Há muito que deixei de ver noticiários. Aquilo era sempre um chorrilho de notícias tristes, dramas, tragédias, horrores. Nunca acontecia aqui ou no Mundo uma boa notícia por mais pequena de fosse.
Pensei que depois da pandemia e com uma estúpida guerra às portas da Europa, os telespectadores preferissem um noticiário onde se noticiasse o que vai de mau no mundo, mas também o que este tem de melhor. Pura utopia minha...
As más notícias continuam a ter lugar de destaque n uma imprensa pouco interessada em informar verdadeiramente, mas tão-somente dar a notícia com a qual ganhe mais visualizações.
Durante o passado Estio era permanentemente notícia de capa de jornais a seca e a consequente falta de água. Nem imagino o que seria nas televisões... Concordo que era necessário acordar as pessoas para a realidade que são as alterações climáticas com consequências nefastas e incalculáveis.
Todavia agora que já choveu e continua a chover já não leio notícias sobre qual o nível em que estáo as barragens. Isto é notícias boas não interessa mostrar (a não ser futebol) porque não "share".
Decididamente vivemos num Mundo inverso do que deveria ser. A apologia da desgraça é sempre mais apetecível que a assumpção de uma alegria!
No início do ano 2020 começou-se a falar amiúde de uma tal de gripe oriunda na China. Alguns estudiosos cedo perceberam que o virus comummente denominado Covid19 parecia ser altamente contangioso.
Não é necessário dizer mais nada, pois não? Raras são as pessoas que ainda não apanharam qualquer uma das versões da dita gripe.
Esta entróito é apenas o caminho para vos fazer chegar ao tema que aqui trago hoje e que tem a ver com televisão portuguesa. Raramente ligo o pequeno ecran para ver notícias, Todavia como não vivo sozinho há quem se interesse por saber o que de mau vai no Mundo o que me quase obriga a assistir a diversos jornais. Mas o que achei interessante é que desde 2020 até ao dia 24 de Fevereiro deste ano todos os canais dedicavam longuíssimos minutos à pandemia, mostrando números de infectados e mortos, hospitais a abarrotar de doentes, o caos imperfeito na saúde.
Durante dois anos martelaram incessatemente os telespectadores com as mesmas notícias. Levadas até à exaustão.
Só que a 24 de Fevereiro um tal de Putin achou que haveria coisas mais interessantes e iniciou um conflito bélico com a Ucrânia que ainda hoje perdura. Eis então as televisões a deixarem o covid muito descansadinho a matar doentes, para apontarem agora as suas câmaras para o conflito bélico no extremo europeu!
Quase cinco meses decorridos ainda há muita informação sobre a Guerra, mas o que interessa agora são os incêndios. Devastadores e incontroláveis!
Só que estranho que todos os canais tenham a mesmíssima agenda noticiosa, com os mesmos tempos e às mesmas horas, como tudo fizesse parte de um acordo prévio entre as diversas direcções de informação dos diferentes canais.
Até os intervalos são ao mesmo tempo. Mas isso percebe-se!
Entretanto hoje uma dos canais (não sei qual) apresentou uma reportagem sobre as colecções de carros de luxo de diversos jogadores de futebol.
Fica a pergunta: o que interessa esta informação ao povo?
Portanto entre um covid, uma guerra ou um incêndio há sempre espaço para um carrinho de luxo para saborear ao almoço!
A minha vida jornalística iniciou-se na imprensa regional. Talvez daqui entenda que a função de dar notícias, por mais ínfimas que sejam, sobre determinadas lugares é deveras importante, especialmente para os imigrantes que gostam de saber novas da sua terra.
O mundo está mudado. Muito mudado... O que ontem poderia ser novidade e uma notícia boa, hoje... não existe!
Também sei o que são "encher chouriços" para tapar um buraco no jornal. Mas este exemplo parece-me um tanto exagerado...
Sai um homem da sua rotina e logo acontecem uma quantidades de casos.
Primeiro o "Panamapapers" que obviamente vai dar muita água pela barba, como soe dizer-se. Acresce mais recentemente o caso dos inspectores da judiciária envolvidos em crimes de corrupção e tráfico de droga para terminarmos no pedido recente ao FMI de assistência financeira, por parte de Angola.
Agora cabe-me a mim procurar saber mais detalhes destes acontecimentos, pois detesto andar desinformado.
Mas esta catadupa de notícias, enquanto estive mais ou menos afastado do mundo, é que não me parece justo.
A internet é um veículo de informação fantástico. Num ápice e à distância de um clique temos acesso a um manancial de dados que dificilmente de outra forma conseguíamos obter. O correio electrónico, as redes sociais, os blogues, os sítios, todas elas são formas muito úteis e rápidas de comunicarmos e aprendermos.
No entanto, neste novo mundo que agora temos acesso permanente. há imensas imprecisões – para usar uma expressão benevolente - que podem deturpar a verdade. A liberdade de expressão adquirida com o 25 de Abril não deve ser um veículo de alteração da realidade.
Custa-me por isso entender como é que muita gente usa este meio para fomentar notícias falsas. Foi o caso de hoje. Recebi esta manhã na minha caixa de correio electrónica uma mensagem reencaminhada por um familiar. Não é relevante o tema da notícia para este caso, mas sim o seu teor.
Uma profunda mentira…
Porque falava de pessoas que conheço pessoalmente. E de factos que não correspondem à verdade. E o pior é que os restantes leitores deste tipo de mensagens acreditam piamente no que lêem… Porque lhes faz jeito!
Obviamente que apaguei aquela mensagem. E todas as que vierem do mesmo teor, irão parar ao lixo do meu portátil. Esta forma sabuja, vil e soez com que se atira para a lama o bom nome das pessoas, parece-me do mais reaccionário que se possa imaginar.
E a maioria dos casos, em nome dos (altos?) interesses de (algumas) ideologias!