As próximas eleições presidênciais poderão colocar em Belém um ex-militar. Depois de nesta república termos tido Spínola, Costa Gomes e Ramalho Eanes, o ainda Chefe do Estado-Maior da Armada prepara-se para largar as vestes de marujo e vestir as túnicas de político.
A minha primeira ideia sobre este Almirante reside na maneira como coordenou a vacinação no tempo da pandemia. Mostrou ser o homem certo para a altura e só temos de o louvar e agradecer por isso.
Só que ser Presidente da República é mito mais que ser Almirante ou General. É necessário estofo político, bom-senso e cuidados especiais no degutir de alguns sapos. Demasiados (que o diga Cavaco Silva)!
E neste último item o Almirante não me pareceu bem quando naquele discurso meio inflamado tratou de fazer um aviso público às suas hostes, nomeadamente as consideradas "Especiais". É sabido que se pode e deve elogiar em publico e criticar em privado. Mas o senhor Almirante não o fez e pode ter mostrado alguma irascibilidade, coisa que se pode ter mas nunca mostrar, especialmente em público.
Dito isto... o PS continua muito dividido. Como o fez noutros sufrágios para a mesma eleição, com as consequências que todos mais ou menos conhecemos. Agora vem António José Seguro também a mostrar-se ao partido nesta pré corrida para Belém. Diria mesmo que o PS tem uma dívida enorme para com Seguro, já que este aguentou a rota do partido na fase pós-socrática. Que se plasmaria, mais tarde, na já olvidada "geringonça"!
Portanto e para concluir diria que para o lado do Largo do Rato a confusão está instalada. Vejamos o que nos oferece os próximos episódios.
Esta frase poderia ser o título deste postal e refere-se especificamente à decisão do tribunal em não dar provimento ao recurso que os advogados do ex-primeiro ministro apresentaram. Desta vez, e segundo o que consegui ler, os juízes chamaram a atenção para o facto destes recursos apenas terem o único desejo de atrasar a ida de Sócrates a tribunal.
A presunção da inocência é uma realidade nos nossos caminhos da lei. Como dizia um amigo meu já falecido: mais vale libertar um criminoso que prender um inocente. É com base naquele princípio que se encontra inscrito na Constituição Portuguesa.
Portanto José Sócrates é ainda inocente sem qualquer culpa formada.
Só que a cultura portuguesa, especialmente a popular tem outrossim princípios e um destes diz especificamente: quem não deve não teme.
Assim o povo, por muito que o queiram fazer passar por parvo, não o é e já percebeu que esta demanda do antigo primeiro ministro vai durar muuuuuuuuuuuito mais tempo do que deveria.
Posto isto fica a ideia de quem tiver acesso a dinheiro e consequentemente aos melhores advogados consegue encontrar sempre um ponto de fuga… para a frente.
Não sei se Sócrates é culpado ou inocente dos crimes de que poderá ser acusado, mas fica uma estranha sensação de que o antigo primeiro ministro não deverá querer sentar-se no bancos dos réus da justiça portuguesa. Deve temer alguma coisa, concluo eu!
A verdade é que muitos dos seus antigos amigos (leia-se governantes socialistas) já fugiram do seu raio de acção e não estarão minimamente interessados em verem-se envolvidos em bravatas jurídicas. E o engenheiro já percebeu isso.
Por fim termino com a consciência de que a Ericeira continua a ser um local muito aprazível.
Uma das profissões que jamais abraçaria seria relacionada com a saúde. Mexer na e com a vida das pessoas, nomeadamente saúde é um enormíssimo risco.
Todavia nem consigo imaginar como deverá ser aliciante ver a vida transformar-se numa criança, perceber aquele enfemo recuperar totalmente de uma maleita, dar luz ou som a quem não vê ou ouve.
Só que ser médico, enfermeiro, auxiliar exige um enormíssimo espírito de sacrifício, uma quota parte de coragem e outro tanto de muuuuuuuuuuuuito bom senso.
Pelos diversos hospitais por onde tenho passado seja como doente, acompanhante ou apenas visita apercebo-me que o pior com que o pessoal de saúde tem de lidar, não são as enfermidades, mas a forma como cada enfemo encara a sua própria doença. E consequentemente os familiares!
Não consigo perceber porque têm os doentes de se queixarem em altos berros numa sala de urgência, se isso não os curará ou porque disparam contra os médicos, enfermeiros e auxiliares como se todos estes fossem culpados de todos os males do Mundo.
Trabalhar em saúde deve ser desgastante fisica e psicologicamente. E tanto faz que se trabalhe numa instituição do Estado como numa privada... o problema terá sempre a mesma origem: os utentes e familiares.
Estou internado desde segunda-feira e provavelmente ficarei até sexta, mas não posso deixar de dizer que sou tratado de forma irrepreensível. Pelos médicos, enfermeiros e auxilares. Sem excepção.
Não serve este postal como agradecimento, mas tão somente como constatação de factos! Reais!
Num país machista, misógino, imbecil e recheado de gente pouco esperto era natural que Donald Trump voltasse às vitórias. Kamala mostrou quase sempre estar politicamente muitos pontos acima do seu adversário.
Todavia quem votou preocupou-se com algo muito diferente e entregou o poder a alguém que não sabe... ser poder.
Politicamente será um triste e anormal retrocesso para os Estados Unidos e deste modo os eleitores irão receber as represálias por uma votação gerida através das redes sociais.
Temo o futuro do Mundo até porque Trump julga-se (estupidamente) eterno. Talvez um dia perceba que não o será. O problema é que poderá ser tarde demais!
Hoje o meu barbeiro, um transmontano valente, enquanto de tesoura e pente me tosquiava, pegou no assunto dos últimos dias: os distúrbios na Cova da Moura na Amadora.
- O que me diz a este caso?
Respondi de forma diplomática:
- Não digo nada porque só sei o que vou lendo. E provavelmente nem tudo será verdade!
Todavia percebi qual seria a sua ideia e não lhe dei lastro ao assunto. Nem precisei, pois o J. voltou ao assunto com um discurso quase radical. Muito no seguimento de alguns líderes de certas forças políticas.
Não imagino o que seguirá naquele bairro nos próximos dias e noites, no entanto fico a aguardar o desenvolvimento dos acontecimentos, esperando sinceramente que tudo amaine para bem dos cidadãos que ali vivem e das forças policiais, que independentemente do seu trabalho, quantas vezes ingrato, também são gente e têm família. Como tinha a vitima mortal!
Fica ainda a ideia de que alguns partidos e associações aproveitaram-se desta nefasta situação para atirar achas para uma fogueira já de si demasiado crepitante. Eu sei que estes tristes episódios têm sempre um grande impacto nos bairros mais herméticos e vai daqui alguns grupos políticos gostam de se aproveitar da situação no sentido de abichar mais uns votos.
Só que a incontinência verbal trará sempre mais atritos a uma sociedade assaz carente e sensível, mas pronta para a violência, que ninguém deseja!
Finalmentte convém não esquecer que há gente que esfrega as mãos de contente com estas pequenas revoltas.
O João Ferreira Dias chama a atenção neste seu texto para o facto do Almirante Gouveia e Melo poder eventualmente candidatar-se a Belém e daí advir algo menos simpático.
Em jeito de comentário diria que entendo os seus receios, mas serão certamente injustificados. E passo a explicar a minha ideia.
Desde há muuuuuuuuuuuuuuuito tempo que o PS tem dados diversos tiros no pé no que se refere às eleições presidenciais. Recordo que por mais de uma vez diversos candidatos saíram das fileiras socialistas originando uma divisão interna da qual o partido do largo do Rato nunca se libertou.
Manuel Alegre e Maria de Belém são dois exemplos mais recentes e já nem trago aqui a candidatura de Salgado Zenha em 1986 (na altura numa total rota de colisão com Mário Soares).
Perante uma amálgama de sarilhos o PS não tem nas suas fileiras verdadeiros candidatos à PR. Poderia haver José Sócrates, mas este arranjou um belíssimo sarilho ao PS ao deixar-se enredar numa teia de acusações (verdadeiras ou falsas, todavia marcantes!) que lhe estragaram a vida política.
Falou-se há tempos de António Guterres ou António Vitorino como proto-candidatos, mas creio que nenhum deles sente já estaleca para entrar numa campanha eleitoral que será sempre desgastante. É que os anos também contam!
Posto isto e com o bom trabalho feito pelo Almirante Gouveia e Melo aquando da pandemia, o PS tenta arregimentá-lo, diria quase à força, para Belém. Porém um verdadeiro militar vê nos seus actos apenas missões e para as quais é chamado. E neste caso não me parece que o actual Chefe do Estado Maior da Armada sinta atracção pelo poder. Pelo menos até perceber quem poderá ser o seu opositor!
Fiquei estusiasmado quando percebi que o jogador maiato Nuno Borges alcançara a quarta ronda do Open dos Estados Unidos, que se está a realizar em Flushing Meadows. Problema: o adversário era somente o 5º cabeça de série, o tenista Daniil Medvedev.
Assim sendo preparei-me para ver a partida no canal da Eurosport. Que não chegou a durar duas horas.
Ao primeiro minuto já o tenista português fizera duas duplas faltas e perdia o seu serviço. A partida correu quase sempre assim: Nuno Borges demasiado nervoso contra um Medvedev que jogou quanto baste para levar de vencida o atleta português comr um significativo três a zero com os parciais de 6-O, 6-1 e 6-3.
Uma coisa já percebi nos atletas nacionais de ténis: têm pouca calma! Vi muuuuuuuitas partidas de ténis, especialmente na televisão e em quase todas elas os tenistas têm quase todos ums série de preceitos que eles próprios engendraram de forma a não se precipitarem. Nuno Borges não os tem e deste modo fiquei com a ideia que jogou demasiadas vezes de forma repentina sem cuidar de que deveria usar da serenidade antes de lançar o serviço.
O atleta tem qualidade e a sua esquerda tem valor. Mas necessita de treinar mais o seu serviço, que raramente entrou à primeira. E quando no terceiro set conseguiu fazê-lo por algumas (poucas) vezes, o adversário teve algumas dificuldades.
Sabemos que os latinos são muito emotivos. O inverso dos nórdicos. Mas o controlo das emoções também poderia e deveria ser treinado.
Enfim, Nuno Borges poderá vir a subir no ranking ATP. Mas aconselhava-o a refrear os seus impetos de jogo.
Foi pena não ter conseguido ir mais longe. Mas haverá certamente mais partidas para jogar!
Um destes dias o Jorge chamou-nos à atenção para um postal que falava sobre a reforma. Segui a ligação, li o postal, fiz o meu comentário e avancei com os meus afazeres. Só que de repente dei por mim a constatar que já estava reformado há quatro anos. Já?
Estávamos no dealbar do covid, as empresas enviaram o pessoal para casa e o mundo parecia não estar a lidar bem com a coisa vírica.
Também eu entrei em tele-trabalho no dia 13 de Março de 2020 para mais tarde perceber que o melhor mesmo seria reformar-me. Deste modo a 1 de Agosto de 2020 passei a engrossar as fileiras dos... reformados.
Quatro anos? - perguntei-me - Parece que foi ontem!
A verdade é que durante este tempo que medeia aquele dealbar de Agosto para este que agora vivemos, muita coisa passou e eu quase nem dei por ela.
Se antigamente tinha um emprego agora tenho um trabalho. Qu'isto de ser avô a tempo inteiro também não é fácil.
Tudo isto para dizer o quê? Que a reforma deve ser pensada logo que principiamos a trabalhar. Ah pois é!
Posso assumir que tive sorte... Porque antes de trabalhar já escrevia, o que equivale dizer que não necessitava de pensar no que faria quando me reformasse. Já em tempo de aposentadoria nasceu uma neta e passei a somar mais actividades às que tinha (leia-se escrita!!!). Já para não falar de uma coisa chamada blogosfera.
Porém deste tempo de reformado retiro duas ideias fundamentais para quem passa à reforma e que não tem nada com que se entreter: a primeira chama-se disciplina. O ser humano necessita dela! Muuuuuuuuuuuuuita. Mesmo que seja apenas para fazes coisas banais. Porque se se entrega ao ócio ou à preguiça sem horas nem regime, creiam-me, envelhece mais depressa. A segunda ideia incide na necessidade de sair de casa. Faça sol ou faça chuva, frio ou calor, neve ou vento. Sair de casa parece-me fundamental.
Obviamente se tiver a sorte de ter com que se entreter, como eu tenho, estas duas regras poderão não ser totalmente aplicadas até porque haverá outras muito mais prementes.
Para finalizar diria que o melhor reformado é aquele vive bem consigo e com a vida!
Lembrei-me hoje de uma entrevista dada por Ney Matogrosso, o fantástico falsete da música brasileira. Dizia ele a determinada altura que tinha consciência da idade que contava, mas dentro do seu corpo havia algo que ele próprio não sabia explicar e que não o deixava ter essa idade.
De súbito percebi que não era só eu que sentia que a minha idade interior é justamente inferior àquela que o meu cartão de identificação me transmite e mostra.
Num convívio restrito de amigos costumo dizer meio a brincar meio a sério: o CC diz 65, o meu coração tem trinta e o meu espírito metade. Pode parecer brincadeira, mas é isso que sinto.
Enquanto muitos parecem ter mais idade do que têm, eu faço o caminho inverso. Acima de tudo porque só acredito na plena felicidade interior se formos profundamente sérios, não só com os outros, mas connosco.
O enorme armário que esconde, tantas vezes, a sexualidade é o mesmo que encerra os anos que cada um sente ter.
No grupo de uotessape que administro constituído só por amigos que também escrevem, o tema dos blogues e da blogosfera é diversas vezes atirado para cima da mesa das conversações onde cada um dá a sua ideia.
Para alguns deste restrito grupo a blogosfera tem, desde há uns tempos, vindo a perder força em detrimento de outras redes sociais. É por todos sabido que um blogue requer, entre muitas outras coisas, saber escrever e outrossim disciplina de escrita.
Só que nas mais comuns redes sociais o que conta mesmo é a imagem. Na praia, na montanha, no campo, no Burkina Fasso ou no arquipélago de Tuvalu. Tudo serve para... mostrar!
Certo é que os blogues são ferramentas claramente diferentes das redes sociais. Para muitos são autênticos diários abertos ao Mundo. Para outros espaços de partilha de opinião como será o meu caso e de muitos outros bons blogues.
Só que a malta já não quer ler... dá demasiado trabalho juntar as letras para fazer uma palavra que junto a outras fará uma frase. Mas pior que tudo é a sofrível interacção em alguns blogues, que desmotiva os autores. Se juntarmos a isto alguns comentários imbecis de gente anónima, cria-se uma situação pouco agradável originando evidentes abandonos!
Já uma vez aqui evoquei a tristeza que tenho em observar tantos blogues abandonados. Eu sei que diversas situações podem originar este abandono, mas tenho a estranha sensação de que muitos o fazem por não conseguirem dar resposta às anormais exigências desta forma de publicação.
Posto isto e para terminar reconheço que os blogues não vivem os seus dias mais luminosos, mas ainda estão muuuuuuuuuuuito longe de desaparecerem.