Ontem houve aqui almoço de família. À mesa e sem crianças estavam 10 pessoas o que equivale dizer que daqui a uns anos, se estivermos todos vivos vou ter que comprar um acrescento para a mesa para levar mais seis crianças.
O almoço constou de chambão estufado acompanhado de batatas bravas à moda de Portugal (se fosse à moda de Espanha só eu é que as comeria) e puré de batata mais couve flor apurada no forno.
Para entrada queijo fresco e mini crepes de legumes. As sobremesas constaram de gelado de morango feito cá em casa, pudim de ovos à moda da Beira Baixa, maçã reineta assada e morangos (que serviram também para acompanhar o gelado).
Café e bolo no final!
A determinada altura do almoço e sem que ninguém notasse fechei os olhos e tentei perceber donde viria maior algazarra: se dos convivas à mesa, se da brincadeira das crianças na casa ao lado.
Ganharam as últimas e ainda bem! É bem preverível ter crianças barulhentas e traquinas, que amorfas ou deficientes.
Estes almoços acarretam normalmente algum trabalho, mas quantas pessoas da minha idade não conseguem juntar assim a família mais próxima? Ou não a têm ou então nunca nas suas vidas semearam o verdadeiro espírito de família.
Tenho alguma dificuldade em recordar a forma como lidei com os meus filhos quando eles tinham a idade dos meus netos. Mas acredito que tivesse pouca paciência para eles. Isto é muuuuuiuto menos paciência que tenho agora para os meus netos.
A pequenita já vaoi todos os dias para a pré-primária o que faz com que a veja muito menos do que seria de supor! Todavia sou compensado pela presença do irmão de um ano e que é neste momento da minha vida a estrela dos meus dias.
Como qualquer criança desta tenra idade tudo serve para brincar e acima de tudo para... fazer barulho. Algo que o puto adora.
Se há trinta ou mais anos eu daria um ralhete e retiraria os instrumentos de ruído aos meus infantes por me faltar a tal de paciência ao fim de um dia de trabalho, agora deixo esta criança brincar, divertir-se pois a paciência jamais fica torrada.
Ser avô é muito mais do que ser o mais velho da família (no meu caso isso não acontece porque ainda tenho pai e mãe!!!), é ser capaz de saborear todos os momentos em que posso ter a companhia dos meus netos.
As crianças são assim o instrumento perfeito para a transformação para melhor de um ser humano. Basta para isso que sejamos capazes de perceber quão importante aquelas serão na vida de cada um de nós!
... E houve corrida na ponte 25 de Abril acabei por adiar para amanhã o meu regresso à belíssima cidade da Amadora que tem várias coisas boas: as estradas para sairmos de lá!
Um fim de semana (estou aqui na minha casa da Aroeira desde sexta-feira) muito chuvoso e frio. Por isso a lareira trabalhou muitas horas queimando quilos de lenha.
Desde as férias que não passava um Domingo assim: com calma, serenidade e alguma escrita, nomeadamente emendar o meu próximo livro após uma revisão cuidada, competente e profissional.
Posto isto deu para fugir dos casos da nossa triste política que quase diariamente surgem a público.
Uns mais crescidos outros ainda muito pequeninos. Mas independentemente da idade deles é uma riqueza perceber as crianças a nascerem, crescerem e fazerem parte da nossa vida!
Mais permanente, mais intervalada não interessa.
São sangue do meu sangue!
Pode haver coisas mais importantes na vida de muita gente, que as crianças. Todavia para mim os meus netos são o meu euromilhões!
Esta minha aventura de criar os netos tem mostrado como as crianças são diferentes só por serem rapazes ou raparigas.
Aos dez meses a minha neta era uma criança pacata o que não quer dizer amorfa. Todavia no que respeita a comer tinha alguns problemas porque ao mais pequeno sarilho vinha tudo fora.
As brincadeiras que tinha com os objectos eram outrossim muito diferentes do irmão.
O meu neto varão, o único que tenho, pois o resto são só meninas, é tão simpático e dado quanto a irmã. mas mostra já uma força e uma pujança invulgares.
Percebo táã bem as diferenças entre ambos: ela feminina, comedida, mas sempre atenta e curiosa. Ele robusto e valente sem medo de nada. A força bruta do homem contra a sensibilidade feminina.
São notórias as diferenças, até porque ele é autenticamente uma frieira a comer: marcha tudo!
A mana adora o mano e ele, assim que a vê, rasga a face num sorriso contangiante.
Esta é uma daquelas memórias que eu gostaria de nunca esquecer!
Desde que passei a ter filhos (e sobrinhos) a minha vida transformou-se num mar quase sempre revolto, não no pior sentido marítimo, mas pela forma como tudo em mim é uma enormíssima agitação, mesmo que muitas vezes involuntária.
Mas ultimamente então tem sido quase escandalosa esta revolução. de tal forma que adoptei na família a seguinte frase que bem espremida no seu conteúdo é sinónimo do que escrevi acima e resume-se nisto: quando acordo de manhã sei onde estou, mas jamais saberei onde irei dormir a noite seguinte mesmo que não tenha nada planeado.
Por exemplo se tudo tivesse corrido a preceito neste momento estaria à lareira na minha casa a escrever qualquer coisa ou a editar o meu próximo livro. Assim não fui para lá, estou na urbe manhosa, com uma neta no quarto ao lado que passa o dia a chamar pelo pai e pela mãe enquanto foi promovida a irmã mais velha sem ter consciência disso.
Surgiu-me em complemento uma crise de gota que nem sei de onde veio até porque ultimamente como tão pouco que já perdi uns quilos... E dói que se farta!
Porém a vida é assim mesmo e 2024 foi muito fértil em acontecimentos,, não diria bizarros mas em crescendo. Pode ser que para o ano as coisas acalmem!
É que já não vou propriamente para jovem, mas a vida deve pensar que ainda tenho vinte anos!
Nem no Natal há um momento de sossego!
Mas a riqueza de mais uma neta acabadinha de nascer é uma feliz compensação!
A minha (má) relação com o Natal tem origem numa triste estória que me aconteceu teria eu uns quatro ou cinco anos. Naquela noite o tal de "Menino Jesus" ofendeu-me, deixando uma marca que ainda hoje carrego. Obviamente que naquele tempo o "Pai Natal" não existia... pelo menos na aldeia!
O embaraço que eu criei com a minha zanga foi tamanho que a minha mãe teve de me dizer que as prendas eram as pessoas que as davam e não o tal "Menino Jesus". De decepção em decepção acabei por olhar para esta quadra que se aproxima sempre de viés, não fosse mais alguém pregar-me uma estúpida partida.
Todos os anos por esta altura sentia-me como peixe fora de água. Era um martírio que não escondia. No entanto a idade colocou alguma serenidade nesta bravata e passei a alinhar muito na ideia de que o célebre "Ventoínha" dos Parodiantes de Lisboa dizia: contrariado mas vou!
Foi preciso nascerem os filhos para que o Natal fizesse algum sentido. Não pelas prendas, mas tão-somente pela alegria que via nos meus filhos e sobrinhos.
Mais um passo em frente no tempo e dou agora conta dos netos. Daqueles fedelhos fantásticos que adoro e que me fazem olhar o Mundo com uns olhos diferentes.
É mais por eles que se faz ainda a árvore de Natal, (em 2008 quando morreu o meu sogro não se fez nada, porque ainda não havia crianças), se ilumina a casa por fora como se fosse um Circo qualquer, se procura aquela prenda, mesmo que os pais estejam contra.
O Natal não é só família e amigos...
O Natal não é só partilha e entrega...
O Natal não é só amor e alegria...
É essencialmente um bálsamo para as feridas na alma, um lenço que seca as nossas lágrimas, uma verdadeira reconciliação com o triste passado.
Um destes dias o Jorge chamou-nos à atenção para um postal que falava sobre a reforma. Segui a ligação, li o postal, fiz o meu comentário e avancei com os meus afazeres. Só que de repente dei por mim a constatar que já estava reformado há quatro anos. Já?
Estávamos no dealbar do covid, as empresas enviaram o pessoal para casa e o mundo parecia não estar a lidar bem com a coisa vírica.
Também eu entrei em tele-trabalho no dia 13 de Março de 2020 para mais tarde perceber que o melhor mesmo seria reformar-me. Deste modo a 1 de Agosto de 2020 passei a engrossar as fileiras dos... reformados.
Quatro anos? - perguntei-me - Parece que foi ontem!
A verdade é que durante este tempo que medeia aquele dealbar de Agosto para este que agora vivemos, muita coisa passou e eu quase nem dei por ela.
Se antigamente tinha um emprego agora tenho um trabalho. Qu'isto de ser avô a tempo inteiro também não é fácil.
Tudo isto para dizer o quê? Que a reforma deve ser pensada logo que principiamos a trabalhar. Ah pois é!
Posso assumir que tive sorte... Porque antes de trabalhar já escrevia, o que equivale dizer que não necessitava de pensar no que faria quando me reformasse. Já em tempo de aposentadoria nasceu uma neta e passei a somar mais actividades às que tinha (leia-se escrita!!!). Já para não falar de uma coisa chamada blogosfera.
Porém deste tempo de reformado retiro duas ideias fundamentais para quem passa à reforma e que não tem nada com que se entreter: a primeira chama-se disciplina. O ser humano necessita dela! Muuuuuuuuuuuuuita. Mesmo que seja apenas para fazes coisas banais. Porque se se entrega ao ócio ou à preguiça sem horas nem regime, creiam-me, envelhece mais depressa. A segunda ideia incide na necessidade de sair de casa. Faça sol ou faça chuva, frio ou calor, neve ou vento. Sair de casa parece-me fundamental.
Obviamente se tiver a sorte de ter com que se entreter, como eu tenho, estas duas regras poderão não ser totalmente aplicadas até porque haverá outras muito mais prementes.
Para finalizar diria que o melhor reformado é aquele vive bem consigo e com a vida!
Hoje ao fim da tarde recebi esta mensagem de uma sobrinha via uotessape:
Olá!!! Diz que hoje é o dia dos avós por isso queria aproveitar para desejar a todos os fantásticos avós da família um dia muito feliz e que continuem a fazer parte da vida dos vossos netos por muitos e longos anos. Que continuem a ficar com eles de vez em quando para os pais irem namorar (e vos darem mais netos), mas que não os encham de doces e tralhas! Tempo é o melhor presente! Obrigada avós!!!! 😍
Foi a única a lembrar-se deste dia que no meu tempo de neto não existia. Já bem de noite acabei por lhe responder com este texto:
Obrigado por teres lembrado dos velhotes. Todavia permite-me um brevíssimo reparo. Os avós não existem para educar. Existem apenas para amar os netos e se tal for possível serem também amados por estes. Tudo o resto não conta para nada. Mas lá chegará o tempo em que tu avó procederás da mesma maneira que nós. Porque o tempo que nos resta será sempre muito menor que aquele já vivido. Deixa os avós serem avós para que os netos se lembrem de nós com aquela ternura que todos merecemos. Compreendo a tua ideia, mas deixa os avós serem-no. Bom fim de semana!🥰🥰🥰🥰🥰🥰
Bom esta troca de mensagens fez-me lembrar que os netos são elementos preponderantes numa família. São, por assim dizer, o polo de convergência familiar.
Por muito que custe aos pais assumi-lo e aceitá-lo, não cabe aos avós educar os netos. Nem impor regras. Para isso existem os pais que o fazem sempre zelando pelo interesse maior que são os filhos. A este propósito recordo as palavras do meu falecido sogro, que durante todo o dia assumia, conjuntamente com a minha sogra, o árduo trabalho de tomar conta das minhas crianças:
"- Estes inocentes estão o dia inteiro aqui comigo e ninguém os ouve. Chegam os pais..."
Pois é... naquele tempo eu pensava e agia de maneira diferente. Faz parte!
Hoje quero somente ver a felicidade no olhar dos meus netos e ouvir aquelas risadas francas e que alegram o meu coração. Tudo o resto é queirosiano!