Parece que decorreu meio século, mas foi há cinco anos que uma tal de gripe denominada COVID-19, oriunda da China, entrou nas nossas casas e vidas transformando todas as nossas certezas em horríveis dúvidas.
Também fui abrangido por essa malfadada gripe. Desde essa altura tenho um olfacto mais apurado de tal maneira que por vezes cheira-me a coisas que não existem cá em casa. O ano de 2021 havia começado, eu já me encontrava bem reformado e com uma catraia para tomar conta.
Naquele dia 8 de Janeiro senti-me realmente doente e daí até ao fim de duas semans ou mais alimentei-me quase só de medicamentos. No entanto nunca tive tosse nem sequer falta de ar.
Decorridos que foram uma mão cheia de anos sobre esses terríveis acontecimentos eis-me desde há cerca de um mês com uma tosse que me irrita olimpicamente e constrange assustadoramente os outros. Consultados médicos de diferentes especialidades as opiniões divergem: alergia diz a especilista na área, inflamação na garganta sugeriu o Otorrino, apenas um virus assume o médico generalista.
Bom, o que sei é que esta maldita tosse não me larga (até já fiz fumigações com folhas de eucalipto!!!), tomei caixas de bilastina e já enfiei litradas de água pela narina, Tudo para amenizar esta maleita que tarda em passar.
Dou novamente um salto à pandemia e às dificeís decisões que tantos médicos tiveram de tomar quando não tinham ventiladores para todos os doentes. Escolher entre a vida e a morte de alguém é um acto divino, mas que por aquela altura quase passou a corriqueiro.
Talvez por me lembrar desse triste tempo e por ter o meu neto ao meu colo é que me perguntei: se ambos estivessemos a necessitar de um ventilador para poder simplesmente respirar a quem seria entregue?
A mim que já sou velho ou ao E. que tem nove meses?
A ciência médica tem evoluído de forma fantástica, principalmente, no último meio século muito à custa das novas tecnologias. Desde um simples RX, à Ressonância Magnética ou a uma Tomografia Axial Computorizada, já para não falar dos potentíssimos microscópios ou demais ferramentas cirúrgicas, em todos estão presentes diferentes e assertivas tecnologias.
Nenhum dos actuais médicos vive sem o uso de ferramentas tecnologicamente evoluídas o que torna a medicina, por um lado mais fácil mas por outro com acrescidos níveis de responsabilidade.
Na passada sexta feira fui ao meu médico cardiologista que até há pouco tempo estava num dos diversos hospitais privados depois de ter passado por alguns públicos.
Sou amigo deste médico desde os tempos de escola. Sempre bom aluno cedo percebi que estaria ali um fantástico clínico. Não me enganei!
Hoje é responsável máximo na sua área, numa conhecida clínica. Saiu de um lado, foi para o outro, avisou.me da mudança, mas eu segui-o como achava que deveria fazer.
Abraço daqui e dali, lá fomos para a consulta.
Após uma espécie de prefácio onde ele me agradeceu a confiança passou a explicar-me o que se seguiria. Disse ele:
- Agora com os computadores muitos médicos têm dificuldades em transcrever na totalidade toda a história clínica do doente, até porque cada paciente fala a uma velocidade e a dicção também é assaz diferente.
Perante esta verdade (quase) indesmentível explicou-me o que se iria seguir.
- Isto é um microfone que gravará a nossa conversa toda. No final perceberás.
Bom iniciámos a conversa e falei de tudo o que já havia tido em termos de doenças, respondendo às diversas questões formuladas. Após uma óptima conversa ele avisou-me que iria desligar o microfone e perceber se faltava alguma coisa.
Segundos depois aparece no visor informático toda a nossa conversa à qual foi subtraída toda a informação sem qualquer interesse médico. Um espanto informático que tem como base a Inteligência Artificial.
Fiquei maravilhado com o que assisti. Não ficaram registos alguns de temas diferentes de área médica. Se falasse de futebol ou política a aplicação não ligaria ao tema.
Assim sim... a IA poderá ser uma mais valia! Que deveria ser implementada em todos dos hospitais e centros clínicos. Poupar-se-ia certamente muito tempo e recursos!
Uma das profissões que jamais abraçaria seria relacionada com a saúde. Mexer na e com a vida das pessoas, nomeadamente saúde é um enormíssimo risco.
Todavia nem consigo imaginar como deverá ser aliciante ver a vida transformar-se numa criança, perceber aquele enfemo recuperar totalmente de uma maleita, dar luz ou som a quem não vê ou ouve.
Só que ser médico, enfermeiro, auxiliar exige um enormíssimo espírito de sacrifício, uma quota parte de coragem e outro tanto de muuuuuuuuuuuuito bom senso.
Pelos diversos hospitais por onde tenho passado seja como doente, acompanhante ou apenas visita apercebo-me que o pior com que o pessoal de saúde tem de lidar, não são as enfermidades, mas a forma como cada enfemo encara a sua própria doença. E consequentemente os familiares!
Não consigo perceber porque têm os doentes de se queixarem em altos berros numa sala de urgência, se isso não os curará ou porque disparam contra os médicos, enfermeiros e auxiliares como se todos estes fossem culpados de todos os males do Mundo.
Trabalhar em saúde deve ser desgastante fisica e psicologicamente. E tanto faz que se trabalhe numa instituição do Estado como numa privada... o problema terá sempre a mesma origem: os utentes e familiares.
Estou internado desde segunda-feira e provavelmente ficarei até sexta, mas não posso deixar de dizer que sou tratado de forma irrepreensível. Pelos médicos, enfermeiros e auxilares. Sem excepção.
Não serve este postal como agradecimento, mas tão somente como constatação de factos! Reais!
E o cirurgião também pois já aqui veio hoje! Fora isso não imagino como terá ficado a restante equipa.
Dando um salto em frente nos acontecimentos comunico que estou bem sem dores e com a barriga a nadar em litros de água. Fui operado à prostata numa cirurgia mais ou menos célere e sem grandes problemas.
Um processo rápido entre a decisão cirúrgica (entre mim e o médico) e a execução ontem do acto clínico.
Antigamente os hospitais privados eram destinados aos portugueses mais endinheirados. Mas com a crise na saúde especialmente na saída de médicos para o sector privado, este ficou mais apetrechado em qualidade e competência. Depois os seguros de saúde e outros acordos de empesas e sindicatos levam aos hospitais particulares mais doentes, libertando de certa forma as unidades públicas.
É certo que os valores das acções médicas são mais caros, porque no SNS não se paga, mas há sentimentos mais importantes que o dinheiro e que se chama... qualidade de vida, ainda por cima se esta for assente na nossa saúde.
Posto isto e para finalizar trouxe o portátil mais pequeno e por aqui vou dando caminho a alguns projectos.
No início do Verão de 2021 escrevi este postal assumindo a decisão de entregar-me aos médicos, de forma a ser avaliado o estado da minha saúde.
Desde esse dia já bati a não sei quantos gabinetes médicos: Otorrino, Oftaolmologtia, Cardiologia, Urologia, Gastro e até Alergologia... Não imagino a quantos mais especialidades terei de ir.
Entretanto recentemente a minha médica de Gastro, que descobriu em mim um ror de pequenas maleitas (gastrite, pólipos, ferro a mais, etc, etc, etc!), diz com todas as palavras perante os resultados de novas análises:
- Não gosto destes valores pancreáticos... Podem querer dizer um tumor maligno no pâncreas!
Se não morri naquele instante pouco terá faltado. Sei que não sou eterno, como ninguém o é. Todavia dizer-me aquilo assim de sopetão, deixou-me quase de rastos.
Cuidei em não dizer nada a ninguém pois não queria causar algum pânico familiar. Semanas mais tarde fiz uns exames mais completos (ressonância magnética com contraste) e aguardei desesperado os resultados.
Finalmente eis a notícia do resultado, mas como não percebo nada de medicina aguardei pela consulta. Estão a imaginar a minha cara quando defronte da médica aguardei o terrível veredicto.
- Nada de anormal... apenas uns pequeníssimos quistos sem importância.
O meu coração saltou de alegria, mas em vez de fazer uma cara feliz e contente, não exibi qualquer emoção. Saí do consultório com a firme vontade de nunca mais lá aparecer, mas dizem os especialistas que ela é das melhores na sua área.
Agora, semanas passadas sobre este estranho evento médico, dei por mim a pensar qual a necessidade daquela médica em assumir uma desconfiança sem ter certeza. Até poderia ter o palpite, mas o bom-senso deveria sobrepor-se a frieza das palavras.
Mas isto sou eu que não percebo nada de medicina! Só que andei algumas semanas bem assustado! Olá se andei!
Já em tempos falei daquilo que são os hospitais on-line. O que não quer dizer consultas... Que são coisas bem diferentes. Na segunda há um contacto com o médico mesmo que seja via câmara e portátil, enquanto na primeira há apenas uma pesquisa na internet.
O conhecimento é algo muito importante. Todavia é sempre necessário uma certa capacidade para perceber onde começa o exagero ou acaba o bom-senso. Dito por outras palavars nem tudo o que se lê na internet é verdadeiro.
Da mesma maneira que os medicamentos descrevem todos os sintomas de efeitos secundários conhecidos para aqueles medicamentos isso não implica que todas as pessoas sofrerão esses mesmos efeitos.
Portanto minha gente... quando tiverem um problema de saúde procurem um médico verdadeiro, daqueles de carne e osso e não se embrenhem em teorias, algumas delas mirabolante e quase de conspiração, para explicar a vossa doença.
Haja, como já referi acima, bom-senso para saber distinguir o trigo do joio!
Muito se fala agora sobre a problemática da falta de médicos nos hospitais com a agravante de um recém nascido ter falecido por falta de assistência especializada.
Diria que em traços gerais este é um problema que há muito se previa. Basta olhar para a quantidade de novos alunos nos cursos de medicina (poucos!!!) para se perceber que mais tarde ou mais cedo a coisa teria de estoirar.
Obviamente que se em vez de um bebé tivesse sido um idoso a morrer, provavelmente ninguém faria desta situação o drama que se está a fazer. Mas isto sou eu a pensar alto!
Infelizmente nas últimas semanas deste Verão tão escaldante, as minhas idas a hospitais têm sido frequentes. Mas faz parte porque tenho na família gente com muita idade e que necessitam de cuidados permanentes.
Pelo que percebi os serviços de urgência estão cheios. Os médicos desdobram-se em atendimento a este e depois àquele para logo a seguir ser mais outro. Um verdadeiro corropio que esmaga qualquer pessoa tal é o "stress" associado.
Faltam médicos? Faltam. Faltam enfermeiros? Claro que sim! Como faltam auxiliares e muitos outros técnicos de saúde.
Mas deveria o Estado pagar melhor a esta gente, que muitos deles não optariam pelo estrangeiro e muito menos pelos hospitais privados.
Todos nós descontamos muitos impostos mensalmente. Já para não falar dos indirectos... Por isso bastaria aos consequente governos negociarem uma carreira específica para esta gente da saúde associada obviamente a uma tabela salarial compatível.
Problema! Se o que escrevi no parágrafo anterior viesse a manifestar os outros sectores do Estado (professores, administração pública, administração autárquica... etc, etc, etc) viriam logo a terreiro dizer que também queriam reformulações laborais.
Solução? Não fazer nada e pontualmente acertar uns acordos!
No início deste mês escrevi este postal onde me predispunha a entregar a minha saúde nas mãos dos médicos. Porém é necessário ter cuidado com esta classe pois não são de fiar porque... quem diria... também morrem!
Seja como for já fiz análises (parecem que estão boas!), uma série de RX's e uma ressonância magnética à coluna.
Como a Medicina não é, de todo, a minha área de interesse sempre que faço exames nunca vou ler os resultados. Aquilo é uma linguagem tão inapropriada para um leigo que se for ler o que lá diz posso ficar a pensar diversas coisas e a maioria estranhas.
Leiam por exemplo esta frase:
"Pequeno nódulo de Schmorl no planalto somático inferior de L3, com alterações degenerativas Modic tipo I e II à periferia".
Jamais imaginei que tivesse montanhas dentro de mim quanto mais planaltos... Depois o tal de "nódulo"... imagino que seja um bicho daqueles capaz de me devorar em menos de nada... Mais, não conheço esse tal de "Schmorl" de lado nenhum... nem o "Modic" que parece nome de futebolista!
Portanto das duas uma:
- ou estou prestes a dar o berro;
- ou estes nomes devem ser dos parafusos e porcas que apertam os meus ossos!
Deixando para lá a parvoíce das palavras supra, sou um mero leigo nestas andanças médicas e ligo muito pouco (diria que quase nada!!!) a este léxico tão inapropriado. Acho que os relatórios deveriam ter no final uma palavra só para definir o estado do paciente.
Sugiro algo deste género: apto ou inapto.
Bastaria para perceber se estou a horas, dias, semanas de morrer ou se ainda poderei ver os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Reconheço que posso incorrer num erro, mas não gosto de andar na estranha dança de médicos. Conheci muita gente que ao primeiro ligeiro sintoma de dor, espirro, fosse o que fosse, aparecia logo defronte de um médico em busca de tratamento.
Nunca fui desse clube semi alarmista.
Porém, com o caso do meu amigo que em menos de um mês se foi embora, para enorme tristeza minha, e tomando em consideração a minha idade terei de concordar com aqueles que me estáo sempre a alertar para ir fazer exames de rotina.
A semana passada consultei um otorrino que me mandou fazer exames para ver até que ponto está a minha surdez. Hoje fui fazer análises e amanhã tenho consulta de ortopedia. Também já marquei Gastro e Urologia e não sei se ficarei por aqui.
Chegou portanto a hora de me entregar nas mãos dos médicos. Veremos como sairei deste confronto, Só espero e desejo que sejam competentes.
No início deste mês fui com o meu pai a uma consulta de rotina de cardiologia. O médico assitente é um velho amigo dos tempos de escola, cujo percurso académico acompanhei.
Quando casei deixámos de nos contactar e só muito mais tarde voltámos a encontrar-nos, curiosamente no hospital onde trabalha.
Isto apenas para dizer que respeito muito a sua opinião porque é geralmente muito bem fundamentada em estudos e experiências e obviamente em muitas leituras técnicas.
Aquando da dita consulta deixei que fosse a minha mãe a acompanhar o meu pai, ficando eu na sala de espera. O médico é muito pontual e assertivo na consulta, mesmo que seja o meu pai que o conhece há mais de quarenta anos.
Quando os meus regressaram à sala de espera vinham acompanhados do meu amigo. Aproximei-me o suficiente para lhe dar uma cotovelada ao mesmo tempo que ele me dizia:
- Então não queres ser vacinado?
- Eu fui infectado... deverei ser dos últimos e não quero tirar a vez a ninguém.
Ele assumiu:
- Dizem que só se deve vacinar após seis meses, mas também não vi nada escrito!
"Touché" pensei eu.
Despedimo-nos.
Desde esse dia tenho matutado na ideia de que, mesmo passado todo este tempo, os médicos continuam com demasiadas dúvidas quanto às vacinas. Fala-se já numa terceira dose...
Entretanto tentei agendar uma vacina, mas ninguém me respondeu. Portanto devem ser mesmo os seis meses.