"Já lhe dei o meu cartão?"
A frase/pergunta do título deste postal remonta aos anos setenta aquando da entrada nas nossas casas da primeira telenovela brasileira chamada "Gabriela, Cravo e Canela" do escritor, jamais nobilizado, Jorge Amado.
Lembrei-me desta frase no passado Sábado quando me encontrava na fila para pagar combustível e reparei que a senhora que me precedia teve de se valer de um quinto cartão para poder pagar a despesa feita.
Também eu tenho vários na carteira, mas nunca tive essa necesssidade de rapar de uma série deles para que um pudesse pagar a minha dívida.
Quando trabalhava encontrei diversos casos de pessoas com seis, sete cartões e até mais, todos eles de crédito. Com um pagavam o crédito do outro e assim sucessivamente, até à altura em que os rendimentos... não chegavam para pagar as dívidas.
A literacia financeira dos nossos ancestrais avós (poupar para uma eventualidade) foi modernamente substituída pela ideia do "gastar vamos"! Com as tristes figuras que muitos fazem.
Neste caso não sei se a senhora teria algum problema com cartões ou apenas buscava um onde pudesse encaixar a despesa. Todavia fico sempre desconfiado quando dou conta de casos onde as pessoas assentam a sua normal vida numa filosofia tão popular como é a do popular "maltês de bronze: ganha dez e gasta onze"!
Continuo a dizer que é necessário ensinar as crianças, desde o básico, que o dinheiro também serve para... poupar!