Bom por aqui o calor aperta. Após mais de 400 quilómetros percorridos sob um Sol inclemente eis-me chegado ao destino: Vila Real!
A bonita cidade sobre o rio Corgo calhou-me em sorte para uma escapadela de fim de semana.
Mas antes de chegar ousei entrar na Batalha, mas as festas deste feriado não deixaram. Resultado: andei às voltas até voltar ao caminho para Trás is Montes. Mas como sou anormalmente teimoso decidi sair um Condeixa e procurar as ruínas de Conimbriga. Bela aposta já que não sendo a primeira vez que as visitava, ainda assim fiquei espantado com o que ali pude observar e aprender.
Ao invés do que diz Óbelix nas suas aventuras gaulesas, os Romanos não eram doidos e deixaram coisas fantásticas para a posteridade. Que se podem observar neste belíssimo espaço. Vida e actividades com perto de 2 mil anos e que ainda conseguimos imaginar sem grande esforço. O Museu Monográfico está muito completo e ajuda a perceber melhor o que foi a vida nesta povoação romana.
Seguiu-se o belo de um almoço e finalmente o regresso ao verdadeiro caminho. Muitos quilómetros palmilhados e entrei em Peso da Régua, mas azar dos azares também estava em festa e desta vez entrei e saí da bonita vila ribeirinha ao Douro sem sequer parar.
Finalmente Vila Real. Às seis da tarde o termómetro marcava 34 graus, sem vento e um ar abafado.
Uma volta rápida pelo centro da cidade e umas compras para a ceia chancelaram definitivamente este dia. E fui dormir num quarto deste casa!
Quem aqui me lê sabe que eu tenho uma espécie de bravata contra os peões, acima de tudo pela forma como assumem que só têm direitos especialmente nas passadeiras onde (quase) literalmente se atiram para atravessar uma rua. Depois há sempre quem atenda telemóvel, ajeite a gola do casaco da criança, que discuta com alguém e tudo em cima da passadeira... e os condutores à espera!
Eis agora o outro lado da moeda, cabendo-me chamar a atenção para os condutores e para a forma como estacionam os carros na rua. Se não ouver estacionamento em espinha toca a parar em cima do passeio ocupando deste modo um espaço que é pertença de todos os transeuntes.
Ora como sabemos a nossa população está cada vez mais velha e com isso mais limitada de movimentos nas suas pequenas deslocações. Já para não falar de pessoas com outras limitações...
Hoje de manhã quando fui à padaria percorri mais de um par de quilómetros a pé tendo deparado com uma quantidade de carros estacionados em cima do passeio, de maneira que tive de ir para a estrada de alcatrão para poder presseguir.
Para piorar a coisa a maioria das pessoas que estacionam o carro no passeio têm garagem ou pátio onde caberia o veículo em causa. Porém é sabido que a maioria usa as garagens para funções diferentes para que foram concebidas.
Provavelmente nenhum deles terá familiares com problemas de locomoção (idosos, cegos, deficientes) e daí não perceberem que há quem necessite de andar no passeio para sua própria segurança.
Face a este triste panorama tenho a certeza de que a nossa sociedade está cada vez mais egoista. Depois há umas campanhas muito solidárias mas a cidadania não é existe só por decreto!
Há quem diga que nunca se deve regressar ao sítio onde se foi feliz.
Mas palavras leva-as o vento e por isso tendo acordado novamente com o dia chocho, decidimos dar uma volta pela bela cidade de Almada.
Nasci em Lisboa, vivi na aldeia até aos 6 anos, altura que regressei a Almada para ingressar na escola. E por aqui fiquei 26 anos, isto é, até casar!
Porém em Almada reconheço que passei os meus melhores anos. Ou sendo mais preciso vivi. nesta cidade virada para a capital. tempos fantásticos com tudo o que este adjectivo pode incluir.
Hoje achei que era tempo de rever locais, já que amigos seria assaz difícil.
Comecei por Cacilhas onde em tempos idos os burros eram o meio de transporte ideal e primordial e que naturalmente deu nome à povoação. Estacionei o carro naquilo que foi em tempos parte das oficinas de uma doca de reparações e dirigi-me para a beira do rio. Aquele enorme largo onde apanhei milhares de vezes autocarros para casa (e não só) ou barco para ir trabalhar (e não só) apareceu completamente desconfigurado. Porque há agora o Metro de superfície retirando aos autocarros muitos destinos. Depois uma série de obras e um conjunto de ruas limitrofes modificadas para pedonais.
Busquei as margens do rio Tejo começando na rua do Ginjal e parando apenas no Olho de Boi onde hoje se pode encontrar o museu Naval de Almada. Será bom não esquecer que durante muitos anos na zona ribeirinha de Cacilhas havia uma industria de pesca pujante, desde pesca de arrasto como de bacalhoeiros. Conheci mesmo quem tivesse vivido nessa estranha vida errante.
Porém aquela zona está completamente ao abandono. Alguns (poucos) pescadores à linha, armazéns completamente destruídos com algumas placas a avisar do perigo de derrocada e enormes painéis de grafitti. Todavia houve um que se destacou...
Uma invulgar imagem de "El Pibe" falecido em Novembro do ano passado. Tirando isto, só vi ruínas e mais ruínas.
E mesmo o elevador panorâmico não trouxe vida ao local já que estava em reparações. Deste modo subi a estrada do Olho de Boi até à zona velha da cidade de Frei Luís de Sousa.
Depois dirigi-me ao velho jardim encostado à velha fortaleza Almadense e onde vivi momentos inesquecíveis. Daqui tem-se ums perspectiva da capital. Depois a Ponte que é a passagem para a outra margem, sob o olhar atento do Cristo-Rei e do tal elevador panorâmico.
Passam autarcas, presidentes, governos, mas a cidade velha continua só e mal estimada. Muitos edifícios devolutos, outros já quase em ruínas e até li uma placa que dizia "IMI agravado" numa velha semi destruída.
Já a caminho novamente de Cacilhas encontrei uma questão bem pertinente...
... numa edilidade, que desde o 25 de Abril, sempre foi de esquerda!
Um passeio que deu ainda para rever um velho amigo (ai que saudades, ai, ai) da noite: o R. dono de um pub onde me perdi demasiadas vezes.