Pelo menos enquanto não tiver a azeitona toda colhida.
Dizem por aí à boca-cheiaa que se aproxima a chuva. Pode vir, mas gostaria ques e atrasasse uns dias.
É que estou quase a terminar a camnpanha ribatejana deste ano e não me apetecia nada molhar. Enfim se tiver de ser...
Ontem ao fim da noite vim para casa, depois de entregar mais uma carregada de azeitona, bem inchado com a azeite angariado das minhas oliveiras.
porque já 259 litros de azeite. E ainda faltam os resultados do último carrego e ainda daquelees que estão preistos de entrar.
Há anos assim que nem Deus nos consegue acompanhare. Calculo que criar o Mundo também não seja coisa de somenos. Mas dias de trabalho com 18 horas também não será para todos.
E ainda não acabei esta campanha e já estou a pensar no próxima em Castelo Branco...
Em quatro dias três pessoas colheram, escolheram, carregaram a azeitona. Também se estenderam os panos (há quem os denomine de panais ou até mantas!!!) sob as oliveiras, arrumaram as alfaias, cuidou-se dos equipamentos, deixou-se a fazenda limpa.
Pois é tudo faz parte da campanha da azeitona. Até ir ao lagar deixar a azeitona para ser moída e transformada em bom azeite. E de preferência muuuuuuito. Pois como diria o meu avô paterno, lagareiro anos a fio cá na aldeia: a oliveira dá a azeitona, mas quem dá o azeite é o lagareiro.
Tudo isto para ddizer que ao início da noite fui entregar mais 534 quilos a azeitona colhida neste dia. Portante nestes últimos dias á entreguei 1501 quilos de azeitona, no lagar. Isto é em média três pessoas colheram 400 quilos por dis, de azeitona.
Entretanto pelo que constatei no lagar o azeite desceu de preço, pois dos 10 euros há uns anos agora querem "só" seis euros por litro.
A meu ver seis euros é um preço pornograficamente barato.
Quem andaria 12 ou mais horas ao Sol e ao calor para apanhar azeitona? Eu faço-o porque gosto de comer do meu azeite e não uma qualqquer zurrapa.
Tenho um grupo de óptimos amigos no uotessape onde lancei o desafio de darem um título a esta fotografia, obtida na passada segunda-feira no lagar onde entreguei a minha azeitona para transformação.
Só obtive duas respostas: da MJP e da Maria. A primeira deu o sugestivo título de "Ouro líquido" e a nossa minhota lançou "Do fruto se faz ouro". Curiosamente ambas referem o ouro como ordem de grandeza.
Para quem como eu anda nesta vida de (quase) agricultor, este é o momento mais sublime e a razão da nossa demanda. Diria mesmo que é mui difícil de explicar por palavras o que sentimos quando nos apercebemos que esta bica vai lentamente despejando num tanque todos os nossos trabalhos, os nossos anseios e porque não dizê-lo as nossas canseiras.
Foram nove longos dias com direito a quase tudo do que ao tempo metereológico se refere: chuva, muita chuva, frio, vento, calor.
Para tudo finalizar neste belíssimo instante.
Nota Final:
Se alguém que por aqui tenha a simpatia de passar poderá, se assim o entender, dar um título a esta foto. Para tal basta colocá-lo nos comentários.
A campanha de azeitona de 2024 terminou ontem, como aqui escrevi, mas após a apanha há mais coisas para fazer com a azeitona nomeadamente levá-la ao lagar e aguardar que a azeitona seja bem transformada...
Foi o que fiz hoje. Transportaram-se todas as caixas que havia arregimentado para a função num só local... de forma avulsa, poupando com isso espaço, muito espaço.
Cheguei ao lagar à hora do almoço, mas ainda a tempo de fazer a azeitona entrar antes da tarde, quando se previa uma chegada atípica de produtores, até porque o céu plúmbeo prometia chuva.
Já passava das três da tarde quando a minha azeitona entrou em produção e mais duas depois principiou a sair de uma bica o tal líquido pelo qual tanto se trabalhou.
Finalmente chegara a hora de medir o azeite novo, quente e quase perfumado. Na foto infra estão apenas 200 litros divididos em bilhas com 25 litros cada uma. Os outros 28 litros da produção total vieram em bilhas pequenas de 5 litros.
Muitos se admiraram com tamanha produção já que a maioria das pessoas com quem falei davam valores de média quase absurdos de tão inferiores.
Agora sim fecha-se mais um capítulo desta campanha de 2024 versão beirã. Para mais tarde recordar!
Dei por finda a minha campanha de apanha de azeitona! Anda nisto há 9 dias e mesmo descontando que um desses dias foi feriado e não fui apanhar azeitona (dia 1 de Novembro), ainda assim foi uma campanha dura. Especialmente porque a maior parte do tempo fomos só dois: um a apanhar e estender e a recolher os panais que apararam a azeitona e o outro a escolher, isto é, retirar os ramos das montadas de azeitona.
Depois do duríssimo dia de ontem com os dados mais actualizados a dizerem que foram colhidos 37 sacos em vez dos 35 que falara ontem, hoje colhi mais sete ou oito sacos.
À hora da partida é necessário tudo recolher. Panos grandes e pequenos, sacos cheios e vazios, baldes e demais alfaias. Tudo será levado e lavado antes de entrar em barricas herméticas evitando que roedores manhosos destruam o património.
Só falta mesmo entregar a azeitona no lagar e dele receber o meu azeite, seja ele bom ou mau!
Finalmente e pela primeira vez em muuuuuuuitos anos não tive a presença da juventude nesta campanha. As crianças deles a serem mais importantes. Faz sentido,
Hoje fui a um supermercado comprar diversas coisas quando de repente deparo-me com este pedaço de erro! Ou má publicidade!
Compreendo que o "marketing" seja uma (quase) ciência no sentido de se vender produtos sem qualidade ou ideias sem interesse a qualquer um. Mas isto não é "marketing". Diria que é publicidade enganosa.
Digo-o porque sei quanto custa um litro de azeite, sei quanto custa a apanhá-lo e mais que tudo sei que a qualidade deste jamais se comparará àquele que sai do próprio lagar. Nem falo do meu... pois seria ser juiz em causa própria!
Mas sete euros e meio por sete decilitros e meio de azeite feito com azeitona tratada e depois de passar por todos os filtros e mais alguns não me parece nada uma pechincha.
Deixem-me contar-vos uma estória que aconteceu comigo recentemente. O ano passado apareceu na aldeia um jovem em busca de azeite para comer. Acabou por ir até à casa dos meus pais e teve a oportunidade de escolher entre azeite novo e velho. Levou um garrafão de cada.
Semanas mais tarde confessava-me que a sogra não gostara do nosso azeite porque não sabia... a azeite! Dito de outra maneira provavelmente a senhora estaria habituada a comer azeite com muita acidez (sim sabe mais ao dito!!!) e quando provou um que tinha menos de meio grau de acidez (o extra virgem)... considerou que não prestava.
Não obrigo ninguém a apreciar o meu azeite, era o que mais faltava. Todavia gosto pouco de ser enganado e ainda menos de ver as pessoas serem enganadas debaixo de um rótulo de oportunidade única!
Bem vistas as coisas nem imagino quanto teriam de pagar por um litro do meu ótimo azeite, feito de azeitonas colhidas sob calor, frio, chuva e muuuuuuuitas canseiras!
Em todas as campanhas da azeitona há um momento chave. Não, não é quando termina a safra diária ou quando se faz aquela festa da adiafa símbolo de encerramento da campanha. Simplesmente reflecte-se naquele dia em que se vai buscar o azeite ao lagar.
Tanto trabalho, tanta canseira, tanta preocupação para tudo se resumir naquelas vasilhas cheias ou vazias…
Este ano já havia entregue ao lagar dois carregos de azeitona oriunda de fazendas diferentes. Pode parecer um tanto indiferente ser a azeitona desta ou daquele pedaço de terra, mas creiam-me pela experiência que tenho, que faz muuuuuita diferença. Tanto no peso, na qualidade e mais importante na fundição da azeitona em azeite.
Deste modo estava curioso em saber como correra o trabalho do lagar. Será que alguém conseguirá imaginar a sensação?
Dias, horas, minutos, molhas de chuva inclemente, cargas aos ombros, máquinas pesadas e um cansaço que não se consegue esconder para tudo terminar… assim.
Finalmente a alegria e as médias que iremos quase levar a concurso… contra outros produtores!
Gosto destes momentos e para 644 quilos recebi 82,62 litros de azeite. Feitas contas as azeitonas brindaram-me com uma média de 12,8%. A seguinte foi mais pobre, outros terrenos, outras pedras, outro azeite.