Os debates entre os partidos com assento parlamentar terminaram ontem após o "duelo final" entre Pedro Nuno Santos do PS e Luís Montenegro da AD.
Finalizada esta espécie de epopeia verbal fica a triste ideia de que estes políticos continuam a exibir de uma linguagem muito política, mas pouco esclarecedora das verdadeiras necessidades do País.
Tivesse eu força e tempo de antena faria a campanha pelo maior partido da nossa sociedade, não tendo, todavia, lugar na assembleia da República e que se chama... abstenção.
Faz tenpo que defendo que os portugueses não deveriam votar ou melhor se votassem que colocassem o voto em branco. Imaginem uma votação em que os votos em branco fossem muito superiores aos votos expressos nos partidos. Como se sentiriam os actuais lideres partidários? Como constituiriam um governo em que o povo não se reveria?
Demagogia, insensatez, imbecilidade e acima de tudo demasiada má educação resume de forma sucinta, este conjunto de troca de galhardetes entre os diversos partidos. Mas o que mais me chocou foi a postura de alguns lideres partidários ao mostrarem quase uma subserviência aos partidos maiores.
Portanto agora segue-se a campanha eleitoral que eu tentarei, por todos os meios ao mdeu alcance, não ver!
Como cidadão com os direitos (ainda) intactos irei votar. Mas a única coisa que sei neste momento é em quem não irei votar!
Já nem sei o que dizer deste PS de maioria absoluta.
Agora foi o Presidente da Câmara de Espinho a ser detido. Não bastava os problemas dentro do próprio governo e surge agora um presidente da concelhia do PS envolvido em actos menos lícitos. Mas tudo pode não passar de uma cabala, acrescento!
Seja como for o Partido com sede no Largo do Rato anda nas bocas do Mundo e não é pelas melhores razões. Mas isto já toda a gente sabe!
O que conta agora perceber é como irá o Partido chefiado por António Costa lidar com tamanhas contrariedades. Certo, certo é que Marcelo não irá dissolver a Assembelia da República, nem convocar novas eleições. Ora tendo esta certeza presidencial como lastro Costa vai gerindo os problemas pontualmente. A maioria absoluta também é um bom fiador da sua política.
O pior será depois... quando o Partido estiver completamente esfrangalhado! Sem liderança firme, sem coragem para acções políticas assertivas o PS arrisca-se a trambolhar nas inclinações de voto e passar de uma M.A. para uma votação muito fraca.
Ainda por cima quando há no actual quadro partidário alguns lideres a fazerem boa oposição ao governo, deixando os socialistas quase sem fôlego.
Também pudera... ainda um caso não está resolvido e logo outro surge para enervar o mundo socialista. O PS necessita urgentemente que acalmar as suas hostes e ordenar algum decoro. A continuar assim o partido pagará caro!
Com o chumbo do OE para 2022 subiu à tona, mais uma vez, o pior dos nossos políticos. Também não sou grande apreciador do voto (in)útil, pois este não serve a ninguém. Em tempos António Guterres actual Secretário-Geral das Nações Unidas conseguiu aprovar o seu orçamento pela diferença mínima de um voto de um tal deputado do CDS de Ponte de Lima. No fundo fez o trabalho de casa!
Mas nem isso António Costa conseguiu desta vez. Nem um acordo parlamentar. Após a prosápia usada aquando da criação da geringonça, ora AC não teve arte nem engenho para chegar mais longe ou mais perto no seu orçamento. Como disse alguém: O PM está cansado e desejoso de deixar S. Bento.
Com o que se passou recentemente cada vez estou mais crente desta ideia. Ou então Costa espera que o PS, naquele seu ar de vítima, consiga uma maioria absoluta, o que sinceramente não seria o melhor para o País.
É que se olharmos bem, a esquerda que tanto ajudou ao acordo de 2015 foi a mesma que agora retirou o tapete ao PS. Por egoísmo, malvadez ou somente inexperiência política?
Deste modo os lideres partidários continuam a ser meros aprendizes de feiticeiros ou políticos de vão de escada sem capacidade e vontade de levar este país para a frente. A esquerda lusa mantem-se apostada no seu discurso sempre pobre e pouco alternativo, enquanto a direita continua em permanentes suicídios políticos de dirigentes.
Sobra assim as franjas de um e outro lado do hemiciclo que podem aproveitar as próximas eleições para almejarem melhores resultados, nomeadamente à direita.
Mas se tal acontecer será bom que os dirigentes dos diversos partidos assumam publicamente o erro que agora cometeram, porque seria preferível ter um mau orçamento que não ter orçamento algum!
Com a futura constituição da AR vai surgir um novo receio na sociedade e que se prende com o eventual crescimento de grupos políticos muito radicais e associados a uma direita “trumpista”.
Hoje em conversa com alguém, esta confessou ter votado num desses partidos de direita e apresentou as suas razões para a sua escolha.
Começo assim a perceber duas coisas simples: a primeira é que os votantes nos tais partidos mais radicais fazem-no já com o intuito de nas próximas eleições conseguirem eleger mais deputados; a segunda é que não viram, nem no PSD nem no CDS, discursos apelativos ou programas políticos que os convencessem a votar neles.
Mas é também aqui que assentam alguns dos meus temores. O que pretendem estes eleitores? Qual o foco e as suas reais preocupações? E como poderão os partidos menos radicais responder às questões dos eleitores que agora votaram à direita?
Domingo foram pouco milhares... noutro Domingo podem vir a ser muitos milhares.
Partidariamente falando, o PCP foi o grande derrotado das eleições de ontem. Com um candidato a roçar o ridículo o partido da Soeiro Pereira Gomes continua a esvaziar-se. E não há Festa do Avante que lhe valha!
Seguidamente temos o PS que conseguiu das suas fileiras (pasme-se!!!) retirar quatro candidatos: Sampaio da Nóvoa, Maria de Belém, Henrique Neto e Valentino Silva. Imaginem se o partido de António Costa tivesse apoiado um só candidato? Provavelmente estaria aqui com outra conversa…
Avancemos pois… António Costa é neste momento um homem feliz, muuuuuuuito feliz. Porque Marcelo publicamente já assumiu que vai ajudar o actual PM na manutenção deste governo. E nada melhor que um novo PR, acabadinho de eleger, para ajudar à festa esbanjadora de AC.
É agora a vez do PSD e CDS/PP. Estes partidos, pouco ou nada comprometidos com a campanha de Marcelo, acabam hipocritamente por se vangloriarem com uma vitória para a qual nada contribuíram. No CDS a liderança está naturalmente entregue, iniciando-se claramente uma nova era.
Quanto ao maior partido da oposição ainda muita coisa irá acontecer antes que PPC abandone o partido. Para já não se perfilam candidatos, mas o tempo não corre a favor de Passos Coelho. Estamos no tempo de contagem de "espingardas", como soe dizer-se.
Resta falar do Bloco de Esquerda que com a fantástica votação de Marisa Matias poderá obrigar AC a escutar com mais atenção o partido que Catarina Martins lidera. A ver vamos o que nos reserva o futuro próximo.
Os dados estão assim lançados e agora é ver correr os dias. O orçamento necessita rapidamente de ser aprovado, a Troica já chegou e há demasiados problemas para resolver.
O Bloco de Esquerda, com o resultado da Convenção deste fim de semana, está a um passo de desaparecer ou ser simplesmente um mero partido sem qualquer representação na Assembeia da República.
A divisão ora evidenciada mostra um BE sem rumo nem estratégia. A um ano das próximas legislativas ter um partido perfeitamente dividido ao meio não é a melhor notícia para um Bloco que sempre se mostrou inovador.
Na próxima semana o lider irá ser escolhido no meio de uma enorme divisão interna. Até o antigo lider Francisco Louçâ, não perdeu tempo e criticou indirectamente Pedro Filipe Soares por tentar liderar o BE.
No fim de contas também na esquerda há grandes divisões, ainda por cima num momento em que tudo parece correr mal ao centro direita. Portugal necessita urgentemente de uma esquerda pujante e municiadora da sociedade de novas ideias e não partidos minados pelos mesmos virus que alastraram à restante sociedade lusa.
Após as autárquicas do passado Domingo quase todos os partidos, exceptuando claramente o PSD, reclamam vitória. Uns porque ganharam mais votos, outros porque têm mais câmaras e outros… só porque o PSD perdeu, já ganharam.
Mas se lermos com algum rigor os resultados percebemos que as vitórias, ditas pelos próprios, esmagadoras, não o foram assim avassaladoras. Nem mesmo as derrotas!
Passo a explicar!
Em Julho do ano passado Pedro Passos Coelho compreendia à distância, que as medidas e reformas implementadas pelo seu Governo, numa total submissão à vontade de uma troika profundamente insensível ao país, não estavam a ser bem aceites pela generalidade da população.
Em pouco tempo destrui-se a economia, reduziu-se a massa salarial da generalidade dos portugueses, atirou-se para o desemprego milhares de pessoas. Um país desmoronava-se com um castelo de areia.
O actual Primeiro-ministro já nesse início de Verão de 2012 percebeu com alguma clareza que numas próximas eleições seria severamente penalizado pelo eleitorado. Era natural! Foram as autárquicas como podiam ter sido as Europeias...
Para ajudar ao descalabro eleitoral ora evidenciado, Pedro Passos Coelho e a sua máquina partidária, também não souberam escolher alguns dos candidatos autárquicos: Meneses no Porto, Seara em Lisboa ou Moita Flores em Oeiras, foram apenas alguns dos casos mais evidentes dessa má opção.
Seja como for o PSD foi para estas eleições com as espectativas muito em baixo. Só um idiota era capaz de acreditar que o partido do governo laranja fosse ter agora melhor votação, após dois “annus horribilis” de governação. Desta forma a derrota é assumida sim mas não é tão estrondosa como alguns comentadores pretendem fazer passar.
Da mesma forma o partido liderado por António José Seguro não obteve uma fantástica vitória. No actual contexto político e social foi demasiado muito fácil ao PS ter uma votação superior ao PSD. Mas mesmo assim o PS foi também penalizado. É preciso não esquecer que das 33 edilidades perdidas pelo PSD, só 18 passaram para os socialistas. O que equivale dizer que houve deslocação de votantes do PS para a esquerda – PCP – ou até para a direita – CDS.
Na verdade coube ao PCP o grande feito da noite das eleições, algo que já não acontecia vai para muitos anos. Subiu em número de eleitores e de câmaras conquistadas, o que equivale a dizer que o discurso de Jerónimo de Sousa teve bom acolhimento junto da população desesperada e impotente.
O CDS foi uma das surpresas da noite. Cinco câmaras que lhe caíram nos braços quase sem saber. Uma prova de que a escolha de (bons) candidatos também se mostrou importante, não obstante fazer parte do actual Governo.
Quanto ao Bloco de Esquerda, mantém a queda livre já verificada em eleições anteriores e perdeu a única câmara que conquistara. Um partido condenado pelos seus próprios dirigentes à extinção.
Resta uma palavra para os independentes. Grandes conquistas mostrando desta forma à sociedade, que nem só de partidos políticos se faz a (boa) democracia.