Quando hoje pegamos num moderníssimo telemóvel para escutar a nossa música preferida, oriunda de uma qualquer aplicação, estamos muito longe de perceber ou sequer imaginar de como e quando tudo começou.
Dificilmente calculamos que tudo terá iniciado, provavelmente, com uma simples caixa de música inventada por um relojoeiro.
Desde esse tempo até hoje a evolução foi demasiado grande, de tal forma que temos alguma dificuldade em entender aquele passado.
Porém há um lugar único em Portugal onde podemos descobrir de que forma é que tudo, mais ou menos, começou.
Falo do recente Museu de Música Mecânica que foi inaugurado há somente três anos pelo actual Presidente da República e que apresenta um espólio riquíssimo com algumas peças únicas no mundo.
São muitas e diferentes as caixas de música que ali podemos observar.
Objectos fantásticos que fizeram a alegria de muita gente. Um Museu totalmente privado, situado numa região vinícola por excelência e que merece uma visita muito cuidada e atenta.
Trinta foram os anos que Luís Cangueiro levou a juntar as mais de 600 peças num acervo único, mas o privilégio de as observar e acima de as escutar é obviamente dos visitantes.
Há visitas guiadas feitas pelo proprietário e colecionador, mas requerem alguma marcação prévia.
Este é um daqueles Museus absolutamente imperdíveis!
Após uma manhã a passear pelos claustros e demais divisões e salas do Mosteiro de Jesus onde a Santa Joana Princesa se encontra sepultada foi o momento de rumar a sul.
Mas o destino não era casa, não senhor! Um desejo antigo de visitar o Museu do Vidro na Marinha Grande foi prioritário. Às duas da tarde já estavamos a falar com dois mestres do vidro: o José M., lapidador e que consegue com arte e engenho fazer coisas líndíssimas e com o Mário R., um jovem de oitenta e sete anos, que se especializou em moldar o vidro através de maçarico.
O Museu em si tem peças fantásticas e tão corriqueiras na nossa vida que nem damos real valor ao trabalho a que o vidro obrigou.
Não fui longe esta manhã. Sintra continua a ser um destino fantástico. Mas a minha intenção não foi rever a vila que Lord Byron imortalizou num dos seus textos, mas regressar ao Museu do Brinquedo (o tal que encerra no próximo dia 31).
Naquele mundo fantástico houve regressos e espantos, entusiasmos e admirações, recordações e saudades.
Cá de casa fomos "só" 11. E ninguém ficou arrenpido pelas duas horas (e poderiam ser muito mais!!!) que ali passámos. O tempo passou lesto. Demasiado. Como aquele que nos trouxe da mocidade até aos tempos de hoje!
O Museu vai encerrar as suas portas definitivamente e devolver o edificío à Câmara. Quero sinceramente acreditar que alguma edilidade deste país pode perceber o valor daquele património e chegar-se à frente para a instalação deste museu.
O Engenheiro João D'Arbués Moreira, primeiro e o grande mentor deste espaço, lá se encontrava olhando os seus "brinquedos" como de uma criança se tratasse. Quando me despedi dele desejando felicidades, quase não conseguiu evitar uma breve lágrima. São assim os grandes homens, pois também sabem chorar.
Ficam finalmente algumas das fotos de hoje... Provavelmente as últimas que tirei naquele espaço. Infelizmente...