A Operação Marquês voltou à ordem do dia. Parece que desta vez, e finalmente, o Ministério Público deduziu acusações contra o Ex Primeiro Ministro, José Sócrates e mais uma datas de “artistas desta bola lusa”.
Mas antes de tudo se encaminhar para a barra do tribunal muitos avanços e recuos virão a lume. Todavia há, desde o início desta trama, uma espécie de mau estar quanto às supostas acusações contra José Sócrates.
O curioso é que esta postura de dúvida e incerteza não seja usada, por exemplo, para Ricardo Salgado. Dito de outra maneira os mesmos que defendem a presunção da inocência para com JS, são os mesmos que consideram Ricardo Salgado culpado antes mesmo do julgamento e do trânsito em julgado.
E quem diz Ricardo Salgado diz todos os outros elementos chamados à liça.
Portanto, e antes de mais, deixem os tribunais fazerem o seu trabalho. A justiça pode demorar, mas vem. Custe o que custar, doa a quem doer.
Felizmente que opinião pública não tem voto nem influência nesta matéria.
Em meados da década de 2000 surgiu um caso que apaixonou e dividiu a sociedade portuguesa: uma menina de meses fora indevidamente (pelo menos não foram seguidos todos os pressupostos legais) adoptada por um casal sem filhos. Após uma longuíssima batalha judicial a criança acabou por ser entregue ao pai biológico. Falo deste caso porque a determinada altura o casal de adopção pensou que o julgamento da opinião pública seria suficiente para lhes dar razão. Um erro que lhes poderá ter custado a vitória no dito processo.
Plasmando estes acontecimentos já quase perdidos no passado semi recente, temos que José Sócrates pretende também que a opinião pública influencie as decisões judiciais. Um erro, que já se vê, lhe pode sair muito caro.
Desde o início deste processo que tenho a sensação que o ex-primeiro Ministro sente que deve estar acima da lei. Porém não creio que um juiz envie alguém para a prisão sem estar plenamente convicto da culpabilidade do arguido.
E a romagem ao Estabelecimento Prisional de Évora, qual santuário político, por parte de algumas figuras públicas relevantes, mais tem cimentado a ideia a Sócrates de que deveria estar em liberdade.
As eleições legislativas aproximam-se a passos largos. Da prisão, sempre que falar ou escrever, todos o vão ouvir e ler! Em prisão domiciliária JS perderia muito do fulgor de intervenção que tem vindo a ter. Detido, Sócrates apresentar-se-á sempre como uma vítima de um erro judicial ou de forma mais radical vítima de uma cabala assumindo-se como um preso (quase) político.
Daqui a vontade expressa do ex-PM de não querer ficar em prisão domiciliária. O problema é que todos nós estamos a pagar o sustento de um tipo que, segundo a dados da acusação, é suspeito, entre outras coisas, de branqueamento de capitais, que não me parece ser perigoso para a sociedade civil.
Mas isto sou eu que não percebo nada de Direito, contudo gostaria de ver melhor justiça!