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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Comemorar a minha escrita!

Gosto de comemorar aniversários, seja por que motivo for. Considero esta minha faceta um sinal de vitalidade, força e vontade de viver. Por isso, este (e outros dias especiais) são verdadeiramente importantes.

No dia 22 de Novembro, há precisamente 47 anos, nasceu a razão que me faz estar aqui hoje, quase meio século depois. Todos os anos gosto de valorizar este momento e recordar, com uma saudade quase doentia, aquela estranha hora em que abri um jornal regional e vi nele o meu nome escarrapachado, assinando uma sofrível crónica.

Porém desde esse instante descobri que era na escrita que eu melhor me situava. Mesmo que esta fosse (ou seja ainda!) ligeira (para não chamar pobre). Ou triste ou quem sabe "mal-amanhada"! Certo, certo é que anos mais tarde, com a minha entrada no universo da blogosfera, fiquei quase viciado neste fantástico mundo da escrita.

Tudo isto para dizer que hoje preferiria estar em casa com os meus netos em vez de esgalhar este postal na cama de um hospital. Mas como não somos donos totais das nossas vidas, eis-me a comemorar mais um ano de escrita.

Sempre sempre acompanhado por muitos fiéis leitores e comentadores que se tranformaram com o decorrer do tempo em verdadeiros amigos.

A todos vós, sem excepção, um imenso bem-haja! 

A dor da memória

Sinceramente não me recordo quando nem como nos tornámos amigos. É certo que na aldeia é fáci fazer amigos e muito mais fácil criar inimigos.

O António Ambrósio foi durante muitos anos imigrante em terras gaulesas. Como muitos outros na aldeia. Certa madrugada encontrei-o na padaria do Manuel em amena cavaqueira. Bebemos nessa manhã, cada um o seu café enquanto o padeiro ia dando conta do meu pedido.

O Tonito como muitos o chamavam tinha conjuntamente com o irmão Zé uma horta por detrás da minha casa. Ainda antes de ir à padaria passava muito cedo pelo chão, libertava as galinhas e enchia os comedouros dos porcos.

O curioso é que sempre que passava à minha porta no seu chaço e sabendo que eu estava na aldeia (bastava ver a minha carrinha estacionada perto de casa!!!) apitava, assim como quem diz: acorda que há um café para beber! Algo que a princípio me irritava e mais tarde me divertia.

Foram anos nisto... Até que da última vez confidenciou-me: deixei a França, definitivamente. Tenho um cancro e vim para morrer em Portugal.

Foi um murro no estômago que recebi. Depois encorajei-o com as palavras que não soube escolher e muito menos dizer. De vez em quando telefonava-lhe para saber como estava, mas senti-o a definhar.

Ontem regressei à aldeia beirã e encontrei, por acaso, o irmão Zé! Conversa para aqui, conversa para ali, acabei por lhe perguntar:

- E o teu irmão António?

- Oh esse já foi!

Já imaginava este desfecho! Mas custou entender esta dura realidade.

Assim no próximo Outono já não irei escutar a buzinadela madrugadora vinda do chaço do António. Nem beberei o café quente!

Somos feitos de memórias é certo, mas algumas doem mais que a realidade.

Para memória futura!

A modernidade dá-nos rapidez nas nossas actividade básicas, despacho no acesso a toda a informação, mas retira-nos... memórias. Passo a explicar.

Há muito que deixei de manuescrever os meus textos. Agora basta simplesmente ter um editor de texto à mão e está metade do trabalho feito. Desaparecem os erros, as gralhas e até as palavras (digo eu!). Tem sido assim com os postais que vou regularmente publicando neste e noutros espaços!
Todavia ultimamente ando empenhado em compilar uma séria de textos para cosntituir um novo livros. Feita a escolha juntei-os e decidi revê-los. No entanto ao invés do que faria supor aos leitores eu imprimi todos os textos em papel. Depois passei cada linha pelo meu crivio e fiz as alterações devidas, já alteradas no próprio editor.

Portanto tenho um ficheiro actualizado, mas onde não se percebe onde foram as alterações. Só que, desta vez, eu guardei a primeira versão em papel onde fiz as minhas anotações a vermelho.

Esta será assim a minha memória escrita que ficará do meu segundo livro. Pode hoje não ser importante. Pode mesmo nunca ser relevante, mas a verdade é que através da perservação deste património consegue perceber-se da evolução que um autor deu ao seu texto, neste caso... eu!

Agora irei imprimir a versão 2. E revê-la. E se ainda assim tiver muitas alterações irei guardar a segunda versão em papel. Até à versão final em livro.

Sei que são mais umas folhas de papel que se gastam, mas eu já faço muito para melhorar o ambiente!

A gente lê-se por aí!

Oitenta e oito anos!

A minha paixão por relógios advém deste exemplar,

20230904_203130.jpg 

que durante todo o tempo que vivi em casa dos meus avós ouvia bater as horas e as meias horas durante todo o dia e toda a noite. Hoje mora comigo no meu escritório.
Tenho andado em limpezas e ontem calhou ao escritório. Peguei neste companheiro para o limpar com todo o cuidado e carinho, como sempre faço anele e âs dezenas de aparelhos semelhantes, que possuo.

Estava eu de volta dele quando reparei na parte de trás do relógio e percebi uma data: 1935!

Isto é, oitenta e oito anos nos separam! Este menino passou a guerra civil de Espanha, a Segunda Grande Guerra, uma série de eventos Mundiais, para em 2023 estar ainda a trabalhar. Sem requerer reforma.

20230902_151131_resized.jpg 

Um modelo "Beira" com o número 219, feito pela conhecidíssima Fábrica de Relógios "A Boa Reguladora! de Vila Nova de Famalicão.

Não é uma raridade, nem uma velharia, apenas um exemplar de como o tempo não pára!

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1 Foto 1 texto

Resposta a este desafio!

Esta foto é de 2021.

Mas gosto tanto dela que ainda hoje é o fundo do meu portátil. Tirada no dia 1 de Novembro às sete horas, 36 minutos e 57 segundos de uma manhã ainda fria como se pode ver pelo gelo ainda depositado no chão. Um ano inesquecível de azeitona.

A madrugada acordara naquele instante com um Sol ainda tímido! E eu aproveitei para fotografar este acordar de dia...

20211101_073756.jpg

Deixem as crianças... brincar!

Não guardo da minha infância gratas recordações. Filho único fui em demasia protegido pela minha mãe já que o meu pai, militar de carreira, andava muitas vezes pelo mar em busca de mais uns tostões.

Assim a minha criancice foi feita ao redor de poucos brinquedos e ainda menos amigos. Comecei a usar óculos muito cedo o que naquela altura era raro. Logo na escola priméria fui baptizado com uma série de alcunhas que me escuso a reproduzir.

Portanto no tempo em que deveria brincar e relacionar-me com outras crianças... nunca o fiz!

Isto para dizer que olho para as crianças cá de casa e percebo como são... crianças. Umas mais dadas, outras menos. Umas mais alegres outras nem por isso. Mas fico sempre feliz quando as vejo todas juntas na brincadeira, mesmo que depois caia sobre para mim a responsabilidade de arrumar o caos em que deixaram a casa.

Gostaria de ter tido uma infância assim, repleta de outras crianças e fundida na alegria. Por isso quando de longe as vejo brincar, partilhar brinquedos mesmo que por algum instante haja uma breve disputa, sinto-me imensamente feliz porque saber brincar será uma das fundações para se ter uma perspectiva mais feliz da vida.

Haverá outras certamente, mas repito brincar é essencial!

Portanto deixem as crianças serem crianças todos os dias do ano.

Nunca me mascarei!

Não sou grande apreciador do Entrudo. Por todas e mais diversas razões, a saber algumas:

- porque sou a mesma pessoa o ano inteiro;

- porque nunca gostei de ser outra pessoa;

- porque há brincadeiras demasiado parvas nesta altura.

Foi na escola que iniciei a não apreciar esta quadra, mais precisamente quando fui Delegado. Nesse tempo tinha na minha turma uma senhora tão jovem quanto eu, mas já casada.

Por altura do Carnaval estava grávida e um dos alunos mais novos, no último dia de aulas antes das pequenas férias, espetou-lhe com um saco de farinha na cabeça, não cuidando do estado interessante da jovem colega.

Assisti ao longe ao caso, acorri logo à jovem e acabei por levá-la a casa. Na semana seguinte o marido apareceu na escola, veio agradecer o meu cuidado, mas queria saber quem o havia feito. Disse que se identificara o aluno, mas que estava a contas com a justiça escolar.

Resumindo... foi um sarilho que levou muitos dias para se resolver. E para acalmar! Desde esse dia nunca mais gostei desta festa nem nunca a comemorei.

Sei que actualmente o Carnaval tende a ser diferente, mas eu prefiro continuar afastado...

Todavia para quem gosta... desejo uma óptima festa e que se divirtam!

Tradições neste dia!

Hoje é o dia de Todos os Santos. Um dia normalmente dedicado a homenagear aqueles que já partiram deste Mundo.

Por cá não se foge à regra... E se nos últimos dois ou três anos não nos foi possível fazer a dita homenagem, este ano já irá ser possível até porque a campanha da azeitona já fechou as portas.

Mas este dia está marcado no meu coração por uma tradição antiga na aldeia onde passei muitos bons tempos. Chama-se nesse tempo o "Pão por Deus" e as crianças por esta altura batiam às portas a pedir o tal pão!

Na maioria recebiam broas próprias desta época e que ainda hoje há quem as faça,

20221028_151007_resized.jpg 

20221028_151745_resized.jpgnum forno de lenha onde o lume tem mais... sabor! Todavia alguém que fosse mais abastado poderia também depositar no parco saco que as crianças levavam umas moedas e curioso, curioso é que nunca falhavam os tremoços cozidos... Vá lá saber-se porquê!

Entretanto na aldeia beirã onde ora me encontro houve em tempos uma tradição que tem vindo a perder força. Essencialmente resumia-se na ideia dos mancebos do ano (normalmente os jovens que faziam 18 anos), durante a madrugada, roubarem os vasos de flores das casas e colocarem-nos... no adro da igreja.

Por esta altura muitos dos aldeões adoravam passar pela igreja, não para se confessarem ou assistir a alguma missa, mas unicamente assistirem ao invulgar espectáculo de um adro repleto de flores.

O tempo avança e algumas tradições vão-se perdendodo essencialmente porque há falta de crianças e juventude. Tristes sinais dos tempos.

Uma nota final para quem vem aqui ler: se tiverem conhecimento de tradições deste dia na vossa zona acrescentem em comentário...

A história de um país também se faz destes eventos! 

O som da memória... e não só!

Hoje recebi os meus velhos relógios da oficina! Mais de um ano depois de os ter entregue para manutenção e reparação eis ambos, recebidos quase com pompa e circunstância.

O primeiro e que foi para reparação é um Omega Automatic Bumper de 1944 que foi pertença do meu falecido sogro e que eu, de concordância com os herdeiros, fiquei com ele assumindo as despesas da sua reparação.

É um relógio clássico de pulso para homem. Sem ser de uma beleza extraordinária, para mim terá sempre um enormíssimo valor tendo em conta o seu primeiro dono.

20220831_194613_resized.jpg

Já o comecei a usar e trabalha impecavelmente... Pudera pelo preço que me custou a sua reparação...

Todavia a minha expectativa residia num velhíssimo relógio despertador e que está na família há muitos, mas muitos anos.

Dizem que esta preciosidade custou... 50 centavos! Valor hoje intraduzível para euros. Sempre trabalhou, mas como qualquer motor mecânico por vezes necessita de umas afinações.

Assim que o recebi dei-lhe corda.  

20220831_160453_resized (1).jpg

Ficou logo a trabalhar. POrém fui mais longe e dei corda ao despertador! Rodei com o ponteiro de despertar e passado uns minutos escutei isto...

Este é assim o verdadeiro som da memória. Daquele que há-de perdurar por muitos anos!

Valer a pena!

Pelos terrenos que lavrei na minha vida sempre tentei semear boas sementes. Não que pensasse em colher os melhores frutos, mas tão somente colher qualquer coisa que alimentasse o meu espírito sempre tão ávido de um afago.

Também toda a vida afirmei que quando me reformasse bastaria que alguém se lembrasse de mim apenas um dia num ano, mesmo não o sabendo, já sentiria que tinha valido a pena.

Mas ou fosse da semente, da terra ou do reles semeador a verdade é que tenho colhido muuuuuuuuuuito mais do que alguma vez imaginei.

Por vezes não são necessário almoços e jantares de despedida para nos sentirmos sinceramente homenageados. Basta uma palavra, um gesto, um mero sorriso para percebermos que não fomos indiferentes aos outros. Porque no fundo, no fundo isto é o que verdadeiramente conta nesta vida.

O resto em nosso redor serão sempre meras minudências que não valem um "cêntimo furado"!

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