Conhecem certamente a Teoria do Caos em que um simples bater de asas de uma borboleta poderá originar tempestades monstruosas no outro lado do nosso planeta.
Imagino que muitos cientistas e estudiosos olhem para este insecto e sintam alguma atração, nem que seja fatal. Mas crêr que, no limite, este passeio de um minuto no meu jardim de uma bonita borboleta possa originar castástrofes a milhares de quilómetros daqui é que me parece um pouco exagerada.
Pois não estou a falar de nenhuma intempérie, mas somente do que aconteceu ontem com a minha cirurgia.
Deste modo no sábado passado cavei a terra com a ajuda do meu varão mais velho, fiz os regos e no Domingo ao fim da tarde acabei a tarefa de plantar duas dúzias de couves portuguesas
e mais umas couves galegas e bacalãs (uma espécie de coração de boi)!
Por agora parecem todas iguais, mas daqui a uns tempos notar-se-á a diferença. Por enquanto regadas à torneira. Mas aguardo que a chuva faça a parte dela. Ou diria alguém que conheço bem: vale mais um litro de água da chuva que cinco da companhia.
A experiência de anos anteriores obriga-me a concordar.
Pronto e chegou o calor. Com força! Talvez demasiada.
Nem imagino como estará na Beira Baixa ou no Alentejo profundo.
Se não fosse o ar condicionado provavelmente este portátil, onde estou a escrever tardiamente este postal, já teria derretido.
O que é estranho mas ao mesmo tempo curioso é que os tomateiros da minha horta gostam desta canícula. De tal forma que só esta semana os frutos amadureceram. E a partir de agora vão os restantes que ainda estão verdes.
Como tudo nas nossas vidas há na Natureza quem goste deste Estio abrasador!
Ano após ano tenho vindo a perceber que a Mãe Natureza tem muitas formas de se pagar pelo mal que, constantemente, estamos a aprontar.
E por muito que tentemos dar a volta à coisa a verdade é que a Natureza leva sempre a sua avante. Ora seja através do "El nino" ou demais tempestades e catástrofes naturais.
Também a agricultura sofre, e de que maneira, com as constantes alterações do clima, seja através de secas prolongadas ou com chuvas abundantes fora de tempo.
Mas deixem-me exemplificar: tenho no meu quintal diversas árvores de fruto. Uma delas, a ameixeira costuma todos os anos carregar de tal forma que muita vezes tenho dificuldade em fazer desaparecer tanto futo. Todavia este ano deu seis ameixas que eu deixei na árvore para os pássaros comerem.
A 120 quilómetros de onde moro há uma pequena aldeia onde fui criado e onde ainda vive muita família. Povoado rodeado de olivais, em tempos teve dois lagares a trabalhar permanenetemente. è nestas terras castanhas e barrentas que normalmente semeamos as nossas batatas.
Cuido-se da terra atempadamente, mondou-se amíude da erva daninha, mas mesmo assim a terra que deu mais do que isto
Se juntarmos a este pequeno monte mais oito sacos ainda assim a apanha deste ano foi fraca. Choveu muito e em momentos inapropriados. Depois veio um sol forte que ajudou a erva a crescer.
Há dois anos o mesmo peso de batatas para semente deu entre três a quatro vezes mais que este ano. O ano passado a fartura já não foi muita e este ano ficámos assim!
De uma vez por todas façamos pelo ambiente o melhor que pudermos. Não tarda nada nem batatas saem da terra porque esta ficou... estéril.
Seja no animal homem seja noutro animal qualquer a vida terá em princípio dois ciclos. O primeiro começa quando se nasce. Nesse tempo todos os seres são indefesos e estão entregues aos cuidados de quem os vai criando, sejam pais ou mães. Crescem, ganham valências e finalmente capacidade para decidir. Até que um dia, quase de repente partem sem dizer nada a ninguém. É neste preciso momento que se fecha um ciclo, para logo se abrir um novo.
Vem este tema à superfície porque hoje constatei que os meus netos voadores... partiram do ninho.
Há mais ou menos um mês encontrei na minha laranjeira do quintal este ninho
e logo nesse dia aqui escrevi sobre ele. Três ovos de melra "entregues à sua sorte" pensei eu na altura.
O tempo passou célere e no 20 de Maio voltei a perscrutar o ninho para perceber se havia evolução. E havia já novidades.
Também na altura esgalhei qualquer coisa sobre este ninho.
Mais uns dias sem me intrometer na vida melriana até que encontrei estes meninos, já numa bonita postura e bem desenxovalhados.
Novo postal a dar conta desta evolução, no final do mês passado.
Ontem voltei a espreitar por entre a folhagem verde e dei conta apenas de dus crias. Provavrelmente a mais velha já voara para parte incerta.
Dois fantásticos exemplares de jovens melros que me olhavam quase com desdém. Entretanto hoje dei conta do fecho do tal ciclo de vida, ao perceber que o ninho estava completamente vazio.
A minha neta que é esperta e depois de lhe ter inventado uma estória com três melros, pergunta-me a certa altura:
Hoje a meio da manhã a minha neta que andava a cirandar pelo jardim chama-me num tom de voz estranho:
- Avõ, avõ vem cá depressa!
Não fui qu'isto dos miúdos andarem sempre a chamar por nós por qualquer coisa menos vulgar tem de acabar. Entrou na cozinha onde eu ultimava o almoço e puxa por mim, enquanto dizia:
- Encontrei um ninho...
Entrei na brincadeira:
- A sério?
- Sim... outro!
'Pera aí! Outro? Segui a miúda!
- Olha ali - e apontou-me para uma enorme cameleira.
Coloquei-me sob o arbustro e na verdade lá estava o ninho, mais pequeno que este, mas ainda assim com "gente" dentro (leia-se ovos... ainda!).
A cachopa andou todo o dia esfusiante, mas a determinada altura expliquei-lhe que os animais desejavam mais sossego que visualizações. Algo que ela compreendeu!
Esta pequena crónica matinal fez-me lembrar um caso muito recente na minha aldeia e que se passou com a minha mãe. Reza assim o episódio:
A aldeia é um ponto de passagem quase obrigatória para os peregrinos que se dirigem para Fátima com origem na zona de Lisboa e arredores. Muitos sobem a serra por um trilho ingrato mas com uma paisagem bonita, outros preferem contornar a serra. Mais quilómetros mas menos desnivelado.
Durante muitos anos a minha mãe foi quase a única cuidadora da igreja. Daí ainda muita gente quando passa na aldeia vai bater-lhe à porta pedindo acesso à velha capela. Hoje já se escusa amiúde, mas de vez em quando lá faz o jeito de escancarar as portas do templo. Naquele fim de tarde surgiu-lhe um jovem que se identificou como sendo peregrino e a solicitar se a minha mãe poderia abrir a capela.
Respondeu que sim, mas teria de ser rápido pois tinha de dar de comer às galinhas e o sol estava quase a esconder-se. Entusiasmado o jovem questionou se via algum inconveniente em ele ver as galinhas. A minha mãe respondeu que não e levou-o às capoeiras onde o rapazito ficou, ao que parece, encantado. Depois:
- Posso lever uma delas?
- Para que queres uma galinha?
- É só para mostrar aos miúdos peregrinos.
- Hoje não que já é tarde, mas amanhã podes aparecer e levar uma delas.
O miúdo feliz levou a chave da capela para ainda antes da noite a entregar. A verdade é que no dia seguinte bem cedo o rapaz lá estava à porta de casa da minha mãe em busca da ave que levou... para mostrar aos miúdos. Passado uma hora veio devolvê-la e agradeceu!
Ora tudo isto leva-me a pensar na maneira como muiutas crianças são, não só educadas, como instruídas. A minha neta tem quatro anos, já viu galinhas, coelhos, patos, borregos, cabritos e demais animais. Não teme as lagartixas e aranhas que por aqui convivem e lida bem com todo o tipo de bichos que encontra. Agora deu conta que as aves nascem nos ninhos. Uma aprendizagem empírica que só lhe fará bem para o resto da vida!
Ao invés as crianças de e da cidade só conhecem alguns animais de os verem no pequeno ecran. Talvez por isso tenham menos consciência animal... e um escusado e bizarro receio da Natureza.
Ontem andei a plantar curgetes e lembrei-me do ninho de melra. Lentamente procurei o local e tal não é o meu espanto quando percebo que os ovos foram substituídos por crias. Pequenas, muito pequenas.
Percebi naquele instante que a mãe andava por perto e saí dali quanto antes não fosse a mãe enjeitá-los. No entanto prometi voltar ao local de máquina fotográfica em punho.
Assim fiz e deu esta foto.
Percebessem-ali diversas crias (suponho que três) muito activas, mas ainda pouco barulhentas. A Mãe Natureza é realmente minha amiga pois dá-me a possibilidade de assistir de perto a belos momentos de vida (quase) selvagem!
Ainda há poucas semanas fui avô de um jovem quando hoje descubro na laranjeira do meu quintal um enorme ninho de melro. Neste caso melra e com três ovos.
Sem foto para o desafio da Isabel foi um instante que saquei do telemóvel e fiz esta foto. Não ficou grande coisa mas espero paraa semana perceber se os ovos continuam ou foram enjeitados!
Ver os meus pais, as fazendas, os canitos e os gatos.
Tomar consciência que os velhotes estão quase no fim da linha (é a vida!). as fazendas estão repletas de erva (com a chuva recente, pudera!), os canitos continuam barulhentos (bons guardas, eles!) e os gatos continuam distantes (nunca me deram muita confiança!).
As oliveiras começam a vestir-se de uma cor verde clara, para daqui a umas semanas se transformar em ínfimas flores brancas e mais tarde, se a metereologia deixar, em pequenos bagos que irão eventualmente crescer para mais tarde enviuvar. Chamam aqui candeia, na Beira apelidam de chora. Seja como for é a Primavera a dar as verdadeiras boas vindas à vida, após umas semanas de chuva que tudo atrasou!
A erva alta e verde de agora esconde muitas outras plantas, algumas curiosas e usadas com fins terapêuticos. É o caso desta que ainda está demasiado verde para ser colhida. Daqui a mais umas semanas, após a floração, estará pronta para secar e mais tarde servir óptimas infusões.
Sabem de que planta se trata?
Regressei ao fim do dia à cidade. Na aldeia ficaram apenas memórias!
No final do ano passado encomendei a uma empresa francesa esta roseira. Assim que chegou plantei-a e depois o Inverno frio e chuvoso fez o resto. Enquanto as outras ainda não estavam podadas já esta crescia pujante.
Tem mais uns botões a crescer e hoje ao fim do dia tirei esta foto.