Um vazio ou um legado?
As últimas semanas trouxeram-nos alguns estranhos vazios. Foi o actor João Ricardo, o jornalista Pedro Rolo Duarte, o músico José Pedro dos Xutos e Pontapés.
Todos eles morreram cedo demais, como se a morte tivesse hora e momentos certos para aparecer. Mas a vida e a morte são mesmo assim: degladiam-se permanentemente sem que nenhum de nós o saiba, para no final só uma sair vencedora. Na maioria é a vida que ganha, todavia a morte geralmente ganha as batalhas mais injustas.
Quer queiramos quer não, morrer é a nossa derradeira acção enquanto gente vivente. Depois passamos à história e seremos somente (boas ou más) recordações.
Só que estas três figuras que curiosamente morreram separadas pela diferença de alguns dias de distância umas das outras, tinham um ponto em comum, observado por outros que com eles conviveram. Era tudo gente muito boa. O que nos tempos que correm não é muito fácil!
Do João Ricardo não falei neste espaço da sua morte porque o conhecia somente de o ver em algumss telenovelas, mas foi-me dito à posteriori que era uma pessoa fantástica. Do PRD já escrevi aqui e portanto não digo mais nada. Quanto ao Zé Pedro arrependo-me de há uns tempos tê-lo encontrado num supermercado mesmo atrás de mim para pagar e não ter ido ter com ele e dizer-lhe quanto gostava da sua música, se bem que reconheça não ter, sobre os Xutos e Pontapés, um conhecimento profundo de todos os seus discos. Como poderia eu adivinhar nesse dia?
Finalmente o legado que estas três figuras nos deixaram será para os portugueses algo de enorme responsabilidade. Saberemos ser nós merecedores desses legados?
O tempo o dirá!