Certo dia numa peregrinação a Fátima um Padre que também fazia o caminho disse-me: sabes no Mundo há muitos católicos, mas poucos cristãos!
Esta frase fez mossa nas minhas ideias, mas faz todo o sentido! O que mais falta por aí é gente que se diz muito católica, vai à missa, bate com a mão no peito, segue (quase) todos os procedimentos da Santa Igreja, mas pouco ou nada afoita em aceitar o caminho que Cristo indica!
Ainda no rescaldo das JMJ e dos diversos textos que li de Papa Francisco e sobretudo de algumas “buchas” que o Santo Padre foi incluindo nos seus diálogos fico com a certeza que muitas das suas palavras eram destinadas àqueles que em nome da Igreja só fazem asneiras.
Não falo apenas dos abusos sexuais, mas da maneira como muitas paróquias gerem os seus fiéis. Aquela frase de Francisco repetindo: “todos, todos, todos” poderá ser um sinal evidente de como muitos padres gerem deficientemente as suas comunidades, esquecendo alguns fiéis e menosprezando muitos outros.
A fé não é um medicamento que se compra numa qualquer chafarica de vão de escada, mas “apenas” um sentimento de libertação dos nossos tristes despojos interiores. Todavia a fé em Deus ou noutra divindade qualquer é, para muitos, uma espécie de escudo que tudo iliba e reconfigura.
Pior… é em nome desta mesma fé que muitos continuam a cometer crimes, sejam eles de cariz sexual ou outros!
O Santo Padre sabe muito bem disso.
O Santo Padre conhece bem os meandros da sua Igreja que, definitivamente, não é aquela que gostaria!
Sempre que eu regressava das diversas peregrinações que fiz a Fátima, havia ali uns dias em que, literalmente, vivia numa realidade paralela, tais eram as boas sensações que permaneciam no meu espírito.
Decorridas algumas semanas é que começava a interiorizar de uma forma mais serena tudo o que havia vivido na caminhada feita tempos antes.
Da mesma maneira a juventude que viveu estes dias das JMJ realizadas em Lisboa sob a batuta sempre muito atenta do Papa Francisco, só daqui a alguns dias, para não dizer semanas, irá perceber o que realmente terá vivido.
Porém é nesta consciencialização que irá residir o futuro desta juventude e, por não dizê-lo, o sucesso das próximas Jornadas que se realizarão em Seul, na Coreia do Norte. Fica assim a ideia de que todas estas emoções ora vividas poderão influenciar o futuro de muitos jovens, sempre tão ávidos de certezas e, por vezes, pouco questionadores.
Não sei, ninguém sabe como estará o Mundo daqui a 24 horas quanto mais daqui a quatro anos. Todavia será interessante assistir ao que esta juventude tão presente em Lisboa poderá fazer pelo Mundo até às próximas JMJ.
Já nem comento que nessa altura o Papa Francisco terá, se estiver vivo, noventa anos!
Aguardemos pois... por aquilo que o futuro e toda esta juventude nos reservará!
No seu último, mas não menos infatigável dia o Papa Francisco presidiu à eucaristia desta manhã no Parque Tejo onde milhares de peregerinos se voltaram a juntar (provavelmente a maioria nem saiu de lá durante toda a noite!) para ver e escutar mais uma vez as palavras sempre marcante do Santo Padre.
Uma homília curta, mas nem por isso menos afoita. Francisco apelou aos jovens para "não terem medo" numa alusão à maneira como muita juventude esconde as suas ideias com receio do que os outros pensam. Poderia mesmo acrescentar que este "Não temam" poderia ser dirigido àqueles que escondem a sua tendência profissional, cultural e até sexual. Mais uma vez muito bem o Papa Francisco.
No final Francisco agradeceu a todos quantos acreditaram e fizeram acontecer estas Jornadas Mundiais da Juventude e comunicou Seul como destino das próximas JMJ. Em 2027!
Cabe-me agora também agradecer ao Papa tudo o que fez por esta juventude. Foi um exemplo de pujança, vigor, perseverança e resiliência. Uma imagem que deveria perdurar por muitos anos nos corações dos jovens presentes.
Fica, quiçá, uma questão em aberto: que irão fazer os jovens presentes com todo este capital emocional e de fé que receberam durante estes dias? Só espero e desejo que nenhum deles, nenhum mesmo, num futuro mais próximo ou mais longo seja fomentador de uma guerra, como vemos ora espalhadas pelo mundo.
Finalmente termino com uma expressão beirã: bem-haja Papa Francisco!
São 19 e 30 minutos e neste momento um canal de televisão está a mostrar imagens aéreas do Parque Tejo e de milhares e milhares de pessoas presentes. Arriscaria dizer que esta mole deverá passar para o concelho de Loures já que para lá do rio Trincão a multidão não pára de crescer.
Com uma temperatura acima dos 30 graus centígrados há que louvar estes peregrinos que desde o dia 2 têm vindo publicamente e de forma muito calorosa mostrar ao Mundo que a Juventude sabe quem é este Papa e que sua Santiadde pode contar com esta mesma juventude.
Esta tarde o Mundo transferiu-se para este lugar
unicamente para rezar pela noite dentro numa vigília com o Sante Padre!
Quase uma hora depois de ter principiado a escrever este postal e com muuuuuuuuuuuuuuuuitas interrupções para ver o trajecto do Papa Francisco pelas ruas da urbe lisboeta, mantenho a questão de início deste postal: o que é, verdadeiramente, este homem? Como se consegue arrigementar tanta e tanta gente?
Só com o dom da sua palavra e que toca os corações!
O Papa Francisco continua a dar cartas pela cidade.
Ora está aqui, para logo estar ali, quase à velocidade da luz. E tem ele dificuldades de locomoção... imaginem a andar bem como seria?
O dia terminou com a Via-Sacra no Parque Eduardo VII. O Sumo Pontífoce continua igual a si mesmo e não teve medo de falar para os jovens e arriscaria dizer também para os menos jovens.
Já se percebeu que Francisco é um homem sábio, não sou pelo muito que saberá, mas acima de tido como consegue transmitir informação.
Fá-lo de uma maneira directa, sem receios das possíveis interpretações e com este genuíno poder da palavra toca muitos. Nomeadamentre aqueles que querem e desejam ser tocados.
Após a homília sempre serena e assertiva do Santo Padre veio a Via-Sacra.
Agora deixem-me fazer um parentesis a esta mini crónica para dizer que quando os portugueses se empenham são tão bons ou melhores que os outros. Basta ver o espectáculo que foi a viagem pela Via-Sacra naquele enormíssimo palco apresentado por uma série de jovens. Simplesmente soberbo! E com um significado que passa para além das nossas vidas.
Talvez por isso quando as câmaras de televisão passaram pelos peregrinos presentes eu tenha reparado nos traços que as lãgrimas deixaram na face de muitos.
Portanto... ao terceiro dia o Papa deixou marcas!
Nos espíritos jovens que buscam a Luz e nos corações daqueles que têm Cristo como a própria Luz!
O Papa Francisco é a figura do momento em Portugal e no restante Mundo!
Digam o que disserem esta é uma verdade insofismável e à qual não se pode ficar indiferente.
Francisco é um exemplo para os jovens e menos jovens de estoicismo, de entrega, do amor profundo de Deus ao homem.
Vi na televisão e em directo a cerimónia de abertura destas JMJ no Parque Eduardo VII. E reparei nos olhares comovidos de tantos e tantos jovens ao escutarem as assertivas e profundas palavras do Santo Padre.
Mais um vez o Papa a mostrar-se muito atento às diversas variáveis que entram nas vidas dos jovens sem que eles quase dêem por isso.
Continuo a pensar que o Papa actual é um homem que pensa, como agora se gosta de dizer, fora da caixa. Pensa e age!
Amanhã será mais um dia aterefado para o Sumo Pontífice. Mas já deu para perceber que Francisco é pessoal com uma estaleca fora do normal e com capacidade de tocar muuuuuuuitos mais corações!
Tive de quebrar uma promessa e liguei hoje a televisão para tentar perceber como está a correr a visita do Papa Francisco a esta gigantesca iniciativa como são as Jornadas Mundiais da Juventude.
Mas antes recebi de uma amiga destas e de outras andanças uma imagem da mensagem que Sua Santidade fez questão de escrever pelo seu punho no Livro de Honra da Presidência da República. Um belíssimo texto num perfeito português.
"Peregrino de esperança em Portugal, rezo e faço votos para que este país de coração jovem continue a fazer-se ao largo rumo a horizontes de felicidade; Lisboa, cidade do encontro, inspire modos de enfrentar em conjunto as grandes questões da Europa e do mundo.
Lisboa, 2 de Agosto 2023
Francisco"
Como sempre o Papa à frente do seu tempo ou será do nosso tempo?
De tarde vi a "Oração das Vésperas" no Mosteiro dos Jerónimos e mais uma vez Francisco (como gosta de assinar) a assumir que a Igreja necessita de todos. E tem de ser uma Igreja de todos para todos, sem "alfandegas de fé" como cuidou em afirmar! Estas suas palavras deveriam ser escutadas por todos nós! Tão curioso e tão assertiva esta expressão de alfandegas de fé... Simplesmente profundo!
O Papa que não fugiu aos temas que ora atacam a Igreja, nomeadamente as vítimas de abusos sexuais. Mais uma vez mostrou porque é um verdadeiro homem de Deus e de fé. Depois a questão das vocações que me pareceu ter aflorado e quiçá tentanto abrir a porta ao fim do celibato do clero. Uma postura que há muito vendo defendendo.
Finalmente aquele seu pedido final: não se esqueçam de rezar por mim!
Eu sei, nós sabemos, até o Camões sabia que a inveja é o nosso maior defeito. Vai daqui talvez perceba a quantidade de críticas ao evento que amanhã se inicia e que dá pelo nome de Jornadas Mundiais da Juventude!
Como homem de fé que sem vergonha ou receios me apresento, sinto-me feliz por Lisboa ser durante cinco dias... a capital do Mundo. Nomeadamente o Mundo Católico.
De alguns tempos a esta parte tenho vindo a ler muita crítica sobre este enormíssimo evento. A maioria a dizer mal, acima de tudo, por causa dos custos associados. Como diria o outro "se não é do burro é da albarda"... Custasse este acontecimento 100 euros ou 100 milhões haveria sempre que deitar abaixo! Mas evocam-se outras razões nas críticas... Diria que o costume nestes casos!
Depois... se a CML fosse liderada por alguém de esquerda provavelmente os comentários seriam mais amistosos para a edilidade. Isto é, no fundo não se diz mal por séria convicção, mas somente porque fica bem estar do lado contrário, até porque sabem que não terão qualquer resposta.
Por mim digo que adoraria ser jovem e poder participar num evento deste calibre. No meu tempo não havia coisas destas e quando as houve eu já tinha outra idade e outras responsabilidades familiares.
Espero e desejo que estas Jornadas Mundiais da Juventude sejam inesquecíveis, pelos melhores motivos. O Papa Francisco mesmo debilitado mostrou coragem e abnegação em propor-se em estar presente. Um gesto que mostra quão corajoso e humano é o sucessor de S. Pedro.
Que Deus Todo Poderoso oriente estes milhares de jovens numa vida consagrada à obra de Cristo.
Entretanto os críticos continuarão a dizer mal. Felizmente com pouco palco! Pois como disse uma vez D. António Ribeiro, antigo Cardeal Patriarca: o Estado é laico mas o povo não é!