Andei em limpezas e arrumações. Há que aproveitar a neta estar de férias para dar uma volta à casa. Entre muita coisa que mexi andei de volta das fotografias... Muitas... Tantas...
Algumas bem arquivadas em pequenos albuns ou pastas próprias, outras a granel!
Peguei em algumas.
Umas dos anos 70 com colegas de escola, logo a seguir anos 80 com amigos da escrita. Para se seguirem fotos dos filhos pequenos, de algumas viagens, de encontros familiares, de inúmeros aniversários e mais não sei quantas coisas.
Revi gente que já faleceu, outros que eram pequeninos e agora são pais. Voltei a lembrar-me como era a minha avó materna. Vi fotos a cores e a preto e branco (não sei se o cinzento é cor!!!). Eu com meses, poucos anos, já crescido, mas com poucos quilos!
Foi bom rever e revisitar tanta gente que faz parte de mim e fez parte do meu longo caminho.
Será nostalgia? Não sei... Talvez a consciência que revisitar o passado é também salutar, porque percebemos que já fomos tanta coisa, que sonhámos outras ideias, mas mantemo-nos ainda por aqui!
Hoje em conversa com umas pessoas recordei os meus tempos de escola nomeadamente o trajecto que fazia entre o Laranjeiro onde morava e Almada, onde se encontravam as escolas.
Decorria o ano de 1969. A Ponte Salazar era uma realidade e a doca 13 na Margueira estava já em construção.
Naquele tempo, que eu me lembre, havia duas empresas de camionagem que serviam a zona: a Beira-Rio e a Piedense. Mais tarde viriam a juntar-se e passaram a chamar-se Transul. Foi nos autocarros desta empresa que passei a deslocar-me de casa para a escola e vive-versa.
A primária era já passado e a Escola preparatória era na altura longe!
Perto de onde morava havia uma paragem de autocarro. Todavia eu tinha por hábito percorrer cerca de 500 metros para apanhá-lo noutra paragem só porque era mais barato... um tostão. Ao fim de uma semana eram 5 tostões que se poupavam. Mais os 5 de regresso... era um escudo.
Descia na Cova da Piedade e subia a pé até à escola preparatória por um quilómetro. O regresso era igual, quando não vinha mesmo a pé da escola até a casa para poupar uns tostões.
Quando hoje relembro esse passado longínquo sinto uma profunda nostalgia. Não só por aquilo que fazia para não gastar dinheiro, mas pelo espírito de sacrifício com que me muni para ultrapassar alguns desafios que apareceram no caminho.
Numa altura em que a minha inocência perante o Mundo e a vida era uma crua realidade!
Não ligo muito às redes sociais. Algumas nem tenho... Todavia ontem no feicebuque (que é a única dauelas que tenho) li um postal de um colega de um outro blogue que referia que um amigo vivia momentos complicados, essencialmente devido ao Covid19.
O postal mostrava também uma foto do dito amigo e o seu nome.
De súbito percebi que conhecia aquela pessoa. Fui tentar pesquisar mais para descobrir que o António Cabrita fora meu colega de escola no extinto Liceu D. João de Castro (secção de Almada).
Recordei-me bem dele e foi com nostalgia que revivi as vezes que a mãe de António me deu boleia até à Cova da Piedade, num velho Austin Morris.
Se Moçambique fosse aqui ao lado talvez o visitasse para lhe dar um abraço ou melhor nestes tempos pandémicos, uma cotovelada. Assim espero que a vida o vá carregando entre livros, crónicas e demais escritos que eu vou começar a ler!
Reencontrei-me hoje com ele. Após nove meses de separação, mais ou menos forçada, voltámos a encontrar-nos.
Eu e o mar! Mar, mar, mar...
Este mundo profundamente anil tão poderoso que nenhum homem domina. Esta espécie de fantasma que assustou navegadores portugueses nas suas demandas pelo Mundo desconhecido. Esta força da Natureza que acolhe um outro submundo recheado de peixes e náufragos.
Desde Setembro passado que eu e o mar só nos víamos ao longe sem direito àquele abraço. Mas hoje abracei-o num mergulho assaz rápido, já que aquele se apresentou muito frio. Como sempre, aliás!
Hoje, primeiro de Junho e primeiro dia da época balnear e Dia da Criança nada melhor que regressarmos à praia para nos tornarmos, uma vez mais, meninos e meninas. Nem que seja por breves instantes.