Quando cheguei aos 60 anos, e ao invés dos sexagenários da época em que era miúdo que consideravam ser os únicos donos da verdade, eu com esta idade passei a aceitar tudo sem fazer muitas ondas.
Portanto aceito que os nossos políticos nos mintam permanentemente, que os corruptos sejam sempre ilibados dos seus crimes, que a justiça seja demasiado demorada, que as vacinas sejam entregues a quem mais pode e não a quem mais necessita.
Aceito que alguém ao fim de meio século de vida perceba que andou escondido num qualquer armário e saia finalmente de lá, como aceito que mintam quando me dizem: estás cada vez mais novo e eu a ver todos os dias aquelas rugas e a pele cada vez mais flácida.
Aceito tudo... menos o idiota do meu vizinho que sempre que me apanha lá por casa dá em colocar uma qualquer rádio em altos berros a debitar música brasileira "pimba"!
Poderia escolher "pimba" luso... até porque há algumas coisas engraçadas. Mas brasileiro? É de um mau gosto atroz. Esperto fui eu pois andei a aspirar o carro e sempre que o aspirador parava tinha o rádio do carro sintonizado na simpática Smooth FM (passe a publicidade!).
O meu vizinho deve ter percebido a diferença das músicas pois num instante deixei de escutar o rádio.
São incontáveis as vezes que ouvi esta música enquanto jovem,
para nos anos 90 poder escutar esta banda ao vivo no velhinho estádio de Alvalade, quando servia de suporte aos Bon Jovi. Naquela altura achei mesmo um escândalo pois os Van Halen mereciam um espectáculo dedicado. Mas enfim...
Eddie Van Halen morreu hoje aos 65 anos vítima de um cancro na garganta, deixando um conjunto de discos e músicas imperdíveis.
Dar um salto para aternidade não é para todos. Mas o guitarrista da banda americana fê-lo com muita competência.
Entretanto ontem morreu, aos 80 anos, Johnny Nash. A música por estes dias tem deixado partrir demasiada gente. Ainda por cima grandes músicos.
Deixo aqui o tema de maior sucesso do cantor americano.
Se há pessoas que nunca deveriam desaparecer do Mundo, este compositor italiano, deveria ser uma delas. Ennio compôs dos melhores temas, das melhores músicas que o cinema já teve.
É quase infidável a lista de filmes em que Morricone participou com as suas belas melodias. Que a sétima arte ficará agora mais pobre é certo, pois dificilmente haverá um compositor que conseguisse somente com a sua música colocar um cunho tão pessoal nas suas fantásticas melodias.
Lamento profundamente o seu desaparecimento, mas de uma coisa tenho a certeza: Ennio Morricone irá tocar agora as suas belas e comoventes músicas de cinema no Paraíso.
Não só de livros vive o homem, isso é certo. Até porque há muita gente que não tem hábitos de leitura. Por isso a música merece outrossim destaque nesta minha nova vida de prisioneiro.
O meu gosto atravessa muitas décadas, muitos tipos de música e logo daí muitos artistas. Assumo que das músicas mais recentes conheço pouco e não gosto muito de julgar sem ouvir.
Entretanto fui a um dos armários com discos e procurei escolher algumas obras que me marcaram nestes derradeiros sessenta anos de vida. Portanto, se puderem, escutem alguns destes artistas, músicos, maestros e verão como a liberdade física que vos é por ora negada cresce um cada som.
A ordem que apresento não tem a ver com a minha maior preferência. De todo... Escrevi conforme os discos aparecem na minha mão (e não só). Então vamos lá:
Frampton comes Alive - Peter Frampton
- talvez um dos melhores albuns ao vivo do século XX;
Made in Japan - Deep Purple
- um disco que é um marco na música rock dos anos 70. Imperdível!;
White Mantions - Vários
- um CD que anda sempre no carro. Creio ser inequívoco;
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band - The Beatles
- o melhor disco dos The Beatles e um dos melhores do século passado;
Secos e Molhados I - Secos e Molhados
- Um disco surpreendente e irreverente. Obrigatório escutar.
A Night at the Opera - The Queen
- O melhor disco da banda inglesa onde Fredy Mercury foi a estrela maior;
Whish you Where Here - Pink Floyd
- Um disco a raiar a perfeição. Não há adjectivos suficientes;
Ar de Rock - Rui Veloso
- a música portuguesa no seu melhor. E mais não digo;
Alchemy - Dire Straits
- um duplo disco também ele ao vivo e soberbo;
Best Moves - Chris de Burgh
- uma compilação das melhores músicas do cantor de origem irlandesa e que nasceu na Argentina.
Tenho no meu carro o cd de um disco que tem muitos anos, mas do qual nunca me liberto. Chama-se "White Mantions" e conta uma estória dentro da história daquilo que foi a guerra civil americana.
Um disco que me acompanha há muitos anos.
Entretanto hoje tive uma belíssima surpresa ao ser brindado com um conjunto de discos do cantor Jacques Brel.
Uma colectânea de 60 das melhores canções que eternizaram o grande cantor, compositor, actor e realizador belga que morreu demasiado cedo, aos 49 anos.
Agora é simplesmente escutar... no meu carro, obviamente!
Li que morreu num acidente de viação Patxi Andion.
Por acaso nunca tive a oportunidade de o ver actuar em Portugal, mas sempre gostei de o escutar aquela voz rouca mas muito bem timbrada e inconfundível.
A música castelhana perdeu um dos grandes canta-autores.
Que descanse em paz, seja lá onde estiver.
Provavelmente "muy" perto de Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira ou Áry dos Santos.
O maestro holandês Andre Rieu voltou ontem a mostrar ao mundo luso porque é já um fenómeno. O pavilhão multiusos que a Expo98 ofereceu a Lisboa encheu-se até ao limite dos seus lugares, exclusivamente para receber uma orquestra que vai para além de tocar umas músicas conhecidas.
O concerto iniciou impreterivelmente à hora prevista e durante perto de três horas Andre fez esquecer as tristezas e amarguras que os presentes pudessem ter, utilizando não só a sua orquestra bem afinada e oleada, mas valendo-se outrossim de uma simpatia e um charme que o público luso está pouco habituado.
Muitas músicas conhecidas, outras nem tanto, interpretações de cantores líricos de alto nível, instrumentistas invulgares, luzes, cores e muita competência e qualidade.
O maestro do país das Túlipas não deixou nada ao acaso e após mais de duas horas a tocar, desde tangos, valsas, arias de ópera e até temas de filmes, o público presente ainda teve direito a quase meia hora de “encores” onde se pode escutar algumas músicas de Natal, dois temas de “Rock and Roll”, samba e até a célebre canção popular “A loja do Mestre André”.
Resumindo um espectáculo de música que foi muito mais que um mero concerto. Que poderá ser revisitado em Novembro do próximo ano.
Se tudo correr como espero e desejo o serão desta noite será passado a assistir ao espectáculo dirigido por André Rieu à frente da sua orquestra. Não imagino se será igual a este que aqui divulgo e que foi apresentado em Abril passado.
Desde há uns anos que as televisões apostaram num tipo de programa que deu a conhecer ao mundo pessoas, até ali anónimas, mas que demostraram em palco "performances" fantásticas.
Há pouco tempo trouxe aqui um desses exemplos (acresce dizer que aquele grupo acabaria por chegar até à final, sem contudo a vencer).
Estes concursos, desafios ou o que lhe queiram chamar deram-nos assim a conhecer grandes artistas. Relembro Paul Potts ou Susan Boyle, só para referir dois bons exemplos. Mas surgiram muitos mais seja na Grã-Bretanha, como nos Estados Unidos ou noutro país qualquer onde o concurso se desenrola.
De vez em quando vou espreitando as novidades neste género de espectáculos que agora se alargaram a quase todo o lado. Já vi um bocadinho de tudo: cantores, dançarinos, ginastas, mágicos... Muitos deles com actuações incríveis!
Mas decididamente não estava preparado para escutar este idoso súbdito de Sua Majestade. A serenidade, a genuidade e o carinho que Collin de 89 anos colocou nas suas três canções levaram-no a vencer este ano o concurso britânico. Sem espinhas.
Um exemplo perfeito de como a idade é somente... atitude!