O ano agrícola é fraco. Tão fraco que os marmeleiros que noutros anos carregam a valer este ano... um aqui outro ali conforme demonstra a imagra infra
Depois de muito batalhar apanhei uns quilos (poucos) de marmelos. A maioria estão tocados dos ramos mas estes têm outro gosto, já que o marmeleiro encontra-se encostadinho à ribeira (ainda seca) e sob um tecto de um frondoso amieiro que o poupou às altas temperaturas estivais.
Amanhã inicia-se a longa empreitada de fazer a bela da marmelada.
Como já escrevi num postal publicado ontem, trouxe da aldeia beirã um pequeno (terá sido?) carregamento de gamboas!
Este fruto nasce e cresce numa das nossas fazendas. Não recebe qualquer tratamento, a não ser alguma poda.
Ora quando cheguei ao chão encontrei muitos frutos caídos na terra seca. Portanto percebi que seria tempo de apanhar as gamboas. Escada a postos, eis-me a subir par colher os frutos grandes e suculentos.
Deixei lá meia dúzia na árvore já que os pássaros também têm direitos! Carreguei os outros para o carro e ainda ontem à noite após ter chegado retirei-os do porta-bagagens.
Esta manhã levantei-me cedo e fui buscar algumas gamboas para descascar e cozer. Mas curiosamente só hoje é que tomei o verdadeiro peso e tamanho dos frutos amarelos.
Fui escolher os maiores e quis perceber o peso e tamanho.
(repare-se na diferença entre figos, abrunhos e gamboas)
Deste modo peguei numa gamboa e coloquei-a numa balança digital
e descobri que esta "só" pesava 824 gramas.
O que equivale dizer que "apenas" 8 frutos semelhantes deram 3 quilos limpos que após bem cozidos com o açúcar devido, deram esta marmelada. Ou será gamboiada?
Durante milhares de anos considerou-se mal que a mulher seria inferior ao homem. Civilizações inteiras tomaram o sexo feminino como uma força menor, disponívcel apenas para procriar.
A história do Mundo veio provar o contrário e hoje, nas civilizações desenvolvidas, essa ideia não colhe apoios. É obvio que tanto o homem e a mulher são naturalmente diferentes. Mas com tendência a aproximarem-se cada vez mais.
Claro está que neste jogo a maternidade está fora de combate e não deve servir de forma alguma como desculpa. Assim sendo passemos ao que interessa!
Já aqui escrevi sobre o meu fim de semana de culinária. Atirei-me aos marmelos e cinco quilos foram transformados em marmelada. Doce, vermelha, deliciosa (é o que dizem).
Porém cá em casa uma mulher meteu as mãos e facas à obra e fez, à sua conta, também oito quilos de marmelada. Até aqui parece tudo normal. O problema é que ambos temos maneiras diferentes de fazer o doce. Ela usa um método arcaico com origens em meados do século passado e actualmente pouco eficaz. Eu um método muito mais rápido e não menos gostoso.
Em anos anteriores ambas as marmeladas surgiam claramente diferentes. A minha, como já referi, sai vermelha, macia, onde o gosto do próprio fruto sai realçado. A outra, amarelada mais perto da cor do marmelo, mas menos macia e onde o doce do açucar em ponto sobressai ao sabor do marmelo.
Porém este ano algo correu mal para a tradição. No final a cor de ambas marmeladas era precisamente a mesma para irritação da minha "adversária" e para meu (pequeno) delírio.
Só que neste saboroso duelo não há vencedores nem vencidos. Quem ganha obviamente é a família gulosa.