O silêncio dos inocentes?
O número 2 do artigo 32º da Constituição da República Portuguesa diz textualmente o seguinte: “Todo o arguido se presume inocente até ao trânsito em julgado da sentença de condenação…”
Ao invés deste diploma a opinião pública é lesta em julgar e condenar aqueles que ainda não o foram pela justiça. Acrescento que esta postura não se trata de verdadeira justiça, mas pode deformar e de que maneira a vida futura do ou dos visados, mesmo que sejam declarados inocentes.
Trago este tema no seguimento do que tem vindo a lume sobre o antigo Ministro da Economia de José Sócrates, Manuel Pinho. As acusações que pairam sobre este antigo governante podem ser graves, mas é necessário que o Ministério Público faça o seu trabalho, antes de se assumirem condenações prévias.
Não bastava já a Portugal termos algumas feridas expostas com os casos José Sócrates e Ricardo Salgado, para agora surgir mais este conjunto de suspeitas sobre alguém que era, segundo li, um mero testa-de-ferro do Grupo Espírito Santo.
Muita gente critica o silêncio de Manuel Pinho. Eu acho que ele faz muito bem. Na verdade o antigo governante, que nunca foi uma sumidade em comunicação – relembro a sinalética taurina em pleno hemiciclo parlamentar e que lhe valeu a demissão, faz bem em manter-se calado. Não que esta postura o iliba, mas pelo menos não o enterra (ainda) mais.
Termino com a sensação de que, neste momento, as suspeitas que recaem sobre o antigo Ministro, são o pior que podia acontecer a José Sócrates.