Diz o povo na sua costumada sabedoria que "não há fome que não dê em fartura". É o que tem acontecido nos últimos dias em Portugal devido à chuva.
No Verão passado as notícias para além da Guerra na Ucrânia falavam quase sempre do mesmo: barragens vazias, rios secos, escassez de água. Obviamente que era muito importante alertar as pessoas para o desperdício de água.
Passado esse tempo de fome vivemos tempos de fartura de água. Mas outrossim fartura de tragédias, de inundações, de vidas viradas do avesso.
É por demais conhecido que este rectângulo desabituou-se da chuva e vai daí toca a construir "sem rei nem roque" por tudo quanto é um espaço vazio. Depois... é o que se sabe!
O dia de hoje foi terrível. A chuva caiu com intensidade e de forma persistente condicionando a vida a muita gente.
Mas o dia haveria de mudar um pouco. De tal forma que ao fim da tarde tirei esta foto de um quase pôr-do-sol.
A foto tirada com telemóvel não ficou nada de jeito, mas apenas serve para perceber que Portugal é quase açoriano: tem as quatros estações num só dia!
Quinze horas. Chove copiosamente em Lisboa. O trânsito começa a andar mais devagar enquanto nas ruas negras do alacatrão o nível da água inicia a sua subida.
Duas dúzias de minutos depois a chuva continua e as estradas estão cada vez mais inundadas. Um túnel arrica-se a ser fechado ao trânsito devido à acumulação das águas.
Entretanto a chuva pára e o que poderia ter sido um problema, deixou de o ser.
Quando duas horas mais tarde saio do trabalho e atravesso a avenida reparo que as diversas sarjetas, que deveriam servia para escoar o caudal da água da chuva, estão entupidas com folhas amarelas dos plátanos que se espalham pela avenida.
E ninguém se preocupou em chamar alguém para limpar. Nem mesmo um polícia que por ali andava à chuva.
A pergunta que formulo prende-se obviamente com o início de tarde diluviana que se abateu sobre Lisboa, mas também com as consequências dessa intempérie. Estamos no século XXI, ligamo-nos em segundos ao outro lado do Mundo, conseguimos ver buracos Negros em galáxias a anos-luz de distância, sabemos como se relacionavam os dinossauros há milhões de anos mas não se consegue impedir que Lisboa inunde duma forma quase catastrófica. Já tinha aqui referido que a capital não se encontra preparada para a chuva. Hoje mais do que nunca percebeu-se isso. E da pior maneira. E já agora para terminar mais uma questão de importância menor: onde anda o Presidente da Câmara de Lisboa?