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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

No meu escritório!

Estou no meu escritório a escrever e a perceber, ao mesmo tempo, o que me rodeia. Aproveitei e sentei-me numa velha cadeira de pau santo, bem estimada e arranjada que comprei recentemente. À minha frente vai balançando um pendulo num relógio de parede da "Boa Reguladora" provavelmente dos anos 60 e que trabalha impecavelmente.

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Atrás de mim um móvel de madeira, mais recente e de relativa qualidade que comprei numa feira e onde residem por ora os livros deste escritório.

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Também numa das paredes uma velha prateleira para livros, diversos quadros, alguns bem velhos

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e uma cópia reles de um quadro famoso.

Esta mesa onde reside o portátil onde esgalho este texto é outrossim uma mesa de jogo recente, em mogno, mas que nunca foi usada na sua real função. No chão de cada um dos lados da mesa duas vasilhas de barro, velhas quase como o mundo e que a minha avó usou amiúde. Uma para colocar as borras do azeite e a outra para conservar os enchidos também em azeite. Outros tempos...

A um canto mora um enorme candeeiro em pau preto muito trabalhado, herança de um tio da minha madrinha que não desejando o lúzio preferiu oferecer-me. Um cinzeiro, também ele em pau preto, ao qual não dou uso, acompanha o dito candeeiro.

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Na estante muitos livros velhos, amarelados do tempo e da idade, outros nem por isso. Noutro lado da estante, numa espécie de vitrine, peças em loiça velhas quase todas herdadas.

Há ainda um banco alto de madeira que retirei do lixo da empresa onde estive tantos anos. Trouxe-o para casa, tratei-o como se fosse alguém e agora mora aqui comigo. As suas travessas em baixo estão gastas, muito gastas...

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Resumindo: olho para este escritório e gosto do que vejo porque cada peça que aqui está tem um significado, um sentido, um propósito. Porém entendo perfeitamente que os meus herdeiros olhem para isto e considerem tudo um verdadeiro lixo. Faz todo o sentido... e não os culpo!

Mas, da mesma forma que os meus pais e tios nunca ligaram às coisas dos meus avós, pode ser que a minha neta se venha a interessar, como eu me interessei pelas coisas dos meus antepassados.

Entretanto serena e melancolicamente vou mirando estes objectos com história e tantas, tantas estórias...

Guardador de objectos!

Estou na minha sala aquecida e tenho a meu lado uma vitrine cheia de peças de loiça e não só, que chegaram à minha mão por diversas vias.

Desde "matrioscas" russas recentes, uma terrina do século XVIII, passando por pequenas caixas de prata, bules, chávenas, açucareiros, bonecos de madeira exótica há aqui um pouco. Numa das prateleiras destingue-se mesmo um galheteiro também com alguma idade.

Olho e pergunto-me o que farão os meus herdeiros a tudo isto quando eu desaparecer? Eles que não querem nada em casa, a não ser o indispensável!

Tantas coisas que carregam consigo diferentes histórias. Outras que me foram oferecidas por alguém que gostei muito (digo gostei porque algumas jã não estão entre nós). E há também peças que foram autênticos testemunhos de amizade.

Tenho também consciência que nenhum dos meus descendentes pediu para que eu guardasse estes objectos, no entanto todos eles fazem parte da minha vida

vitrine.jpg.

No entanto quando eu partir façam o que quiserem deles. Já cá não estarei para me preocupar. Até porque nada disto é verdadeiramente meu. Apenas sou um mero e singelo guardador!

Coisas com histórias dentro!

Uma das minhas manias é guardar tudo o que seja velho.  Bom... talvez não me tenha expressado convenientemente. O que quero dizer é que sou, diversas vezes, confrontado com amigos e familiares que me perguntam:

- Tenho isto para deitar fora... Queres ficar com ela?

Perante a opção entre deitar fora ou manter-se como objectos "vivos", é óbvio que assumo a segunda ideia. Deste modo tenho a casa repleta de: telefonias, gravadores, lustres, pratos, travessas, copos, e... relógios.

Ora bem... quando há vinte anos mandei construir a minha casa, solicitei logo ao construtor que deixasse uma abertura para depois poder aceder a um eventual sótão. Cinco anos mais tarde acabei por reconstruir o dito espaço e hoje é aquilo que chamo "o meu museu".

Não vou lá sempre, mas geralmente quando ali entro após subir um conjunto de escadas articuladas, sinto-me invadido por uma nostalgia, quiçá piegas... mas é, sinceramente, o que sinto.

Hoje mais uma vez revi todos aqueles objectos e de repente houve um que sobressaíu. Ou melhor... dois. Porque a sua antiga proprietária faleceu recentemente, no Sábado de Aleluia. Uma amiga muito idosa, de quem guardo não só objectos mas uma amizade fantástica. Curiosamente naquele lugar está somente uma velha telefonia e um gravador de bobines, que ela em tempos me brindou, mas guardo outras coisas.

É engraçado como tantas foram as vezes que já ali estive, mas somente hoje os aparelhos fizeram-se "ouvir". Porque aqueles equipamentos foram usados amiúde pela minha amiga e pelo seu marido. Nem imagino o que terão escutado...

É aquilo que chamo: "coisas com histórias dentro".

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