Na minha cidade XVI - Uma menina em apuros
Todos os dias deixo o meu carro perto do trabalho num parque de estacionamento enorme com três andares.
Ultimamente tenho-o deixado no -3 onde há menos carros estacionados. Deste modo arrisco-me a ter menos marcas e vincos nas portas do meu carro, quase sempre feitas por outros que nunca identifico.
Esta tarde ao tentar sair apanhei com um carro lento à minha frente. Como estava dentro do parque deixei que o condutor fosse devagar.
Mais à frente encontrou a rampa que levaria para o piso -1 e daqui para a rua. Segui o carro… Devagar!
No cimo da rampa a saída fica à direita. Há que desenhar um “u” para encaixar o carro numa das duas saídas com a respectiva cancela.
Desta vez escolhi a saída ao lado, mas antes de encaixar o meu carro, ouvi um estrondo. O carro à minha frente batera no ferro de protecção da cabine que recebe os cartões / bilhetes. Parei espantado.
Percebi então que uma jovem rodava o valante sem qualquer sentido lógico e engatando a marcha-atrás. Novo estrondo. O carro batera num frade amarelo e preto.
Foi aí que eu recuei o meu carro, estacionei-o num lugar vazio perto e aproximei-me da janela do carro.
A menina abriu o vidro:
- Boa tarde, peço imensa desculpa por esta intromissão, mas só que quero perguntar se necessita de ajuda para sair com o carro?
Muita aflita, questiona:
- Bati no seu carro?
- Não. Não bateu! Fique descansada… Mas quer que eu a ajude?
Indecisa acabou por confessar:
- É a primeira vez neste parque. Se me ajudar agradeço.
Então a menina saiu, deu a volta e sentou-se a meu lado (ainda estou para perceber porquê?). Fiz a manobra, introduzi o bilhete e a cancela acabou por abrir. Já para lá do limite parei o carro, saí e dei a chave a jovem, que me agradeceu efusivamente!
Vi-a partir e dar a curva para chegar à rua.
Da minha parte coube-me só escrever isto!