No caminhos que a vida nos propõe há sempre momentos em que necessitamos de profunda lucidez e outros de inconfundível loucura.
A lucidez obriga-nos a pensar, a pesar prós e contras, a racionalizar as futuras acções. A loucura é quase intuitiva, para não dizer emotiva.
Independentemente dos trilhos que percorremos ambas as posturas anteriores são necessárias para que possamos avançar.
Entrámos hoje no caminho Pascal que se alastrará por mais 40 dias, até ao Pentecostes. A Páscoa não é apenas a festa dos ovos de chocolate escondidos por simpáticos coelhos, nem a festa dos folares ou das bolas. Este tempo Pascal deverá ser um exercício de escolha entre opções tidas outrora e que nem sempre resultaram em destinos felizes ou escolher uma nova ideia, novo conceito para o futuro de forma a minimizar eventuais estragos passados.
Se para isso é necessário lucidez ou loucura, depende muito de como encaramos os problemas que se atravessam no caminho.
Finalmente desejo a todos que aqui vêm, crentes ou não crentes, que a Páscoa não seja só mais uma festa, mas um acordar para uma fraternidade e amizade que deveria constituir sempre cada um dos nossos dias!
Na minha vida há eventos estranhos ou, no mínimo, curiosos. Entre muitos, que não irei agora referir, recordo um, assaz importante e que ocorreu em 1987. No Sábado de Aleluia desse ano fui a um casamento com a minha mulher que apresentava já uma volumosa barriga de fim de gravidez.
Já em casa noite dentro acorda-me dizendo que rebentaram as águas e aí vamos nós, numa fona, a caminho do Hospital da Cruz Vermelha. No dia seguinte foi Domingo de Páscoa e nessa mesma madrugada nasceu o meu primogénito.
Dêmos um salto na tábua do tempo de quase trinta e sete anos, para aterrar nesta Sexta-feira Santa da Páscoa. Ainda esta semana a minha nora fora à médica que a acompanha na sua gravidez, concluindo que o parto ainda estaria longe...
Pois é... há coisas na minha vida quase inexplicáveis já que pela manhã surgiu o meu filho apressado comunicando que a mulher entrara em trabalho de parto.
De tudo isto resultou que hoje, dia 29 de Março do Ano da Graça de 2024, fui avô pela terceira vez. Agora de um rapaz.
Portanto e com tanta coisa estranha ao nosso redor sinto-me grato em poder dizer: o dom da vida é um bem precioso que infelizmente nem todos valorizam.
Agora temos de o ajudar e aos pais a crescer e a educar!
O Papa Francisco exortou num belíssimo e recente texto que é muito mais importante cuidarmos uns dos outros que seguir algumas das estranhas regras da Igreja.
O caso de não se comer carne à sexta-feita durante a quaresma foi um dos exemplos, já que há muita gente a seguir esta regra de maneira quase fundamentalista, mas descura pais, filhos, netos, amigos.
Finalmente o Sumo Pontífice a dar luz e a mostrar assertividade neste tempo da Santa Quaresma. Na verdade de que serve eu seguir os preceitos todos que manda a Santa Igreja, para aquilo que deveria ser o mais importante, permanecer fora do nosso coração?
Há uns anos numa missa na aldeia, muuuuuuuuuuito antes da pandemia, o padre não pediu o abraço da paz entre os fiéis. Eu fiquei admirado para no fim perguntar a uma tia que estava presente se sabia a razão primeira daquela situação.
Ela respondeu que o Padre não o fazia porque sabia que dentro da igreja havia pessoas que não falavam umas com as outras por antigas demandas. Zaragatas na maioria tolas quase sempre por nacos de terra que não valiam um chavo. Mas ao fim do dia iam à missa como se através da eucaristia expiassem os seus pecados.
Considerei corajosa a atitude do padre que muito deveria ofender as doutas beatas.
Sou católico apostólico romano. mas há na comunidade da igreja demasiada gente a ousar enfrentar a Santa Palavra do Senhor!
Talvez a Sexta-Feira Santa tenha o simbolismo de uma vez no ano matarmos as nossas tristezas, dúvidas e bravatas para que no Dominngo de Páscoa possa haver um homem novo ocupando o lugar deixado por tudo aquilo que nos faz sentir menos felizes.
Aproxima-se a festividade Maior dos Católicos. Serão três dias de muita fé, muita tristeza para culminar na Alegria da Ressurreição de Cristo.
Se olharmos para esta festa sem os olhos da fé reconheceremos que a Páscoa está umbilicalmente ligada à... Primavera. Depois do Inverno frio e chuvoso eis que toda a natureza se renova com a vinda da estação das flores.
Também na Páscoa o homem se renova. Se assim o desejar!
No nosso quotidiano temos todos momentos iluminados e de enorme alegria. Tal como somos inundados de tristezas e dúvidas. A isto chama-se simplesmente... viver.
Também Cristo teve os seus receios, as suas tristezas para por fim morrer às mãos das tropas romanas. Ressuscitaria ao fim de três dias, mostrando que a Vida será sempre mais forte e mais poderosa que a morte.
Sei que vivemos tempos atípicos sem termos bem consciência do que pode aí vir. Todavia não devemos dar azo a que o pessimismo vença as nossas bravatas interiores.
Posto isto desejo a todos os meus leitores (independentemente de professarem uma fé ou mostrarem-se ateus ou agnósticos) uma Páscoa repleta de alegria e esperança luminosa no futuro.
Para os católicos como eu desejo uma Santíssima Páscoa!
Um tempo que requer predisposição para assumirmos que somos todos seres mortais nesta Terra e imortais se entrarmos no Céu.
Como católico gosto deste tempo de reflexão, de serenidade interior que nos faz falta. Serão 40 dias e mais os Domingos até que tenhamos novamente flores nas igrejas e se cante novamente o "Aleluia" na Eucaristia!
A carne que se deve evitar comer à sexta-feira não deve ser levada à letra, até porque há muita gente (como eu, por exemplo) que gosta mais de peixe do que carne.
O não comer carne serve essencialmente para percebermos até que ponto estamos dispostos a privarmo-nos de algo que gostamos. E até que ponto esse pequeno sacrifício nos impele a ver mais além.
Sei que muita gente neste dia queima os ramos benzidos no Domingo de Ramos da Páscoa anterior. No fundo para percebermos que tudo na vida é efémero. E as cinzas são o que sobra de nós depois da nossa passagem por este Mundo terreno.
Portanto... de que vale uma bravata se amanhã seremos somente cinza e pó? Que interessa termos quando o melhor é sermos!
Liturgicamente o tempo Pascal iniciou-se ontem e decorrerá até ao Pentecostes, que será a 5 de Junho.
Ontem foi dia de Páscoa e coincidentemente dia de aniversário do meu cunhado. Assim o almoço teve 13 pessoas à mesa (não chegaram a estar todos ao mesmo tempo porque 3 chegaram atrasados), contando com quatro crianças.
Entradas com queijos, patés, camarões e enchidos assados, Depois um caldo verde com couves aqui do quintal a que se seguiu borrego assados devidamente acompanhado com batatas assadas, grelos salteados, couves tronchudas também salteadas e arroz florido.
Os doces foram compostos por molotoff, mousse de chocolate, gelatinas, para além do bolo de aniversário. A fruta insidiu em ananás, morangos e peras bêbadas.
Com tanta comida e variedade, a que juntaram as crianças mais a (ainda) juventude dos pais, a confusão instalou-se.
Resultado: a certa altura as três meninas e o varão de seis anos dominavam a festa e uma espécie de circo infantil foi montado. Gritos, correrias, brinquedos espalhados,
Fazia tempo que não havia tanta alegria infantil cá em casa. Já estávamos desacostumados a tamanha barafunda!
Quando todos partiram e ficaram unicamente os decanos, senti logo saudades deste belíssimo dia.
Realmente as crianças são o melhor que tem este Mundo!
Hoje é Domingo de Páscoa. Um dia de alegria para os católicos culminando na Resssurreição de Cristo cruxificado!
Todavia para a maioria da população é mais um dia de festa, onde o borrego ou o cabrito serão reis na mesa. Nada mais importa. Digo eu! Só que este dia Santo está gravado no meu espírito como um dos mais belos momentos da minha vida, já que num Domingo de Páscoa, há quase 35 anos (não foi neste dia do calendário de Abril, mas foi perto!!!), fui pela primeira vez... pai!
Uma das minhas obras-primas vinha ao mundo. A outra só veria o céu anilado dois anos e meio depois. Lembro-me como se fosse hoje dessa Páscoa.
No Sábado de Aleluia havíamos ido a um casamento, mas regressámos cedo a casa. A volumetria da minha mulher era já enorme, mas pelas contas faltariam ainda duas semanas para o evento. Mas o M. achou que nos deveria brindar com a surpresa de nascer nesse Domingo chuvoso de Páscoa. Eram 10 horas da noite quando a minha mulher me avisa que as águas haviam rebentado e portanto chegara... a hora.
Sem grandes correrias lá fomos para a clínica. A médica não estava mas deixara outra em seu lugar que por sua vez passara para uma outra. O meu rapaz nasceu forte e saudável pela madrugada e pronto para encher a minha vida de noites mal dormidas e outras ralações. Mas faz parte...
Faz hoje 35 anos... Parece que foi ontem!
Deus achou que eu deveria ter uma prenda nessa Páscoa. Recebi-a com uma alegria imensa e quiçá pouco ciente da responsabilidade que aterrara nos meus braços.
No entanto com o tempo a aventura de ser pai transformou-se numa humilde e permanente ventura!
Até hoje.
Nota à margem: Aproveito este postal para desejar a todos os meus fiéis leitores uma Santa Páscoa e que a Ressurreição de Cristo não seja somente a história de um homem mártir, mas a Ressurreição de um Mundo melhor, sem guerras, doenças, tristezas e amarguras.
Calculo que para muitos de vós a Páscoa seja apenas um conjunto de dias que culminam numa espécie de boda... com a família, Mesmo com esta pandemia tenho a certeza que o almoço de hoje será naturalmente diferente.
No entanto para mim a Páscoa convida-me ao pensamento e à introspecção. Como católico esta é altura em que a vida Eterna vence a Morte terrena, simbolizada pela cruxificação de Cristo (a Morte) e a sua Ressurreição (a Vida Eterna).
Não tenhos grandes dotes teológicos para explicar a aplicação destes dois conceitos nas nossas vidas de hoje. Mas ainda assim tentarei algo.
Há gente que passa pela vida de forma quase incógnita. Nada fez pelo outros, nada construiu, por nada lutou. Assim quando desaparecer jamais será lembrado (a Morte terrena).
Entretanto há aqueles que vivem a vida num frenezim. Ajudam, falam, refilam, estendem a mão a quem precisa (na maioria das vezes nem é de dinheiro que se fala!), bravatam por uma ideia, constroem, assumem-se, enfim, como gente viva. Um dia quando deixaram este mundo terreno serão ainda lembrados por muito tempo por aquilo que fizeram, que foram, pelo exemplo e postura.
Terão então ganho a Vida Eterna.
Posto isto desejo a todos que aqui vieram uma Santíssima Páscoa.
Hojé é sexta-feira de Paixão. Um dia santo para os católicos onde me incluo ou diria mesmo o dia mais importante nesta fé que professo de forma voluntária e sentida.
Não sei explicar o que este dia representa para mim, pois é mais forte que um mero sentimento. Acima de tudo é entregar a minha simples vida nas mãos puras de Deus.
Tenho consciência, no entanto, que nem sempre fui assim. Durante anos afastei-me da fé. Ou fosse porque não queria ser diferente dos demais com quem convivia ou fosse por preguiça ou somente por descrença pura, a verdade é que durante muitos anos fugi de Deus.
Todavia um dia Ele entrou, sem eu dar conta, na minha vida. E desde essa altura nunca mais deixei de Lhe agradecer todos os momentos que me tem proporcionado: os bons e os menos bons.
Viver estes dias Santos é um privilégio que gosto genuinamente de sentir.