Um lagarto à solta!
Estávamos nos anos 70. Eu teria talvez 12 ou 13 anos de idade e fazia parte de um grupo de escuteiros. Certo fim-de-semana fomos todos, divididos em patrulhas, acampar na Costa da Caparica.
Após um dia repleto de actividades chegou a noite e fomos todos dormir nas pequenas tendas que havíamos montado. Só que a noite foi de muita chuva e forte trovoada com vento a acompanhar o que fez com que, a determinada altura umas das tendas rompesse e os escuteiros acabaram dentro daquela onde eu tentava dormir.
Se o espaço era pouco para quatro imagine-se para oito.
Com a continuação da trovoada foi então decidido pelos chefes sairmos daquele lugar e procurar abrigo numa velha cabana que estava fechada, mas tinha um alpendre razoável. Mesmo debaixo de copiosa chuva transferimos os cobertores e sacos cama para o tal telheiro e lá nos estendemos pelo chão.
A determinada altura acordo sem saber a razão e olho à minha volta. A madrugada parecia querer acordar o que foi suficiente para ver algo estranho no colega à minha direita: um lagarto verde olhava para mim. Estava completamente assente na face do meu companheiro que dormia profundamente e preparava-se para passar por cima de mim. Muito devagar levantei-me e saí do lugar. Não que tivesse medo do bicho, mas preferi que ele fosse à vidinha dele sem interferência humana.
Mal me levantei o réptil saiu rapidamente do lugar e entrou na chuva.
Quando todos finalmente acordaram e finalmente contei a história ninguém acreditou. Ai se houvesse um telemóvel naquele altura?
Nota: este relato foi-me aconselhado escrever pelo Robinson, neste postal. Já lá vão dois anos!