Faço parte de um grupo de uotessape que recebe diariamente muitas revistas e jornais, sejam eles portugueses ou estrangeiros. Assim como livros!
Portanto diariamente são dezenas e dezenas de capas que me enchem o telemóvel até mais não. Mas bastaria eu sair do grupo e tudo isto terminaria.
Só que há sempre umas coisas engraçadas que merecem a minha atenção. Os jornais de desporto sejam portugueses ou de outra nacionalidade são um dos meus focos.
No entanto todos os dias dou conta das inúmeras revistas dita da imprensa cor-de-rosa. Também lusas, espanholas, inglesas e não sei se haverá de outros países porque só abro o que me interessa. O resto passa por mim a grande velocidade directamente para o lixo.
Dito isto fico seriamente pensativo sobre o interesse que as pessoas possam ter sobre a vida dos outros. Famosos, menos famosos e muitos em vias disso. Decididamente não consigo entender...
E o pior é que esta informação vende muuuuuuuuuuuuuuuuuuito mais que o Jornal de Letras!
Tenho alguma dificuldade em perceber os pais desta geração. Habituados que estão a todos os tipos de periféricos com acesso a uma panóplia de informação sempre "on-line", acabam por confundir alhos com bogalhos acrescentando aos seus educandos demasiadas confusões.
Sou pai e criei dois filhos. Tentei sempre escolher o melhor para eles, usando para tal do bom senso. Não li livros, não busquei enciclopédias e muito menos duvidei do que diziam os médicos competentes.
Daqui a tal dificuldade em entender um jovem pai ou mãe quando duvida do que diz um médico especializado só porque leu... algo diferente naquele sítio da internet. Talvez por isto nunca utilizei esta para me informar de qualquer doença, já que ficaria certamente muito mais doente com a leitura do que com a própria maleita.
Ser jovem é essencialmente ser irreverente, mas no que diz respeito à educação dos filhos escutar quem os criou e educou antes de serem pais, talvez não fosse uma má opçáo.
Hoje em conversa com o meu filho mais novo surgiu da parte dele esta assumpção: actualmente as pessoas têm mais acesso a informação que há 30 anos!
O diálogo acabou por enveredar por outros temas, mas a frase ficou cá a picar a minha consciência.
Na realidade a informação que hoje chega até nós é tão vasta que ainda estou para perceber se é útil e formativa. Ou se é mais um dado para nos atormentar o espírito...
Tal como quando tomamos um medicamento vamos ler as contra-indicações - na maioria nunca são boas notícias -, também a informação que vamos absorvendo, seja através de notícias ou pesquisas, é por vezes tão contraditória que em vez de ficarmos esclarecidos e elucidados... ainda ficamos com mais dúvidas e incertezas.
O caso da actual pandemia, com a qual vamos vivendo e convivendo diariamente, é um dos exemplos. Já li e ouvi doutas personagens publicamente afirmarem que este virus não é mais mortal que outros com os quais fomos vivendo ao longo da nossa vida. Para logo a seguir escutar outros a dizerem o pior desta doença. Então de que lado está a razão? Ou será que ambas as ideias serão válidas? Ou nenhuma delas?
Concluo assim cde que estamos reqlmente muito mais informados... mas estaremos melhor informados?
Agora que já não há Bruno de Carvalho para chamar a si as atenções, nem selecção no Mundial, os canais televisivos destinados à informação apontaram para os miúdos presos numa gruta na Tailândia, as suas baterias de notícias.
A pontos de chegarem à exaustão.
Têm sido horas seguidas de directos e não só, para acrescentarem à última notícia dada três horas antes... rigorosamente nada (até rima e é verdade).
Percebo que seja necessário ocupar o espaço informativo, todavia esticar o tempo usando e abusando de notícias sem qualquer incremento de novidades parece-me um tremendo exagero.
Recordo aqui o caso dos mineiros do Chile em 2010. Nessa altura também as televisões não largaram as minas de S.José até que os mineiros sairam das entranhas da mina. Um espectáculo ao vivo como o de agora...
Entendo que as televisões pretendam ser as primeiras a dar a notícia. Mas esta nunca deve ser apresentada de forma persistente e doentia.
Detesto ser desinformado. Ou melhor odeio que divulguem acontecimentos (bons ou maus) fazendo-me crer que são verdade quando não o são!
Abomino que manipulem qualquer notícia a seu belprazer sem olhar às respectivas consequências.
É por estas e outras razões que não compro jornais nem oiço ou vejo telejornais. Mais de 90% das noticias estão eivadas de erros seja dos próprios factos seja da interpretação dos mesmos.
Sei que há uma autoridade, a ERC, que devia chamar à atenção dos diversos meios de comunicação social para não só a forma como a notícia é apresentada mas acima de tudo para a verdade dos acontecimentos.
O poder das televisões e da internet é cada vez maior. Usar esse poder para informar, esclarecer, divulgar ou ensinar é meritório. Todavia o seu contrário parece-me seriamente desajustado e muito, muito perigoso.
Detesto espectáculo gratuito. Mas a gratuitidade que falo não é aquela em que podemos ver um teatro sem pagar mas a forma como as televisões transmitem as notícias.
Nos últimos tempos a detenção de José Sócrates, ex-primeiro ministro de Portugal, trouxe à ribalta o pior que tem as televisões: a mediatização estúpida dos acontecimentos.
Justa ou injustamente detido, o antigo lider do PS é neste momento o preso nº 44 de um estabelecimento prisional. A aguardar o que a justiça tem para lhe perguntar ou decidir. Não mais do que isso.
Como detido terá direito a visitas de amigos e familiares...
E é aqui que bate toda a imbecilidade das televisões e jornais: qualquer visita que apareça em Évora é levada ao extremo de perguntas. Todos querem saber o porquê da visita, o que disse o JS, como se sente, o que pensa, quantos vezes foi ao WC...
Parece-me que é tempo de se dissipar, de uma vez por todas, esta exacerbada euforia. Não basta já a condenação de JS por parte da opinião pública?
Parece-me que mesmo em democracia nem tudo deveria ser legítimo. O exagero da (má) informação é um deles!