Hoje será inevitável escrever sobre este flagelo que nos atinge e que já causou vítimas mortais e demasiados danos em habitações e outras estruturas.
Todos os anos a história repete-se. Sai governo entra governo e nada muda. Os problemas são permanentemente recorrentes e sem solução à vista.
Muitas vezes falo aqui de uma aldeia beirã onde vou algumas vezes, onde tenho pedaços de terra e donde retiro alguns (poucos) proveitos. Pois desde sábado que a aldeia foi invadida pelo fogo, estando ainda em rescaldo pelos bombeiros.
Quase todos os anos há por lá tentativas de fogo posto, sendo que os Bombeitos chegam a tempo sem grandes devastações. Só que este ano e com este calor o fogo cresceu de forma desmesurada. Começou da freguesia de Louriçal do Campo e alastrou-se às freguesias vizinhas: S. Vicente da Beira e Sobral do Campo. As chamas devoraram tudo pelo caminho: eucaliptos, sobreiros, pinheiros, oliveiras, plantações de kiwis. No fundo consumiu tudo o que apareceu pela frente.
Ninguém sabe quem o fez ou se sabem não têm provas. E sem estas não há hipótese de alguém ser detido.
Perante esta aldeia que tão bem conheço e perante todos os outros casos pelo país fora, tenho a real consciência de que ninguém, seja que governo for, conseguirá parar este flagelo.
O problema pode estar na má gestão florestal sem dúvida, mas sem a mão humana para atear os incêndios provavelmente esta tragédia não existiria.
É neste ponto que o país e toda a sociedade tem de se unir para, de uma vez por todas, colocar um fim. Precisa-se obviamente de uma justiça mais célere e de um código Penal mais severo de forma impedir que alguns incendiários se mantenham em actividade e aos olhos de toda a gente.
A morte da ex-PGR Dra. Joana Marques Vidal, deixa um enormíssimo vazio na justiça. Ou melhor no que deveria ser a justiça em Portugal.
Por diversas vezes aqui falei da malograda jurista sempre para a elogiar. Em 2018 elegi-a como a personalidade do ano, tendo em conta o que fez nos seis anos em que esteve à frente da PGR.
Desde muito cedo que se percebeu que a Dra. Joana Marques Vidal como procuradora não seria como os seus antecessores. Corajosa e trabalhadora, sempre preferiu ficar longe da ribalta política fazendo "somente" o trabalho que lhe fora entregue.
Li apenas agora que o Presidente da Câmara do Funchal pediu renúncia do cargo devido à situação que tem com a justiça. Em bom português diria: Cafôfo!
Tirando do episódio a brincadeira custa-me perceber como chegam estes tipos a lugares de destaque par depois serem apanhandos na curva, assim sem mais nem menos!
Ou dito de outra maneira custa-me entender estes políticos de meia tigela, que nunca souberam realmente o que foi trabalhar e continuam a querer viver à custa do erário público ou seja... dos meus impostos.
O problema é que a nossa justiça é lenta e permite que esta gente mesmo que acusada e condenada regresse... onde foi feliz. Veja-se o caso de Isaltino Morais no concelho de Oeiras qque depois de ci«umprida a pena numa prisão foi logo ganhar as eleições autárquicas.
Fosse Portugal um país de gente minimamente decente este tipo jamais voltaria a uma edilidade (nem como varredor!)
As eleições aproximam-se e a contagem de hipóteses continua. Para mim que já sou velho nada temo, mas para os meus filhos e netos o futuro prevê-se certamente muito complicado.
Curiosamente meio século após a implementação da democracia!
Um destes dias vi um pequeno vídeo onde um concorrente já com alguma se apresentava num desses concursos de talentos como cantor.
A história da sua vida resumia-se a ter estado preso durante 36 anos por um crime que não cometera. Foram os testes de ADN que acabaram por o inocentar.
O curioso é que o tal senhor não parecia revoltado com uma justiça que indevidamente o condenara. Cantou lindamente e foi muito elogiado pelo juri presente.
O caso passou-se nos Estados Unidos e de repente fiquei a pensar no nosso Código Penal cujo cúmulo jurídico só vai até aos 25 anos de pena efectiva.
Quando queremos que certos criminosos sejam condenados a mais anos de prisão devido às gravidades dos crimes cometidos, pensemos bem se a pessoa em questão será mesmo culpada, se a justiça está a ser devidamente aplicada.
Talvez comece a perceber que 25 anos seja tempo suficiente para alguém pagar pelos seus crimes, sejam eles quais forem. É que as prisões são tudo menos centros correcionais!
Sendo católico não posso deixar de me sentir profundamente envergonhado com os crimes de cariz sexual praticados pelos padres. Em Portugal e não só!
Vivemos num Mundo absurdo e sem valores. Já ninguém é de confiança, nem podemos garantir que tal personagem é incapaz de tais actos hediondos. Longe disso…
Neste momento a Igreja como instituição percorre estranhos caminhos. Por culpa própria, acrescento!
Entretanto a justiça humana terá de ser feita, custe a quem custar e doa a quem doer. Porque a justiça Divina será outra bem diferente e não caberá ao Homem fazê-la. Entretanto nestes caminhos não pode ficar uma suspeição, uma mera dúvida em aberto, um caso sem ser deslindado.
Escrevi acima que a Igreja é moralmente culpada por estes crimes horríveis, pois se deixassem aos padres abraçarem o matrimónio, como fazem outras confissões religiosas, provavelmente nada disto aconteceria.
Mas no Vaticano há uma Cúpula que pretende continuar (vá lá saber-se porquê!!!) esta estúpida regra.
A Igreja católica apostólica Romana vai ter que acordar para uma nova realidade se pretender manter a força política que sempre teve.
Porque a influência religiosa há muito que a perdeu!
Daqui a ano e meio comemorar-se-á meio século de... democracia. Já a tanta distância a falar disso? Perguntar-me-ão.
Bom diria que com o que estamos a assistir diariamente a tal democracia nascida em 74 tem sido a capa legal para todo o tipo de negócios e negociatas envolvendo empresários, políticos, autarcas e demais cidadãos.
Sinceramente a culpa não é totalmente daqueles que ganham dinheiro, fama e acima de tudo poder, à custa das trocas de influências, mas em grande parte de um povo que continua apático, amorfo, insonsso no que a este tipo de gente diz respeito.
Tivéssemos todos nós a bravura de outros povos e provavelmente muitos que agora aparecem envolvidos, mais aqueles que nunca ficaremos a conhecer, jamais ganhariam o que ganharam.
Recordo a este propósito uma conversa que escutei entre dois empresários há mais de 40 anos. Estávamos em vésperas de eleições legislativas e um deles perguntou ao outro, em tom de brincadeira, em quem iria votar. O interpelado foi célere na resposta dizendo que iria votar no PS porque com este partido a corrupção era muito mais barata. Estávamos em 1980!
Pergunta: mudou alguma coisa desde lá?
Continuamos tão brandos como sempre e somos cada vez mais incapazes de dar a este país uma sociedade realmente justa e evoluída! Como nos foi (e ainda nos é!!!) prometida!
Volto às comemorações que daqui a pouco mais de um ano se realizarão. Elogiar-se-á nessa altura a conquista da democracia, da liberdade ou da justiça em Portugal. Discursos que só servirão para continuar a enganar o povo luso, sempre tão crente nas bonitas palavras.
Pois é... na realidade sabemos que isso da verdadeira democracia só existe nos países onde os políticos reconhecem nos eleitores, que democraticamente os elegeram, dignidade e razão. Dois chavões fantásticos, mas que em Portugal são apenas sinónimos de... fantasia linguística!
Já nem sei o que dizer deste PS de maioria absoluta.
Agora foi o Presidente da Câmara de Espinho a ser detido. Não bastava os problemas dentro do próprio governo e surge agora um presidente da concelhia do PS envolvido em actos menos lícitos. Mas tudo pode não passar de uma cabala, acrescento!
Seja como for o Partido com sede no Largo do Rato anda nas bocas do Mundo e não é pelas melhores razões. Mas isto já toda a gente sabe!
O que conta agora perceber é como irá o Partido chefiado por António Costa lidar com tamanhas contrariedades. Certo, certo é que Marcelo não irá dissolver a Assembelia da República, nem convocar novas eleições. Ora tendo esta certeza presidencial como lastro Costa vai gerindo os problemas pontualmente. A maioria absoluta também é um bom fiador da sua política.
O pior será depois... quando o Partido estiver completamente esfrangalhado! Sem liderança firme, sem coragem para acções políticas assertivas o PS arrisca-se a trambolhar nas inclinações de voto e passar de uma M.A. para uma votação muito fraca.
Ainda por cima quando há no actual quadro partidário alguns lideres a fazerem boa oposição ao governo, deixando os socialistas quase sem fôlego.
Também pudera... ainda um caso não está resolvido e logo outro surge para enervar o mundo socialista. O PS necessita urgentemente que acalmar as suas hostes e ordenar algum decoro. A continuar assim o partido pagará caro!
Como católico estou um tanto apreensivo com a eventual saída de D. Manuel Clemente de Cardeal Patriarca de Lisboa. Já li que D. Manuel está aproveitar a situação das diversas denúncias de eventuais abusos sexuais por parte do clero para renunciar ao cargo, mas tudo devido ao seu estado de saúde.
Entretanto a Igreja católica atravessa uma enormíssima crise, não só de identidade como de vocações para além dos tais escândalos de abusos de cariz sexual. Obviamente que muitas outras tendâncias religiosas aproveitam-se destas fragilidades para tentarem crescer à custa da desgraça alheia. Faz parte!
Na minha relação com o clero conheci e conheço alguns que renunciaram às suas vocações para assumirem um amor. Todos eles têm já filhos o que equivale dizer que a Igreja, como instituição, não soube adaptar-se a este novo mundo e perdeu por isso padres fantásticos.
Tenho debatido com outros clérigos a minha ideia de que os religiosos deviam ter direito a optar entre uma vida dedicada à missão de pastor de almas ou assumir a sua vocação também como pastores, mas sempre com a postura de um homem carnal. Nenhum dos padres com que falei concorda com esta minha ideia...
O celibato parece-me, nesta época, algo assaz retrógado, cheirando ainda a Inquisição.
Seria bom que o Papa Francisco e a Cúria Romana acordassem num modelo híbrido para os novos padres. Talvez com isso se evitasse tantos escândalos.
Finalizo com a ideia de que a justiça e a Igreja deveriam em conjunto tentar perceber a verdade e a mentira (porque também há!!!) e julgar e condenar os criminosos.
Porque precisamos de bons Padres e não podemos agora olhar para estes e pensar que poderão estar envolvidos em algum escândalo.
Ano após ano, Verão atrás de Verão a história repete-se em Portugal! Falo como imaginam de fogos ou incêndios como lhe queiram chamar. Daqueles activados ou dos que nascem espontaneamente (pois também os há!!!).
Quando em Junho de 2017 aconteceu Pedrogão Grande com 66 mortos e mais umas dezenas em Outubro, como sempre muito se estudou, muito se prometeu, mas nada se fez. Ou o que foi feito foi insuficiente.
Recordo por aquela altura escutou-se amiúde um conhecedor da problemática dos incêndios florestais, o Professor Xavier Viegas, que denunciou publicamente a insuficiente capacidade de Portugal em lidar com os incêndios. Falou muitas vezes de como minimizar a situação propondo diversas soluções que eram obviamente onerosas e às quais o Governo disse que sim senhor, mas não passou para o papel... muito menos para a acção.
Este ano de 2022 foi pobre em água, o calor surgiu quase de repente e de um minuto para o outro Portugal pinta-se de vermelho dos avisos da Protecção Civil, mas acima de tudo pelos muitos fogos que vão devorando as poucas matas existentes.
Governo e PR mostram muita preocupação com o estado em que está o País nestes derradeiros dias, mas sabemos que passada esta crise voltam a esquecer-se das actuais preocupações e aguardamos pelo ano seguinte...
A par daquilo que não se faz no terreno e que se deveria fazer, há um pequeno detalhe e que se prende com a nossa justiça, especialmente no que se refere às condenações dos incêndiários que quase todos os anos repetem a "gracinha" de atear mais umas mechas...
Enquanto mantivermos esta justiça, demasiado branda para os criminosos e altamente injusta para as vítimas, jamais seremos capazes de por fim a este flagelo. Ou minimizá-lo!
Há uns tempos descobri que o poste junto à minhacasa onde as ligações de telefone e redes de televisão estão ligadas e apoiadas estava partido junto ao chão.
Após muitos telefonemas descobri que a responsabilidade destes postes é da MEO. Finalmente consegui falar com alguém que aceitou a reclamação e comunicou que iria fazer seguir para quem de direito.
Na semana seguinte reparei que ao redor do dito poste havia sido colocado uma fita de plástico, quiçá para assinalar a situação para futura reparação.
Puro engano! Já passou mais de um ano desde que comuniquei o mau estado deste poste e ainda não foi trocado. O risco de que caia em cima de alguma viatura ou pior, nalgum peão, é cada vez maior. Depois se tal acontecer terá provavelmente direito a uma longa reportagem em directo de um qualquer canal de televisão sensacionalista ou será capa de um pasquim.
Mas uma coisa eu garanto: se este suporte de tantos cabos cair em cima nem que seja de uma roseira minha, irei até às últimas consequências para ser ressarcido do eventual prejuízo.
(O gradeamento branco é da minha casa, o portão cinza é da moradia contígua).