificação nota-se já! Muitas casas à venda, a maioria quase devolutas. Os donos ou vivem no estrangeiro ou fugiram para os grandes centros urbanos deixando as heranças para resolver no futuro. Entretanto as habitações sem cuidados vão-se desboroando.
No céu mal consigo ver a Lua já que esta se encontra na sua fase minguante. Todavia as estrelas são muitas e algumas deixam-se ainda ver.
Paro no meio da rua e tento escutar.... Simplesmente!
Um silêncio quase sepulcral, cortado de vez em quando por uma cigarra ou um cão mais atento. Há nesta ausência de ruído uma estranha, mas apetecível atracção. Por esse desconhecido momento de paz.
Dou a volta à aldeia de forma pausada para regressar finalmente a casa.
Ainda a tempo de escutar o bater das horas no relógio da igreja!
Hoje foi um dia cansativo. Especialmente para quem me acompanha que com mais idade e ilustres proprietários de um belísssimo sedentarismo, logo percebi que iria ser um tanto complicado.
Principiámos por ir ver o museu da transformação da baleia. Um local bem organizado e que deu para percebermos como as campanhas daquela actividade piscatória eram tão importantes na economia local.
Depois saímos em busca das já célebres lagoas. Locais muito bonitos onde a Natureza é preservada. Fajãzinha foi a terra seguinte onde perguntei onde seria a Fajã de Santo Eloy ao que me responderam não existir o que confirmou o que Elizário certo dia afirmou peremptoriamente:o "Gugle" estava errado.
A manhã passou assim rapidinho, mas ainda antes do almoço uma visita ao Poço da Cascata do Bacalhau, sítio muuuuuuuuuito bonito.
Após um belo almoço (peixe claro está!) visitou-se a aldeia da Cuada para finalmente subirmos mais de 500 metros num terreno difícil e sob uma floresta densa para extenuados (nomeadamente os mais velhos!!!) chegarmos a este paraíso...
Creio que não necessito dizer mais nada, pois não?
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é no actual contexto mundial assunto permanente em todas as reuniões de alto nível. Imagino eu!
Mas nestas coisas da política internacional nem sempre o que parece é (quase nunca!).
Vejo alguns presidentes de países a chegarem-se à frente no sentido de encontrarem meios e fórmulas de obterem a paz. Reparem que quem conseguir mediar este conflito de forma a alcançar o fim da guerra, ficará não só nos anais da história Mundial como angariará um enormíssimo prestígio para si e consequentemente para o País.
Notei isso com a visita do Presidente chinês Xi Jinping à Rússia. Como percebi a mesma ideia, logo no início do conflito, em Erdogan da Turquia, se bem que os interesses deste seriam também meramente locais. Agora escuto o actual Presidente Lula da Silva ao mostrar uma vontade de estar no centro das grande decisões internacionais. E o fim da guerra pode ser (será certamente) uma delas.
O problema porém está do outro lado da guerra, onde dois contendores estão olimpicamente de costas voltadas para a paz.
Estamos a dias de um Novo Ano. Não tenho por hábito fazer um levantamento do melhor e do pior que acontecxeu no Mundo.
Mas este ano de 2022 abro uma excepção para referir dois momentos que me tocaram profundamente.
- O primeiro, como não poderia deixar de ser, foi o início da guerrana Ucrânia que se denrola longe deste rectângulo, mas num ápice pode entrar pelas nossas casas. Uma guerra estúpida e imbecil como são todas as guerras. Não imagino onde e quando este conflito irá parar, mas tenho algum receio... no futuro!
- O segundo foi a morte da Rainha de Inglaterra, Isabel II. Alguém que conseguiu permanecer em cena durante muitos anos sem nunca se desviar do propósito de manter a sua "comunidade" unida em torno da sua "real" personagem.
Finalmente as duas palavras deste ano de 2022 com a mesma carga serão:
- guerra - porque existe e é real
- paz - porque se procura e não há meio de ela se tornar realidade.
Ando genuinamente preocupado com esta guerra, que não obstante decorrer a muitos milhares de quilómetros deste rectângulo, virá a influenciar o futuro do Mundo.
Quando no dealbar dos anos 90 a antiga Jugoslávia se desmembrou originando uma guerra civil culminando na independência de uma série de países, nem nessa altura tive qualquer receio.
Mas chegado aos dias de hoje temo francamente o pior… Porque é uma guerra sem sentido e criada na cabeça de um lunático que tenta reerguer a extinta URSS.
Depois há zonas na Ucrânia afectas à Rússia como são Donbass e Luhansk e que se autoproclamaram independentes. Situação que a Ucrânia não aceita.
No entanto é sabido que o âmago desta guerra nada tem a ver com os grupos separatistas, a maioria pró-russos, mas tão somente a aproximação da Ucrânia à União Europeia e consequentemente à NATO. Se tal acontecesse a posição da Rússia na Europa sairia demasiado enfraquecida, situação com a qual Putin politicamente falando não conseguiria resistir.
Entretanto também a Suécia e a Finlândia mostraram interesse em aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), enfurecendo Putin.
Quando pensávamos que já tínhamos vivido tudo de mau com a pandemia, eis que surge uma guerra estúpida (como cantou Boy George e os Culture Club em 1984), de sequências e consequências imprevisíveis!
As quartas feiras seguintes ao Entrudo são a porta de entrada para a Quaresma. Quarenta dias mais os Domingos que nos distanciam desse dia fantástico em que a Vida venceu a Morte, numa sucessão de episódios e momentos marcantes para todos os católicos.
Os mais antigos jejuavam neste dia (o meu avô paterno era um deles). Agora apenas não se come carne, assim como às sextas-feiras e durante todo o tempo quaresmal.
Mas a Quaresma tem (ou deveria ter) um significado mais vincado nas nossas vidas. Não é por acaso que aquela decorre entre o fim do Inverno e o início da Primavera, num real simbolismo que plasmado nos nossos dias deveria significar uma renovada perspectiva da mensagem da Páscoa.
O lavrador lança à terra as sementes, para que estas cresçam e se transformem em novos frutos que, por fim, nos alimentarão. Da mesma forma a verdadeira fé católica tem por missão colocar nos corações de cada um de nós a semente de paz, concórdia e amor. Se esta semente germina e dá frutos é responsabilidade nossa. Depende se a regamos com ternura, disponibilidade, espírito de entrega ou, ao invés, nem sequer a regamos de todo.
Num momento em que a palavra Guerra soa ferozmente, seria bom que todos percebêssemos até onde somos capazes de chegar para tornar este Mundo melhor.
Não cabe somente ao Papa rezar pela paz. Também nós que professamos uma fé, seja ela qual for, temos o dever de o fazer!
Estando eu em terras beirãs nada melhor que andar pelas terras tentando perceber se houve alterações e em que estado estavam algumas das jóias.
Uma delas é um pequeno tanque que se recuperou que nos tempos aureos da fazenda era usado para os cavalos beberem água. Fazia tempo que não íamos àquele lugar. Pareceu-nos um tanto sujo (muito mais do que gostaríamos). No entanto a água vinda de uma mina continua a desaguar desagua no tanque.
Sentei-me e durante um minuto e um brevíssimo segundo só escutei... isto:
A cem metros deste tanque há uma mina feita pelos antigos que junta a água. Acabei também por revisitá-la.
Vejam até ao fim. Com telemóvel numa das mãos há momentos estranhos, mas depois vale a pena.
Há quem náo viva bem com a idade que tem. Uns são novos e queriam ser mais velhos (também me aconteceu!!!) outras são mais velhos e julgam que ainda são novos (ainda não me aconteceu!!!).
Sempre achei que cada idade tem os seus momentos mais tristes. mas também momentos fantásticos. Talvez neste último caso esteja a capacidade que os mais velhos têm em antecipar os problemas.
Os mais novos geralmente sentem os dias de uma maneira mais eufórica o que equivale dizer que agem mais com o coração que com a cabeça. Faz parte!
Entretanto os mais velhos são geralmente mais pausados e reagem de uma forma cuidada aos estímulos que surgem. Só que nem toda a gente mais vivida pensa assim. Esquecem-se da idade que têm e pretendem, com a idade que têm, exibir das mesmas aptidões que os mais novos, olvidando muitas vezes o ridículo a que se propõem.
Chegando eu a esta idade, rapidamente percebi de algumas limitações com que fui brindado. Não me alimento com as quantidades de antigamente, bebo muito menos, tenho diversas dores ortopédicas e visto-me com roupas discretas próprias para esta idade.
Posto tudo isto assumo que gosto de ter a idade que tenho, sentir que perdi algumas competências, mas ganhei muitas outras.
A paz comigo mesmo é uma delas. E com os outros também!