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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

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A arte de ler!

Não posso nem devo mentir: ando a ler pouco! Quer dizer pegar num livro, abri-lo, senti-lo fisicamente entre os meus dedos e depois dedicar-me somente à sua leitura.

Neste momento tenho dois livros em aberto, isto é, comecei a ler cada um, mas ainda estão longe do fim. Reconheço que o problema desta lentidão é exclusivamente minha.

Tenho por hábito ler devagar. Há sempre uma ou outra frase que se destaca, que me obriga a parar de ler e a meditar nela. Por vezes volto atrás para perceber outras ideias que surgiram mais à frente.

Ler não é um acto simples. Para mim ler carrega uma responsabilidade acrescida pois não posso nem devo ficar indiferente ao que vou lendo. Os escritores gostam que se leiam os seus livros, mas ainda não percebi bem se querem que sejam simplesmente devorados ou se preferem uma leitura mais profunda por parte do leitor tentando que este encontre aquilo que não escreveram, mas que estará lá... escondido entre tantas palavras e frases.

Remato com a certeza de que ler é (também) uma bonita arte!

Ler!

Geralmente nunca um livro de seguida. Inicio com um para mais tarde passar para outro e algumas veses outro ainda.

Pelo meio ficam alguns livros de BD que leio de rejada.

Ler, tal como a escrita, é uma maneira de viajar! Quando lemos não estamos aqui... mas lá naquele local onde decorre a acção. É a maravilha da leitura. Algo que nenhuma Inteligência Artificial conseguirá substituir.

No entanto temo que os livros tendam a desaparecer. Dou um pequeno exemplo do que se passa cá em casa:

- desde os anos 70 que iniciei a compra de uma enciclopédia Luso-Brasileira da Cultura que tem vinte e tal grossíssimos volumes;

- sempre que pretendia saber alguma coisa consultava esses livros;

- actualmente só pego neles aquando das limpezas grandes do meu escritório.

Para além desta enciclopédia, comprei mais algumas obviamente mais actualizadas. Só que hoja há informação (a maioria desinformação!) à distância de um clique. Vai daí arrisco pensar que estas enciclopédias deixarão de existir unicamente porque estão desactualizadas e ocupam demasiado espaço numa casa.

Ainda assim adoro ler um livro, folheá-lo calmamente, poder inserir anotações importantes e por fim guardá-lo junto a muitos outros, após a sua leitura.

Escrever? Dom ou dor?

Ontem ofereci a um amigo o último livro com os Contos de Natal dos quais fui um dos co-autores. Ficou genuinamente agradecido e após ter percebido que estava autografado com a respectiva dedicatória acabou por dizer algo como isto:

- Quem escreve tem um dom!

Tentei dissuadi-lo dessa ideia pois não considero que a minha escrita advenha de um dom, mas tão-somente de muito empenho e muita dor.

Ele negava com a cabeça enquanto folheava novamente o livro. Por fim pegou num texto que escrevi e leu em voz alta a primeira frase.

- Explique-me como após esta curta frase consegue desenvolver para escrever uma estória? Eu jamais conseguiria.

Sendo ele um óptimo canalizador com uma carteira de clientes fabulosa devolvi:

- Pois é! Da mesma maneira que se me desse todas as peças e ferramentas para fazer uma canalização de uma casa eu jamais conseguiria...

No fundo quem escreve é um artesão. Todos as pessoas conhecem a maioria das palavras, no entanto essa capacidade de as juntar de determinada forma, para com elas contar uma simples estória não é apanágio de todos, apenas de alguns. Acresce também dizer que há muitas formas e todas elas diferentes de juntar as palavras. A esta diferenciação chama-se estilo.

Actualmente com tanta gente a escrever bem, sejam em blogues seja em livros, o leque de estilos é cada vez maior.

Mas ainda bem... assim sempre se contenta mais gente que lê.

Falar, escrever e liberdade!

Como posso viver a minha liberdade se não posso falar como sempre falei ou escrever como sempre o fiz?

Muitas vezes surge esta questão no meu espírito, assaz rebelde. Adormeço amiúde sobre esta problemática para acordar consciente que estamos a regredir em termos de liberdade. Especialmente verbal e escrita.

O que disser hoje pode ser altamente mal interpretado e ser até alvo de gravíssimas acusações pois alguém descobriu que no meio da minha inocente frase eu tentei atingir outrém.

Mais do que nunca o cuidado com o que dizemos ultrapassou a normalidade já que nem somos donos das nossas próprias palavras. Pensemos, mas não devemos proferir. Portanto uma censura camuflada de bons costumes...

Não imagino o que pensaria o malogrado Otelo Saraiva de Carvalho desta nova regra, mas certamente não terá sido para acabar neste exercício que aquele pensou e executou o 25 de Abril de 1974.

Andamos com a nossa liberdade ameaçada (e não é só devido à pandemia!!!), mas já ninguém se importa!

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