Um destes dias fui jantar a casa de familiares a óbvio convite destes. Quando cheguei apresentaram-me um par de chinelos para calçar em opção ao calçado que trazia.
Fiz o que me solicitaram, mas... contrariado!
Ora, quando se convida alguém para vir a nossa casa devemos receber a visita tal como ela está. Creio que não ficará bem exigir uma alteração na indumentária aos visitantes, seja sapatos, camisola ou quem sabe gravata. Mas assumo já aqui que não percebo nada de etiqueta e provavelmente até é fixe fazer uma coisa destas!
Sou asseado por natureza e não ando com os pés por entre pocilgas ou estrume... Pelo menos na cidade... Dai não me ter caído bem a exigência dos anfitriões...
Muitas vezes estas atitudes cheiram a... faz-de-conta!
Ontem à noite estive num jantar rodeado de amigos e colegas de outros caminhos de escrita. Nada de muito trancendente já que estes jantares quase se tornaram um (bom) hábito.
Este jantar não teria a importância que lhe quero dar, se eu próprio não tivesse sido portador, para esse repasto, de uma série de garrafas cheinhas de poderosos digestivos.
E afirmo poderosos com toda a convicção. Explicarei a seguir porquê...
Ainda não eram 8 horas da noite e já eu estava sentado à mesa. Os outros convivas foram chegando calmamente até ao número 13. Eram para ser 14 mas à última da hora alguém teve um imprevisto e não veio.
Conversámos, rimos e discordámos, mas fomos sempre comendo e bebendo umas imperiais bem frescas. Vieram por fim os doces e os cafés.
A partir deste momento a estória tem outros e estranhos contornos. Os tais poderosos digestivos surgiram na mesa quase como por magia e conquanto iam desaparecendo das garrafas, novas "personagens" foram-se instalando também à mesa.
O senhor medronho, a dona melosa e a provecta aguardente surgiram quase sem que nos apercebessemos, no meio de todos nós. Diria mesmo que apareceram mais a uns que as outros.
Fomos, a bem dizer, corridos do restaurante já passava da meia noite. As garrafas, essas, vieram quase vazias.
Não sei quem começou esta polémica, mas parece-me uma verdadeira imbecilidade a controversa à volta de um jantar no Panteão Nacional.
Estranho que o senhor PM venha dizer que tudo isto é indigno quando, segundo já li por aí, como Presidente da Câmara já lá tinha jantado. Então na altura não era indigno? Agora já é?
A confusão e as contradições do costume.
É obvio que se eu mandasse alguma coisa neste país nada se faria no Panteão. Estão a imaginar um jantar no "Les Invaliddes" em Paris? Bom, mas como alguém autorizou... siga para bingo.
Creio que, com esta tremenda seca, com o problema dos incêndios deste Verão, com as armas que desapareceram e depois encontradas, com a violência nos locais de diversão nocturna, com tanta coisa... não há nada mais preocupante neste país que um mero jantar.
O convite foi-me proposto a semana passada. E aceitei sem delongas. Jantar um arroz de lampreia nõa é para qualquer um.
Sei que é um acepipe que não vai ao encontro de muita gente, mas eu gosto muito. Deveras!
Assim ontem à noite 15 homens juntaram-se num alegre e salutar convívio, até altas horas da madrugada.
A lampreia estava divinal e o vinho verde (branco e tinto) que a acompanhou também era de colheita especial.
Bebeu-se bem, muito bem mesmo, mas sem ultrapassar os limites.
Após o pitéu um excelente pudim de ovos que foi devidamente acompanhado por um daqueles uísques que raramente surgem nas nossas mesas. Uma oferta devida deste que se assina.
Há quem julgue que num jantar masculino tudo de mau acontece. Porém o título deste texto é assertivo e mui verdadeiro.
Rever amigos e familiares é sempre bom. Muito bom mesmo!
Ontem o fim de tarde e noite trouxe-me momentos únicos. Após a eucaristia celebrada pelo Padre João Fanha, parti para o Centro Cultural do Covão do Feto onde se desenrolou um repasto para mais de 200 pessoas.
E foi aqui neste espaço, que reencontrei amigos que não via vai para trinta anos. E conheci outros familiares já descendentes de descendentes. Oa anos passam, a família cresce e nós nem damos por isso.