Estava-se no auge do Verão quando principiei as culturas de Inverno. Não obstante ser Estio as temperaturas não estavam por aqui realce-se muito elevadas e assim arrisquei a minha primeira plantação de couves Penca de Chaves (as especiais para a Ceia de Natal).
Como se pode ver na fotografia infra as primeiras duas dúzias de pés foram dispostas a 24 de Agosto, jamais imaginando que Setembro trouxesse calor e mais calor!
Muita rega, mas como a água da torneira é assaz diferente da água que cai do céu as couves pegaram é certo (perdeu-se apenas uma!) mas cresceram devagar... Tão devagar que quase duvidada de mim mesmo quanto à rega.
Decorreu Setembro e entrámos finalmente na estação de Outono. Uma estação que gosto muito especialmente pelas cores castanhas e alaranjadas próprias desta época.
Felizmente com a novel estação chegou também um pouco de chuva. Nada de muito forte mas ainda assim suficiente para ir borrifando as couvitas.
Um mês depois das primeiras plantei mais uma mão delas como referi neste postal.
Entretanto por aqui a chuva tem caído lentamente como se não quisesse magoar as minhas couves. Mas verdade seja dita é que nos últimas dias as primeiras deram um pulo no seu desenvolvimento. De tal forma que a lagarta já principiou a atacar. Mas neste momento estáo assim.
Não tarda nada estou a ferra-lhes o dente. Ai estou estou!
Há uns tempos alguém aqui na aldeia onde me encontro por estes dias de Outono me perguntava, quando se falava de azeitona:
- Porque vens de Lisboa de propósito para a apanha?
Poderia ter-lhe respondido de forma quase filosófica ou então de uma maneira bruta e mais assertiva. Porém respondi-lhe com sinceridade, o que fez com que ficasse mais atrapalhado, já que pensou que teria uma outra resposta para lhe dar:
- Venho porque... gosto!
A ideia de alguém gostar de apanhar azeitona pareceu-lhe provavelmente invulgar, mas acima de tudo uma ideia parva. Imagino mesmo que o terá comentado para si mesmo.
Mas desconhece esta gente que cresci no meio de oliveiras e azeitona, porque na aldeia onde não nasci, mas fui criado era o negócio de quase todos. Desse tempo guardo ainda as pias de pedra onde a minha avó guardava todo o azeite. E quando chegava o inverno e o frio coalhava, o cada vez mais precioso líquido, era vê-la de cafeteira com água a ferver e colocá-la do cimo do azeite coalhado de forma a rapar o suficiente para temperar a comida.
O tempo passou célere e as pias, que ainda existem, têm uma função mais decorativa, já que o azeite vai ficando nas bilhas de plástico até ser utilizado.
Hoje choveu muito por aqui, especialmente de manhã. Todavia a equipa que me acompanha manteve o ritmo que podia, até irmos almoçar.
De tarde tudo mudou e já se pode trabalhar melhor!
Este trabalho fica-me caro. Provavelmente mais caro que ir a um supermercado comprar uma garrafa de azeite.
Só que ter aquela certeza do que estou a comer e do que me custou a apanhar tem um valor incalculável a que muitas pessoas não darão valor!
Tendo eu chegado ao Outono da vida (o Inverno espero que chegue mais tarde!!!) fico a olhar para aquilo que foi a minha Primavera e o meu Verão.
Sinto-me um privilegiado! Creio que será primeira conclusão a tirar destes mais de 60 anos.
O nosso caminho nem sempre é fácil, acrescento que nunca é!
Tive uma Primavera enfadonha e triste, um Verão com muitos desafios complicados, mas outrossim com muitas venturas.
Entretanto este Outono que vou agora desfiando está repleto de diferentes sensações e emoções. Filhos homens, netos, livros, reforma... um ror de momentos que vão serenamente preenchendo o meu coração.
Veremos então até onde consigo levar este monte de carne porque o Inverno pode ser já amanhã!
O jardim cá de casa está cheio de roseiras. Cor de rosa (não podia faltar), brancas, vermelhas de diferentes tons e depois há estas. Eu que não sou muito sensível à jardinagem reconheço muita beleza nestas rosas. Agora que se aproxima o fim do Verão e surge a estação das cores mais bonitas estas roseiras continuam a dar flores sem destino.
Só mais um pormenor: as fotos foram feitas com a minha máquina fotográfica.
Iniciamos a semana no Verão para a terminar já na estação de Outono.
Temos um final de Verão quente e a julgar pelas previsões com mais chuva.
A estação que agora termina foi terrível já que nunca se assistiu, na Europa, a uma seca tão forte e atípica.
É óbvio que o homem não manda na Natureza de forma directa, porém indirectamente pode e tem-no, de maneira infeliz, feito.
Um Estio que tudo secou! Rios, fontes, lagos, charcos desapareceram num ápice.
A agricultura estival ressentiu-se disso mesmo e daí muitos produtos terem secado antes da normal apanha. Uvas, tomates, pepinos, pimentos e até algum feijão secaram antes de estarem criados. Já nem falo da azeitona que deve ter caído toda.
É tempo agora de pedirmos um Outono chuvoso de forma a repor a água que falta nas terras e barragens.
Sei que a malta das cidades não gosta de chuva, mas é para o bem de todos.
Porque não se pode ter "sol na eira e chuva no nabal".
Venha de lá esse Outono fresquinho e molhadinho. As minhas couves agradecem!
O tempo foi pouco, a pressa foi muita, mas ainda assim acabei por fazer algumas fotos no meio do campo.
Não obstante os dias serem sempre quentes, aqui e ali a coberto do sol uma teia húmida surgia no meio da erva.
Não tem chuvido muito e há quem assuma que todos os cogumelos são comestíveis (alguns apenas uma vez!!!), mas estes têm uma cor tão outonal que não resisti.
Quando a fartura de azeitona é muita o zambujeiro é totalmente desprezado. É pena... pois estavam bem carregados.