Por vezes vivemos dilemas na vida para os quais jamais estivemos preparados. E o pior que nos pode acontecer é esse virus consiga invadir os nossos dias. Nunca mais descansamos, sendo que o pior de tudo é a guerra que cresce no nosso peito.
Tudo isto porque somos seres humanos e temos consciência. Da vida, da morte, do que será normal ou daquilo que nos ultrapassa, no fundo da finitude. Daqui talvez a incessante busca de respostas para as nossas dúvidas ou dilemas. Daqui, quiçá, endossar para entidades divinas algumas das culpas do que nos acontece! "Foi a vontade de Deus!" dizemos amiúde quando algo nos corre menos bem, já que se correr bem tivemos uma óptima decisão e não foi necessário qualquer intervenção divina.
Porém será dentro de nós que reside as escolhas que fazemos. Boas ou más, repentinas ou amadurecidas, radicais ou tradicionais! E não devemos nunca culpar os outros pelas decisões que tomamos.
A vida está repleta de dúvidas, dilemas, opções. Então a quem cabe a verdadeira decisão: ao coração sempre tão emotivo e exposto ou à cabeça onde reside a lógica e algum bom senso?
No fundo é nesta dictomia que residem as nossas verdadeiras escolhas: coração ou cabeça? E qual deles terá mais força?
A questão fica totalmente em aberto para que pensem no assunto.
Digam lá, sinceramente, quem manda aí dentro... onde dói!
Nem imaginam as vezes que me coloco a mim mesmo a questão supra.
E se... tivesse estudado e tirado um curso superior?
E se... tivesse emigrado?
E se... tivesse escolhido outro emprego?
E se... tivesse enveredado pela política?
E se... tanta coisa...
A verdade é que em cada passo que dei na vida tive sempre outra opção em aberto mas não a escolhi.
Consciente de que jamais saberei onde estaria ou o que seria neste momento se optasse por outros caminhos, de uma coisa estou quase certo: a escrita provavelmente faria ainda parte de mim!
Dou por mim muitas vezes a perguntar o que teria sido nesta vida se tivesse estudado algo que se visse?
Estaria melhor, ganharia mais ou seria como muitos que por aí andam e não passam de uns meros doutores que de canudo em punho exigem que o mundo lhes obedeça?
Bom a resposta às minhas dúvidas nunca será respondida. Mas também não é coisa que me tire o sono. Definitivamente!
Lembrei-me deste tema porque um bom amigo foi nomeado director de uma empresa que renome. O mérito de alguém muito inteligente e trabalhador. Sempre lhe afirmei que ele teria todas as condições técnicas e humanas para almejar o dito lugar, ao que ele respondia na sua sincera humildade que não pensava muito nisso.
Foi ontem. Tive a grata oportunidade de lhe dar aquele abraço e desejar-lhe sorte. Porque, nestas coisas de lugares cimeiros, a competência poderia e deveria ser a pedra de toque, mas por vezes é necessário outrossim aquela pontinha de sorte para que tudo corra bem.
Trabalhei com ele alguns tempos. Foi sempre um homem sereno, perspicaz e amigo do seu amigo. Um prémio que é justo e merecido. Como tudo na vida irá ter os seus momentos complicados… Mas neste mundo quem não os tem?
Por vezes dou comigo a pensar com os meus botões e a colocar a mim mesmo uma questão: e se há trinta anos tivesse tomado outra opção?
Este preambulo, com a questão associada, carece naturalmente de esclarecimento. Então passemos ao que realmente importa.
Antes de entrar para a empresa que ainda hoje me paga os serviços que eu lhe presto, tive a oportunidade de optar por trabalhar para o Estado, mais especificamente nas Finanças.
A decisão de entrar no BdP em contraponto com a FP foi exclusivamente minha. Não me lembro de ter solicitado a alguém qualquer opinião. Decidi pela minha cabeça e responsabilidade.
Porém, durante muitos anos a pergunta que formulei no início andou a martelar-me o espirito. E se… e se…?
Actualmente descubro, com algum alívio, que a minha opção na altura foi a melhor. Não sou chefe de coisa nenhuma, nem nunca o serei. Não tenho qualquer responsabilidade de gestão, a não ser do meu tempo.
Mas sinto-me bem a fazer o que faço.
E de acordo com o que li algures direi: desde que faça o que gosto, nunca trabalho!