A célebre máxima “o futebol é um jogo de cavalheiros jogado por brutos e o rugby é um jogo de brutos jogado por cavalheiros” pressupõe, à partida, que os jogadores de futebol serão na sua maioria gente de bestunto mediano. Sabem fazer uns malabarismos com a bola, umas fintas, são vistos por olheiros mais ou menos competentes para depois se tornarem vedetas, algumas pagas a peso de ouro.
Porém o futebol como desporto requer, como tudo na vida, de inteligência. Por vezes daquela superlativa.
O golo de ontem no Emirates Stadium na bela cidade de Londres, casa do Arsenal e que já deve ter dado três voltas ao Mundo, é um perfeito exemplo do que acabei de escrever.
O transmontano Pedro Gonçalves que o Sporting em boa hora foi buscar ao Famalicão mostrou como se pode usar a inteligência no relvado. Não é só a técnica do remate, mas essencialmente ter a capacidade de perceber que dali donde se encontrava poderia ser feliz.
Obviamente que para tal necessitaria de rematar com conta, peso e medida. Foi o que fez o jogador leonino que tantas vezes é criticado, em outros jogos, pela sua postura menos assertiva ou alguma ineficácia.
A inteligência no futebol rege-se pela forma como o atleta em campo consegue perceber o momento em que pode ser feliz. Torna-se óbvio que necessita de ter técnica acima da média para executar um passe ou um remate, mas hoje em dia quase todos os jogadores profissionais são anormalmente habilidosos.
Jogadores verdadeiramente inteligentes não evoluem muitos nos nossos relvados. Infelizmente para o bom futebol!
Quando era miúdo ouvia o meu pai falar muito de um tal de Arsenal. Futebolisticamente falando, claro!
Entretanto na Base Naval de Lisboa, no Alfeite, onde ele prestava serviço como militar da Marinha de Guerra Portuguesa, havia também um arsenal...
Para um miúdo a palavra era precisamente a mesma e vai daí, com alguma naturalidade, associei o clube às oficinas navais da Marinha.
Portanto só muito mais tarde percebi que eram sítios muito diferentes. E distantes um do outro...
Logicamente por via do que escrevi acima passei a gostar e a seguir o Arsenal... de Londres. Do qual até tenho um cachecol!
Ora como sempre apreciei José Mourinho, quando este treinador ingressou no Chelsea pela primeira vez, passei então a puxar pela equipa de Stramford Bridge (da qual também tenho um cachecol). Mesmo que jogasse contra o Arsenal, nessa altura, preferia que ganhasse o Chelsea.
Entretanto Mourinho saiu para outras aventuras e deste modo ao ver hoje a final da Liga Inglesa entre o Arsenal e o Chelsea o meu coração não pendia por nenhum dos lados. Ou melhor pendia pelos dois... Sinceramente!
Fiquei por isso contente pelo Chelsea tar ganho e muito triste pelo Arsenal ter perdido. Mas se o resultado fosse o inverso teria com toda a certeza o sentimento inverso.
A noite passada fui, a convite de um responsável da SAD de "Os Belenenses", ao Restelo ver a segunda mão que daria (como deu) acesso à Liga Europa a este velhinho clube lisboeta.
Quem aqui me visita sabe que o meu clube de coração é o Sporting. Mas esta noite fui tão "belenenses" como os demais.
O jogo foi emotivo e a haver um vencedor deveriam ter sido os azuis. Mas não houve golos e o empate a zero foi suficiente para a equipa treinada por Sá Pinto entrar para a história do clube de Belém.
Eis uma imagem do jogo que eu acabei a vibrar, munido do respectivo cachecol, como todos os outros que se encontravam a meu lado.
O futebel é por isto mesmo um estranho fenómeno...
O Sport Lisboa e Benfica, os seus atletas, os seus treinadores (Jorge Jesus incluído...) e os seus dirigentes não mereciam de forma nenhuma perder esta final.
Mas os seus adeptos fizeram o possível e impossível para merecerem a derrota.
Não gosto de falar da casa alheia, mas desta vez, não posso fugir.
O treinador Jorge Jesus ficará para sempre ligado ao Benfica… pelas piores razões. Não obstante ter conquistado alguns troféus internos, obviamente sempre importantes, o líder do futebol benfiquista não conseguiu, nas duas finais da Liga Europa que disputou, ganhar qualquer uma delas. E se a do ano passado ainda se desculpa por ter sido contra o milionário Chelsea de Londres, já este ano a equipa do Sevilha nunca mostrou ser mais competente que a equipa encarnada.
É sabido que JJ não teve todos os jogadores disponíveis (a maioria por castigo), mas mesmo assim a equipa andaluz não apresentou, durante os 120 minutos da final de Turim, argumentos para bater o Benfica. O clube da capital lusitana teve sempre o domínio do jogo e não só marcou por… pura aselhice!
Não sei se os jogadores que subiram ao relvado eram os melhores, mas seja como for o Benfica tinha a obrigação de fazer (muuuuuuuito!) melhor.
Finalmente fico com a estranha sensação que o tempo de JJ na Luz terminou e que não basta a vontade férrea dos adeptos benfiquistas para a equipa marcar golos e ganhar os jogos.
Custa-me escrever isto, mas os jogadores do Benfica não mereciam perder esta final. Todavia repito: apenas os jogadores do Benfica!
Quando ao resto do universo “capelista” não me rala rigorosamente nada terem perdido.
A fanfarronice foi silenciada.
A prepotência terminada.
A arrogância desaparecida.
Ficou uma vez mais provado de JJ não tem estaleca para ser treinador do Benfica. Com uma primeira parte onde foi sempre superior ao Chelsea, Jesus deveria ter apertado o torniquete à equipa adversária.
Porque quem tem de arriscar para ganhar e não o faz, acaba sempre por perder.
Entretanto amanhã, o silêncio dos adeptos do clube de Carnide, vai ser deveras estimulante.
A instituição Sport Lisboa e Benfica merece-me todo o respeito e consideração. Pelo muito que fez e tem feito pelo desporto no nosso país não só na conquista de alguns títulos como na formação de muitos atletas. E não é por eu ser adepto do Sporting Clube de Portugal que não consigo ver os feitos daquela entidade.
Porém aquela agremiação desportiva tem um gravíssimo problema, que é o seu adepto. Todos os “capelistas”, sejam eles doutores jubilados, taxistas ou meros trolhas, consideram que tudo é valido para chegarem a uma vitória. Para piorar as coisas estes adeptos acham que nenhuns dos outros adversários estão à altura deles e que ganham com mérito, só eles.
Ora desde que José Mourinho assumiu a liderança do Chelsea, passei a olhar para este clube com mais atenção, de tal forma que dei por mim a sofrer com as suas derrotas e a alegrar-me com as suas vitórias. Mesmo após a saída de JM de Stamford Bridge, mantive uma observação atenta sobre o que se passava em Londres.
É assim nesta balança que vai saltando o meu espírito rebelde… Se por um lado apreciaria que a Liga Europa fosse para Londres, por outro quero que os “capelistas” provem do seu próprio veneno que foram e vão debitando contra os outros adversários.
Portanto… a minha dúvida mantém-se! Ou a vitória dos “Blues” ou a derrota dos “capelistas”.