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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

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Porquê, senhor Presidente?

Não me recordo de haver duas semanas políticas tão inúteis, como estas últimas.

 

A demissão de Vítor Gaspar fez implodir o Governo. O líder do CDS demite-se das suas funções, devido à entrada de Maria Luís para as Finanças. Passos Coelho tenta segurar Paulo Portas com um novo (re)acordo entre os partidos da coligação dando-lhe o lugar de vice Primeiro Ministro. Sem se perceber ainda muito bem porquê, o Presidente da República meteu-se nesta brincadeira, lançando mais pólvora para uma fogueira já de si demasiado crepitante.

 

Obviamente que a semana de reuniões tripartidas foi um “flop” e Cavaco Silva, tal como eu calculei aqui, acabou por aceitar o governo de Passos Coelho com ou sem remodelação. A pergunta permanece assim no ar, qual nuvem plúmbea: porquê senhor Presidente?

 

Olhando à distância estes (novos?) líderes partidários, Pedro, Paulo e António José, quase se assemelham a três crianças a brincar felizes aos políticos, enquanto o avô Aníbal se diverte a observá-los placidamente.

 

Creio que é tempo de deixarmo-nos de brincadeiras e começar a sério a trabalhar, para que não hipotequemos definitivamente o nosso futuro e o dos nossos filhos.

E agora Pedro?

 

Em consciência, tenho que admitir que Pedro Passos Coelho não estava preparado para ser Primeiro-ministro de Portugal. Estes últimos dois anos de governação (de)mostraram isso mesmo: uma profunda incapacidade de gerir um país à beira de um colapso financeiro.

 

Quando no Verão de 2011, após a vitória do PSD nas legislativas, comecei a perceber alguns dos elementos que iriam constituir o elenco governativo da altura, considerei que aqueles homens e mulheres tinham tudo para vencer.

 

Erro meu!

 

Depressa percebi que Passos Coelho obedecia cegamente à Troika ou a Angela Merkle. E mais depressa ainda, senti(mos) na carteira o peso desse seguidismo quase doentio à líder germânica. Em contraponto Paulo Portas surgia como crítico à política de austeridade imposta por Vítor Gaspar.

 

Politicamente faltava a Pedro Passos Coelho alguém que fizesse a ponte entre os diversos ministérios. E daí a existência de Miguel Relvas no governo. Mas foi pior a emenda que o soneto… pois decorrido pouco tempo já Relvas era alvo de profundas vaias e críticas por parte de grande parte da sociedade civil e não só.

 

É deste conflito de (muitos e estranhos) interesses que emerge Paulo Portas. Como costumo dizer “o actual líder do CDS sabe mais, num dedo mindinho sobre política, que Passos Coelho no corpo inteiro”.

 

E realmente não foi necessário esperar muito para o presidente do CDS, escalar no governo, entregando a Passos Coelho a responsabilidade de dar a cara por um governo que (já!) não escolheu.

 

Enfim, olhando para o actual Primeiro-ministro, sinto-o triste, longe da realidade, sem capacidade para gerir e reagir com vigor e inclemência a tantos e tão intensos conflitos, que vão minando uma coligação que nunca o foi verdadeiramente.

 

Um governo de Portas abertas?

A crise política e governamental criada com a demissão de Vítor Gaspar e a nomeação de Maria Luís Albuquerque para o lugar deixado pelo técnico do Banco de Portugal, colocou a Portas uma série de (boas) premissas de forma a ascender no governo.

 

Era evidente que a sua quase permanente ausência de Portugal, devido ao Ministério que encabeçava, deixava-o fragilizado e sem grande capacidade de negociação numa futura remodelação (que se previa!).

 

Com os dados lançados com a demissão do Ministro das Finanças, Portas espreitou a oportunidade de, lançando ainda mais confusão no governo com a sua demissão, ascender alguns lugares no elenco liderado (?) por Passos Coelho.

 

Ao contrário daquilo que alguns comentadores dizem dele, Portas sabe como tudo reage. E creio que ao demitir-se, o líder do CDS teve perfeita consciência dos custos financeiros que a sua decisão teria para o país, mas sabia que ganharia outra força dentro do governo.

 

Uma jogada de mestre, digo eu!

 

Deixou assim que Maria Luís Albuquerque se mantivesse no governo mas açambarcou com essa cedência algumas pastas que se prevêem num futuro como assaz importantes.

 

O “flic-flac” político desta semana foi inteligente por parte de Portas, mas com custos evidentes. Deu-lhe mais poder sim, mas quiçá queimou-o perante um eleitorado demasiado conservador e pouco apreciador deste tipo de “tricas” políticas.

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