Sentado à mesa onde antigamente foi uma das melhores pastelarias da Baixa Pombalina, agora substituída por uma daquelas casas de poucos produtos, mas muitos estrangeirismos, bebo um café quase frio.
São oito e meia da manhã. Noutros tempos o movimento por aqui seria enorme. Hoje aquilo que foi o coração da capital é um "pacemaker" sem graça nem força.
As livrarias foram substituídas por lojas desinteressantes. Os cafés fecharam quase todos e os poucos que ainda resistem mudaram de filosofia.
Os bancos que por aqui acolhiam milhares de empregados foram substituídos por hotéis, vulgares entrepostos de um Mundo sem rumo.
As lojas de pronto a vestir deram lugar a espaços atafulhados de lembranças de uma cidade que na realidade já não existe.
Os restaurantes da minha boa memória são agora casa de comidas sem gosto nem qualidade.
Uma profissão que poderia ter tido era... táxista.
Conheço bem a cidade de Lisboa. Muitos recantos, ruas estreitas e caminhos mais rápidos para chegar ao destino.
Hoje parecia um táxista ou um condutor dessas plataformas de automóveis de aluguer. Comecei nos arredores de Lisboa, mais precisamente em A-da-Beja para ir parar em primeiro lugar a um hospital na actual zona nobre da cidade, mais conhecida como Parque das Nações.
A meio da manhã lá fui para o outro extremo da cidade em busca de outra pessoa que também estava num hospital. A meio do caminho percebi que havia percorrido somente nesta manhã mais de 60 quilómetros através de estradas e auto estradas que circundam a capital.
Ainda bem que conheço muitas vias alternativas para chegar a qualquer lado nesta urbe. Todavia por vezes também fico preso no trânsito. Hoje não foi um dia desses.
Mas há algo nestas estradas, avenidas, ruas e vielas e que se prende com o estado do pavimento que mui rapidamente se deteora.
Seria bom que alguém com responsabilidades camarárias neste sector tivesse conhecimento e melhorasse as vias.
No seu último, mas não menos infatigável dia o Papa Francisco presidiu à eucaristia desta manhã no Parque Tejo onde milhares de peregerinos se voltaram a juntar (provavelmente a maioria nem saiu de lá durante toda a noite!) para ver e escutar mais uma vez as palavras sempre marcante do Santo Padre.
Uma homília curta, mas nem por isso menos afoita. Francisco apelou aos jovens para "não terem medo" numa alusão à maneira como muita juventude esconde as suas ideias com receio do que os outros pensam. Poderia mesmo acrescentar que este "Não temam" poderia ser dirigido àqueles que escondem a sua tendência profissional, cultural e até sexual. Mais uma vez muito bem o Papa Francisco.
No final Francisco agradeceu a todos quantos acreditaram e fizeram acontecer estas Jornadas Mundiais da Juventude e comunicou Seul como destino das próximas JMJ. Em 2027!
Cabe-me agora também agradecer ao Papa tudo o que fez por esta juventude. Foi um exemplo de pujança, vigor, perseverança e resiliência. Uma imagem que deveria perdurar por muitos anos nos corações dos jovens presentes.
Fica, quiçá, uma questão em aberto: que irão fazer os jovens presentes com todo este capital emocional e de fé que receberam durante estes dias? Só espero e desejo que nenhum deles, nenhum mesmo, num futuro mais próximo ou mais longo seja fomentador de uma guerra, como vemos ora espalhadas pelo mundo.
Finalmente termino com uma expressão beirã: bem-haja Papa Francisco!
Há um ditado bem português que diz: entre marido e mulher não metas a colher! Mas em Lisboa há uma versão que sofreu uma adenda e que reza assim: entre marido e mulher e dois táxistas não metas o bedelho!
Ontem fui levar os meus pais a meio da tarde ao terminal dos Expressos em Sete Rios, onde apanharam o transporte de regresso a casa.
Dei conta que o terminal estava quase à cunha de passageiros! A movimentação de autocarros era enorme àquela hora da tarde, muito perto das 17 horas. Fiquei por ali a acompanhar os meus pais até que o autocarro apareceu e os meti lá dentro.
Vim embora, pagando antes o estacionamento na máquina que por acaso não estava a funcionar convenientemente! Quando cheguei ao parque de estacionamento dei conta que este estava repleto e havia fila para sair.
Duas filas estavam formadas! Uma à minha esquerda e que saía directamente para a rua e outra à minha direita que entroncava mai à frente na da esquerda. Decidi sair para a esquerda e fiquei parado atrás de um táxi. A deslocação fazia-se â maneira de roda dentada. De repente dei conta que uma viatura da direita, também um táxi, tocara no que estava à minha frente, mas nada de preocupante.
Saem os dois táxistas a refilar um com o outro. Não ouvi o que diziam porque tinha os vidros fechados para poder escutar melhor o cd de Chris Rea, todavia percebi que o diálogo não parecia ser simpático. De súbito alguém atrás de mim carrega na buzina.
Acto contínuo os dois táxistas olham para mim pensando que fora eu. Só que o condutor que me seguia e que apitara teve o condão de barafustar também com as mãos, dando aos táxistas azo para dele se aproximarem e trocarem alguns antipáticos galhardetes.
Depois acalmaram e cada um seguiu o seu caminho!
Fiquei a pensar na coisa: dois táxistas em demanda unem-se contra quem se meteu no meio da briga!
A primeira vez que tive um verdadeiro contacto com uma feira de Natal foi em 2019 na bela cidade de Barcelona. Como na altura escrevi não tinha qualquer consciência do que seria uma feira de Natal.
Mas como estamos cá para aprender eis que este ano decidi visitar duas feiras que em nada se assemelham àquilo que me foi dado observar na capital catalã, há três anos.
A primeira foi a Cascais Christmas Village 2022 na bela vila da Costa do Sol. Um local bem aprazível com muitas ofertas para a criançada e que mereceria da nossa parte termos chegado mais cedo. Tem a vantagem de se só pagar um valor e depois os acessos às brincadeiras dentro do recinto são gratuitos.
Hoje repeti a dose de visitar mais um mercado de Natal. Desta vez coube ao Wonderland Lisboa situado na Parque Eduardo VII no centro da capital. Estacionei o carro no parque do Palácio da Justiça e desci até ao "Mundo Maravilhoso". A entrada é gratuita, mas os acessos às atracções são pagas, independentemente da idade.
Num espaço mais amplo, com muita diversidade e looooooongas filas de espera, nomeadamente para a roda gigante e para a pista de gelo, este mercado/feira caracteriza-se por uma grande variedade de pequenas lojas. Com muito artesanato giro e curioso.
Mas o que mais me surpreendeu foi a quantidade de casinhas a vender todo o tipo de comida. Calculei que uma pessoa que entrasse no recinto e pesasse 60 quilos, se iniciasse um périplo por todas as tasquinhas, no final da volta pesaria certamente 120.
Resumindo: a neta adorou os passeios e nós prometemos voltar para o ano com muuuuuuito mais tempo.
Já por mais de uma vez que refiro que Lisboa deixou de ser uma cidade pacata para se tornat uma espécie de torniquete com gente a entrara e a sair.
Comprfeendo que o turisto poderá ser o petróleo do futuro, especialmente para aqueles locais que souberem agarrar o estrangeiro de todas as maneiras e feitios.
Talvez por isso a cidade de Lisboa, especialmente a Baixa Pombalina e arredores, esteja quase transformada num enormíssimo estaleiro de obras.
De vez em quando tenho afazares na capital. Para tal levo o carro que estaciono num dos parques da cidade, geralmente o que fica na praça do Munícipio, e vou à minha vida.
Mas hoje a viagem correu menos bem, Como não oiço nem vejo notícias, nem vejo televisão não me apercebi de greve na CP. Resultado demorei quase uma hora para chegar onde queria e depois de tudo tratado demorei mais hora e meia a sair da cidade.
Portanto imaginem este cocktail urbano: obras e mais obras, com cortes de vias e muitos desvios, greve de transportes, pré-época de Natal com as descargas habituais de produtos por tudo o que é loja, e a cereja no topo do bolo, a chover...
Dá para perceber que a cidade já de si muito trapalhona tornou-se hoje profundamente caótica! Como já não via há muito tempo!
A letra do célebre fado Zé Cacilheiro, cantado em 1966 por José Viana diz a certa altura:
"...Eu vi, ou então sonhei
Que os braços do Cristo Rei
Estavam a abraçar Lisboa..."
É perfeita esta descrição do Santuário do Cristo-Rei, um verdadeiro ex-libris da cidade de Almada, onde eu vivi durante 26 anos.
Regressei ontem àquele monumento e percebi diversas coisas:
- a primeira que Lisboa é uma cidade fantástica;
- a ponte sobre o rio Tejo continua a ser "uma passagem para a outra margem" como cantaram os Jáfumega;
- o casamento entre o rio e as margens, do lado da capital, ainda não será o perfeito, mas para lá caminhará, julgo eu;
- a cidade de Almada cresceu muito nos últimos anos, quiçá em demasia.
Posto isto fica o filme supra e as fotos que são fracas devido, essencialmente, a terem sido feitas com telemóvel e a manhã plúmbea não ajudar a uma melhor resolução de fotos.
Passaram mais de dois anos desde que andai pela última vez de Metropolitano em Lisboa. Teria de recuar a Maio de 2020.
Tirando o facto das pessoas no Metro andarem de máscara colocadas diria que tudo se mantém como antigamente. Nada mudou...
Mas teria forçosamente de mudar? Perguntar-me-ão alguns de vocês que lêem isto. Não sei de deveria mudar alguma coisa pois quem poderá responder à questão são os utilizadores permanentes deste meio de transporte.
Voltando à minha viagem, fiquei a saber que o meu instinto de orientação continua intacto, não obstante na estação de Campo-Grande surgir uma breve dúvida sobre que linha teria de apanhar. Que rapidamente percebi.
O Metropolitano continua a ser o meio de transporte mais rápido para atravessar a cidade de Lisboa.
Só conheci fisicamente o Parque Mayer em 1979 quando fui trabalhar para aquela zona da capital. Já não me lembro o dia que entrei naquele recinto pela primeira vez, mas tenho ainda hoje consciência que aquele local continha qualquer coisa de diferente.
Almocei muitas vezes em alguns dos restaurantes que havia naquele espaço. Comprei livros em alfarrabistas e gastei rios de dinheiro nas casas de jogo de “flippers” que existiam por lá.
Mas o que mais me surpreendia era ver os actores – aqueles mesmos que surgiam amiúde nas televisões - passearem-se por aqueles lugares e alguns a almoçarem na mesa ao lado da minha.
Conheci por isso Ivone Silva, Octávio de Matos, Henrique Santana e muitos outros cujos nomes já não me lembro.
No entanto há uma actriz que já não actuava por aquela altura, mas que todos conheciam e idolatravam. Chamava-se Beatriz Costa e mantinha a sua franja que tão bem lhe assentava.
Simpática e afável tinha sempre uma palavra de carinho para quem com ela se metesse. Geralmente costuma almoçar no melhor restaurante do Parque Mayer da altura e que se chamava Dominó.
Recordo-me também dos teatros ABC, Variedades (onde cheguei a ver Raul Solnado em “Há petróleo no Beato”) ou o Maria Vitória. O Capitólio fora por aquela altura transformado num cinema de filmes de qualidade muito duvidosa.
Pelo centenário li que querem reactivar aquele espaço. Acho muito bem, mas façam o que fizerem jamais recuperarão o “glamour” de outros tempos. Pode-se reconstruir um teatro mas jamais se reconstrói a alma!
Duas dúzias de anos passados eis-me de regresso a um local que se tornou um ex-libris da Capital. Desta vez por força da minha neta, como qualquer criança adora bichos.
Uma das coisas que recordava da primeira visita, em 1998, era o profundo cheiro a peixe à entrada do recinto, mas actualmente não cheirei nada invulgar.
Andei por lá mais de uma hora e não fosse a traquina da miúda, que tem pouca paciência para estar a olhar para os peixes indefenidamente, teria demorado muito mais tempo.
O Oceanário continua a ser um local aprazível, onde os peixes de diversas origens vão vivendo e convivendo uns com os outros. Depois há pequenos aquários mais específicos onde podemos observar a beleza submarina. Desde corais a florestas submarinas há de tudo um pouco.
Vi o cuidado com pinguins, alguns deles escondidos por entre as pedras (provavelmente a nidificarem) sempre guardado por aves atentas,
adorei ver o par de lontras sempre simpáticas e brincalhonas
e constatei que sempre há dragões.
mesmo que estejam num aquário.
O tanque central do Oceanário é muito bonito e merece uma visita demorada e atenta tal é a diversidade de peixes.
Uma herança deixada pela exposição Mundial de 1998 e que muito honra a capital pela sua beleza e relação entre homem e o mar.