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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

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Derreter dinheiro!

Espanta-me a forma quase obsessiva como muita gente gasta o dinheiro em jogo. Seja raspadinhas, euromilhões e demais jogos. E já nem falo, porque não conheço a realidade mas imagino, de como será nas apostas "online".

Nunca senti que o jogo de sorte e azar (diria mais de azar!), seja ele qual fosse, me resolvesse os meus problemas financeiros. Todavia sei que muitos portugueses não pensam assim. Infelizmente.

O que considero curioso e certamente perigoso (rima e é verdade!) é que são geralmente os que têm menores rendimentos que surgem nos quiosques em busca de tal liberdade financeira. Iludem-se que o dinheiro apareça assim como por magia.

Hoje fui à pastelaria comprar pão. Deparei-me com uma fila extensa para a caixa. Ciente do que se passava mais à frente aguardei pacientemente. Consegui do local onde fiquei ver as pessoas na caixa. Das dez pessoas à minha frente apenas uma não comprou jogo.

Eu sei que de vez em quando venho aqui falar deste tema, que me repito. Todavia seria bom que as pessoas percebessem que o jogo raramente salva vidas. E se salva uma, por exemplo, enterra muitas mais.

Custa-me muito ver o dinheiro a ser derretido sem dó nem piedade!

Boa campanha sem sucesso?

Hoje no restaurante onde almocei com a família mais próxima havia um quiosque de venda de jogo. Mas sem clientes na altura.

No entanto em cima do balcão havia um panfleto a alertar os apostadores para o perigo do jogo.

scml_aviso.jpg 

Não sei quando principiou esta campanha, mas concordo definitivamente com ela.

Porém...

Este panfleto, por dentro, tem uma série de questões tentando identificar o problema de cada apostador viciado. Com indicações de contactos para o caso de responder afirmativamente a quatro ou mais questões.

A ideia será de os apostadores o fazerem, de forma muito responsável, evitando com isso diversos problemas financeiros e sociais.

No entanto ponho em sérias dúvidas se os apostadores mais viciados respondem com sinceridade às questões. Como se sabe a negação peremptória de um determinado vício será a primeira defesa de um viciado.

Reafirmo que a iniciativa tem muito valor, mas desconfio da sua eficácia!

Raspemo-nos... ao vício!

Tenho assistido a muitos casos envolvendo a raspadinha. Desde uma mulher que preferiu jogar a dar uma sandes ao filho, aos velhotes que deixam de comprar medicamentos por a dívida de raspadinhas no quiosque ser tão grande que pouco sobra para remédios. Enfim um ror de situações que todos ou quase todos nós vamos diariamente assistindo.

Li hoje que começa a haver por parte de algumas entidades (leia-se governo) alguma preocupação pela forma viciante como as pessoas seguem a raspadinha.

Qualquer vício é...tramado! Ou a pessoa percebe o caminho que está a trilhar e coloca um travão na atitude ou continua em negação e a gastar o que tem e não tem!

Muitas podem ser as causas para esta doença de adição, mas a principal é a forma como se vendem sonhos ao preço da "uva mijona"! A constatação dos factos prova o que disse acima pois o estudo evidencia que são as pessoas de menos recursos, deficiente formação intelectual e alguns desiquilíbrios emocionais as mais propensas a este vício da raspadinha!

Agora creio que será tarde para inverter a situação para os mais velhos. O melhor mesmo é iniciar bem cedo, obviamente na escola, uma simples formação sobre a vida financeira.

Acrescento que durante muitos anos os meus filhos sempre assistiram e assumiram como normal que eu e a mãe fizéssemos contas de forma aberta e sem segredos. Talvez por isso hoje eles estejam a abraçar os seus próprios projectos.

Eu sei o que é um vício já que durante anos derreti muito dinheiro. Mas acordei a tempo para a realidade e num àpice deixei tudo. Portanto o primeiro passo é assumir que há um vício de jogo. Depois lentamente tudo se concerta!

Por fim e como nota de rodapé fica a pergunta: como pensará o governo travar esta cegueira pela tal de raspadinha?

Jogar a vida!

A idade ensinou-me a discernir que a vida tem muito mais de jogo que qualquer boletim impresso e atirado para uma máquina numa vã esperança que aquela se altere! Como num passe de ilusionista.

Hoje de manhã fui a uma pastelaria comprar pão e o local de pagamento deste é também um quiosque de jogo. À minha frente uma idosa gastou uns parcos euros por qualquer coisa que terá comido e alguns euros em troca de jogo. 

Estava eu a assistir a esta troca de dinheiro por esperanças, jamais concretizadas, quando reparei neste aviso.

20230730_173245_resized.jpg

Logo ali fiquei com a ideia de que a SCML deve viver longe da actual realidade do povoléu, pois deveria também proibir o jogo a quem tivesse mais de... 81 anos.

Dir-me-ão alguns de vós que há muita gente com aquela provecta idade bem autónoma e capaz de decidir sobre se deve (ou pode) ou não jogar! De acordo!

Da mesma forma haverá gente com menos de 18 anos com essa igual capacidade, tal como há quem tenha 30 ou 40 anos e não consiga controlar-se... 

Curiosamente nestas mini férias na ilha das Flores deu-se o seguinte caso: entrei num café para beber algo que me refrescasse e dei conta que o dono estava de telemóvel assente em cima do balcão a jogar num casino "on-line".

Em tom de brincadeira perguntei:

- Está a jogar a sério?

- Claro, senhor!

- Já ganhou alguma coisa?

- Nadinha!

Naquele instante apeteceu-me dizer muita coisa, mas apenas encolhi os ombros e paguei a minha despesa.

Depois do que aconteceu esta manhã fui à minha carteira e retirei de lá uma nota de cinco euros que coliquei junto a outras de igual valir e que tenho guardado desde há muitas semanas. De certa forma é como tivesse também jogado, semanalmente, numa qualquer raspadinha ou euromilhões.

Certo, certo é que fiz a conta certa! Cem notas de cinco euros que perfaz a módica quantia de quinhentos euros que poderiam não existir se também jogasse.

A vida, como disse no início deste postal, é realmente um jogo. Umas vezes fácil, outras vezes demasiado perigoso.

Seria bom que pensássemos nisto. Nem que fosse de vez em quando!

A gente lê-se por aí!

Já recebi os 125 euros!

No passado dia 20 recebi a minha reforma. Fui verificar o valor, já que nunca é igual e agora com os juros a subir cada mês recebo menos. Todavia notei também a transferência para a minha conta dos tais 125 euros oriundos do IRS e que o Estado simpaticamente me "ofereceu".

Coloquei aspas na última palavra porque, se há algo que aprendi na vida é que ninguém oferece nada a ninguém... Muito menos o Estado Português!

Ainda estou para perceber o que pretende António Costa e o seu governo com esta medida. As eleições estão ainda longe e com a maioria absoluta este governo gere este rectângulo a seu bel-prazer. Portanto... há algo aqui que não entendo!

Mas no fundo esta mitigação da inflação é um logro, já que rapidamente parte desse dinheiro revertará para o Estado através dos impostos directos e indirectos (IVA, ISP), só para dar dois exemplos. E para o ano não haverá aumentos das reformas mais baixas...

Não seria preferível baixar o IVA no pão? De uma forma geral todo o português come diariamente a sua carcaça! E estas não são nada baratas...

Entretanto já gastei o dito graveto. Essencialmente comprei... raspadinhas. Gastei a massa toda mas diverti-me à brava a raspar!

O preço da esperança

Tenho alguma relutância em falar do assunto que envolve finanças pessoais porque muita gente ao ler este postal tenderá a discordar comigo pois no que concerne à gestão fiduciária pessoal, sou muito espartano. Ao invés de quando era jovem... (a idade serve para isso... ensinar).

Esta manhã fui ao pão a uma pastelaria a 500 metros de casa. Estava eu na fila para pagar o pão adquirido e à minha frente quatro senhoras queixavam-se do aumento de preços, eventual prenúncio de uma escalada da inflação. 

Não tomei nota de que produtos estariam a falar, quiçá combustíveis, mas calmamente chegaram à caixa. Cada uma, deste poquer de damas, pagou a sua despesa, mas todas acrescentaram a despesa do pequeno-almoço diversas raspadinhas (eu sei, eu sei o que estarão a pensar sobre esta minha demanda!). Vejo-as depois cá fora a raspar freneticamente e a deitarem todos os talões sem prémio num caixote para tal.

O curioso (ou talvez não) é que nenhuma delas se queixou do preço do jogo cujo valor desconheço totalmente.

Porque no fundo, no fundo o preço da esperança de uma vida melhor nunca será demasiado elevado.

O saber do dinheiro!

Percebo que num país onde a média no salário nacional bruto em 2020 não chegou aos 750 euros os mais pobres anseiem por mais dinheiro para terem uma vida mais digna, como lhes é conferido constitucionalmente logo no primeiro artigo.

Porém a Constituição diz uma coisa, mas a realidade na sociedade portuguesa acaba por ser bem diferente, o que leva a muita gente procurar, quiçá de uma forma mais fácil, aquilo que não conseguem diariamente.

Ora bem, um destes dias, e tendo em conta alguns sorteios de valores estupidamente elevados, perguntaram-me o que faria se fosse o feliz comtemplado. Fiquei a pensar e só soube responder:

- Não sei o que faria, mas sei certamente o que não faria!

É nesta capacidade de perceber o que o dinheiro faz das pessoas é que reside o grande cerne desta questão monetária. A maioria das pessoas em Portugal não entende, nem tem consciência do que é um valor com muitos zeros.

Relembro a este propósito a primeira vez que entrei numa casa forte na tesouraria onde trabalhei perto de 15 anos. Nunca tinha visto tanto dinheiro de uma só vez. Passada a primeira semana aquilo era somente papel.

Já me chamaram também a atenção para estar atento aos dias 8 de cada mês, nos quiosques ou papelarias onde se vende jogo, principalmente raspadinhas. A fila de idosos é enorme nestes dias, que após receberem a sua pensáo vão ali testar e tentar a sorte. Ainda gostaria de saber para quê? Não têm dinheiro para medicamentos, mas para o vício do jogo não falha...

Por fim não serei melhor ou pior que todos os outros portugueses, mas ensinou-me a vida que o dinheiro só tem dois verdadeiros prazeres: é saber ganhá-lo e saber gastá-lo!

O azar da sorte!

Já por aqui fui referindo por diversas vezes que não me preocupam os bens. Prefiro ter saúde ou no mínimo preservar a que tenho actualmente, ter bons amigos e acima de tudo ter paz de espírito.

Se para a saúde o dinheiro (ainda) pode ser mais ou menos importante, para o restante por muito dinheiro que se tenha há valores que nunca se compram… apenas se conquistam.

Abordo este tema porque esta semana houve um prémio chorudo no Euromilhões. Desta vez até joguei e, acreditem ou não, até tive medo que me saísse alguma coisa… É que isto de dinheiro do jogo não é coisa com a qual eu lide facilmente, tendo como exemplo a história seguinte, que aconteceu em 1982 a um amigo e colega de trabalho.

Nesse longínquo ano só havia dois jogos da responsabilidade da Santa Casa: o totobola e a Lotaria Nacional. No início do Verão o meu amigo A. conseguira acertar num 13 que correspondia a ter acertado nas apostas todas.

Na época o sorteio da Lotaria Nacional fazia-se à quinta-feira! Nessa quinta o A. vai à loja onde entregara o boletim premiado e recebeu na altura a módica quantia de 30 mil escudos (150 euros).

Pode parecer pouco nos tempos que agora decorrem, mas à época era algum dinheiro. Basta dizer que eu nessa altura ganhava 18 mil escudos por mês. O administrador da empresa ganhava 50 mil.

Só que o A. era um jogador nato. Com o dinheiro na mão oriundo do prémio do totobola, perguntou na loja se tinham algum bilhete inteiro para a Taluda. Respondendo negativamente A. subiu a larga Avenida e procurou um cauteleiro que tivesse um bilhete inteiro. Encontrou-o no cimo da avenida e comprou-lhe o bilhete.

A sorte estava com o A. (estaria?), pois após a hora do almoço o meu amigo descobre que no bolso traseiro das suas calças moravam 42 milhões de escudos (aproximadamente 210 mil euros). Uma pequena fortuna.

Nessa tarde fui com ele a um banco onde depositou o jogo como de dinheiro vivo se tratasse.

Passado pouco tempo despediu-se e eu acabei também por abraçar um novo projecto de trabalho e deixámos de nos ver.  Mas continuei a saber dele por outros colegas.

Vim então a tomar conhecimento que o A. certo dia, conduzindo um carro que na altura era uma bomba, numa viagem para o Algarve tivera um acidente com mortos e feridos muito graves. O pai e o irmão de A. haviam sido as vítimas mortais, um amigo ficara numa cadeira de rodas. Ele próprio ficara gravemente ferido.

Nunca mais o encontrei… Nem soube mais nada dele! Mas a sua história marcou-me profundamente… Permanece no entanto, qual cicatriz no coração, a seguinte pergunta: e se nunca tivesse saído a taluda ao A.?

Ninguém poderá ou saberá responder com propriedade.

Assim prefiro que a sorte ou o azar venham ter comigo sem que eu tenha feito nada por isso a não ser… existir!

O jogo da vida!

Um dia perguntaram-me que faria se me saísse o Euromilhões?

Respondi que a mim jamais sairía tal prémio porque não jogo. Mas se um dia tivesse a infelicidade de me sair um valor estupidamente grande, assumo já aqui que não faria rigorosamente nada.

Ou melhor... manteria o meu dia a dia. Faria as mesmas compras, gastaria o mesmo dinheiro, não mudaria uma vírgula que fosse à minha vida.

Já não tenho idade para realizar grandes feitos. Se o dinheiro que saísse me desse a visão na vista esquerda e a audição no ouvido direito, aí sim gastaria-o de bom grado. Agora como tudo isso é irreversível...

Há trinta e cinco anos um amigo e colega de trabalho ganhou o 1º prémio da Lotaria Nacional. Fui com ele nesse mesmo dia ao Banco depositar o jogo com receio de ser assaltado. Passado pouco tempo desempregou-se e foi viver dos rendimentos. Só que...

... nem tudo foram rosas. Ou se foram tiveram outrosssim muitos espinhos. Este meu amigo comprou então um carro que era uma verdadeira bomba. Mas uma noite em viagem despistou-se e de todos os passageiros foi ele o que sofreu menos. Até houve mortes.

Penso sempre neste caso quando me falam em jogos de fortuna e azar. Eu já jogo um que é deveras perigoso... chama-se o jogo da vida. As regras estão quase sempre a mudar e jamais sabemos se ganhámos ou perdemos.

Nunca mais soube daquele meu amigo. Mas provavelmente, se pudesse voltar atrás, tenho a certeza que jamais jogaria qualquer espécie de jogo.

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