Eleições Francesas – Álvaro Cunhal teve razão!
Ainda bem que não escolhi ser político. Poderá ser uma profissão com nome e renome, com muitas vantagens e muito futuro, mas para mim não dava… E isto porquê? Porque simplesmente seria incapaz de dizer uma coisa hoje e outra totalmente diferente amanhã sem quaisquer pruridos, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Ora na primeira volta das eleições francesas os votos foram dispersados pelos diversos candidatos. Uns de esquerda e extrema-esquerda (Jean-Luc Mélenchon/Poutou/Arthaud), um socialista (Hamon), outro conservador (François Fillon), um mais liberal (Emmanuele Macron) e obviamente a extrema-direita (Marine Le Pen).
Para a segunda volta transitaram assim a líder da Frente Nacional e Macron, o liberal ligado à banca, de 39 anos.
No último Domingo os franceses voltaram a votar e a escolher. Os resultados foram os esperados (e os desejados pela maioria da Europa) e deste modo Emmanuel Macron vai viver para o Palácio d’Elysée, nos próximos cinco anos.
Bom, até aqui a democracia viveu-se na sua plenitude. Só que, para a primeira volta, a 24 de Abril, muitos foram os apoios dados aos diversos candidatos, especialmente vindo fora da França numa tentativa, quiçá desesperada, de tentarem virar o eleitorado gaulês, para uma esquerda mais radical e menos europeísta.
Com a passagem de Macron à segunda volta numa luta acesa com a candidata Le Pen, muitos dos partidos de esquerda acabaram por assumir o apoio ao banqueiro. Contra vontade muitos deles, creio eu…
Nisto tudo o que mais me admirou foi a eurodeputada portuguesa, Marisa Matias, vir a terreiro afirmar que foram os apoiantes de Mélenchon que fizeram Emmanuele Macron ganhar. Ela que considerava o liberal como a continuidade das más políticas europeias…
Então Álvaro Cunhal teve razão, quando nos anos 80 mandou o partido tapar a cara do candidato e votar em Mário Soares!
Como a história se repete…