Se fosse vivo um amigo meu celebraria hoje o seu aniversário. Calculo que faria 80 anos!
Tornámo-nos amigos no contexto do trabalho. Mas esta amizade foi real, genuína e séria, no sentido em que sempre fomos sinceros um com o outro. Ele muito de esquerda, porém lúcido! Eu de lado nenhum ou de todos, quiçá meio-parvo.
No entanto as nossas conversas faziam sempre sentido. Com ele aprendi a beber café sem açúcar (o que me custo, mas valeu a pena!!) e ele aprendeu comigo alguma informática, o suficiente para não se atrapalhar, nomeadamente no trabalho. Tinhamos ideias semelhantes, mas atingidas através de métodos diferentes.
Depois... eu crente, ele ateu! Mas nenhuma das nossas diferenças fez de nós adversários, mas mais chegados, mais próximos, vá-se lá saber porquê...
Só que este meu amigo ao partir deixou-me saudades, muitas saudades!
Finalmente comopoeta, músico e canta-autor, compôs algumas das canções mais míticas no pós revolução de 74.
Escolhi a que se segue que no contexto actual do Mundo infelizmente faz cada vez sentido.
Parabéns A. Mesmo que não esteja entre nós, um amigo será sempre um amigo!
A ideia de um dia me reformar nunca me assustou, tal como não me assustou o que adviria desse novo tempo.
Porém a vida nem sempre nos dá o que queremos e assim a minha reforma tem sido um desencadear de novas funções como são, por exemplo, as de um avô.
Todavia, quando no trabalho se começou a falar da futura reforma alguns colegas assumiram o temor desse novo momento da vida. Alguns chegaram mesmo a confessar que não desejavam aposentar-se porque não tinham nada que fazer… lá fora. Já eu…
Desde cedo percebi que um dia teria de deixar o lugar aos mais novos e com maiores valências. Deste modo nunca me preocupei muito em arrumar papéis, especialmente os que derivavam da escrita, ciente que um dia teria tempo para eles.
Como já devem ter percebido não dei aos meus escritos o destino pensado, pois lá continuam em pastas, dossiers, malas e demais gavetas a aguardar que os olhe com mais cuidado.
Certamente que o aparelho a que chamam de computador tem o cuidado de melhor arrumar as coisas que ora vou esgalhando. Depois há também as nuvens que com estas tempestades um destes dias ainda desaparecem. A ver vamos! Contudo o manuscrito não necessita para já de nenhuma nuvem!
Finalmente dou por mim a pensar o que farão agora aqueles meus colegas que não desejavam a reforma. A viverem infelizes...
Uns mais crescidos outros ainda muito pequeninos. Mas independentemente da idade deles é uma riqueza perceber as crianças a nascerem, crescerem e fazerem parte da nossa vida!
Mais permanente, mais intervalada não interessa.
São sangue do meu sangue!
Pode haver coisas mais importantes na vida de muita gente, que as crianças. Todavia para mim os meus netos são o meu euromilhões!
Eu tento aprender, outros nem tanto, mas esta última opção é algo que já não me cabe resolver ou alterar, já que cada um olhará para a lição com a sua própria visão.
Dito isto reafirmo a ideia que tenho há muuuuuuuuuuuuuuito que o dinheiro não é certamente o melhor da vida. Pode-se ter muita liquidez e ser sempre alguém triste, só, desamparado enquanto outros não terão os rios de dinheiro de outros, mas em termos de vivência sentirem-se muito mais realizados.
O vil metal pode-me trazer conforto, mas pode não me dar calor humano. Pode-me dar muita gente, mas poucos ou nenhuns verdadeiros amigos. Pode finalmente dar-me aquele médico especialista que me descobre uma doença rara, mas jamais me dará a real vontade de viver!
Sei que há por aí muita gente que vai querer ser o defunto mais rico do cemitério, enquanto poderia ter sido o falecido de quem se irá ter mais saudades.
No fundo somos o que somos muito por força das circunstâncias, mas outrossim por força daquilo que julgamos ser o mais o importante: o nosso ego!
Diz um provérbio chinês que para se escrever um livro há que ter lido mil. Portanto para dois livros ter-se-á lido dois mil.. E assim sucessivamente... digo eu!
Não imagino se o provérbio existe mesmo ou será apenas uma metáfora para aqueles que querem ser escritores percebam que para se escrever e publicar um livro será necessário mais que ideias, mas uma capacidade de oferecer aos leitores uma viagem ao seu próprio imaginário.
Entretanto ando numa fase de leituras de autores que conheço e de quem sou amigo. Porque me dizem alguma coisa, porque consigo, através dos seus livros, conhecê-los ainda melhor.
Tenho alguns ainda em fila de espera, mas estou confiante que mais tarde ou mais cedo passarão a lidos. Escrita muito diversa, temas diferentes, mas todos todos com uma qualidade acima da média. No fundo é isso que importa... que a leitura seja fantástica.
Mas nesta troca de ideias (e de livros) entre autores fico amiúde com aquela sensação de que a minha escrita necessita de um choque para que consiga dar um salto qualitativo evidente.
Todos os dias a minha cabeça é inundada de ideias para outras escritas, mas temo que o tão desejado salto possa ser muito maior que as minhas pernas.
Gosto do que escrevo e sinto-me confortável neste meu papel. Porém a minha experiência de escrita diz-me que necessito de estar bem desconfortável para esgalhar coisas bem melhores.
É que a necessidade aguça sempre a arte e o engenho!
Uma questão difícil de responder, especialmente por aqueles que vivem próximo de mim!
Por este lado diria que seria uma sorte danada. Deitar-mo-nos na nossa cama a pensar, sonhar, ansiar pelo dia seguinte para depois adormecer e não mais acordar.
Seria como sair a sorte grande. Julgam que brinco mas é a verdade nua e crua.
Basta reparar em tanta gente que conhecemos com tamanha vontade de viver que sujeitam-se a terapias horríveis só para andarem por cá mais uns dias, semanas, meses, todavia com um elevado custo físico e psicológico. Para no fim ir embora como todos os outros.
Tudo resumido: será que valeu a pena o sacrifício? Jamais o saberemos.
Lido bem com a minha morte. Muito bem mesmo. Obviamente preferiria fosse mais tarde que mais cedo, mas felizmente não mando nada.
Estou neste instante num consultório a aguardar a minha consulta pré-operatória à próstata. Ao meu redor outros cavalheiros... Uns mais velhos outros mais novos, mas todos com um ar de desgraça acrescida.
Sinceramente não gostaria nada de chegar a este nível.
A idade não perdoa. Ontem jovens carregados de sonhos e vontades, hoje séniores ou em idade da ave condor (com dor aqui, com dor ali!!!), amanhã velhinhos incapazes de simplesmente comer pela nossa própria mão.
Mas a vida é mesmo assim e nem vale a pena sofrer por antecipação. Talvez por isso cada vez mais tenho consciência da minha idade e que alguns projectos que almejei conquistar ficarão permanentemente guardados no armário das minhas memórias.
Sempre fui muito… sonhador! Portanto está na hora de assumir os meus falhanços. Não por inaptidão a maioria, mas apenas porque a vida não me proporcionou essas venturas. Algumas destas ideias são mais ou menos recentes outras nem por isso, mas ainda assim todas terão o mesmo peso e valor.
Eis então o rol:
1 – viagem num iate/veleiro entre Lisboa e a bela cidade da Horta no Faial;
2 – uma peregrinação a pé desde Lisboa até Santiago de Compostela em ano de jubileu;
3 – ter um automóvel vintage. A minha preferência recai sobre um Renault 4 dos anos 60;
4 – passar umas férias numa estância de neve na Suíça;
5 – viagem a São Petersburgo;
6 – fazer uma passagem de ano em Times Square;
7 – conseguir ler todos os livros que tenho;
8 – ter um relógio de pulso da marca Patek Philippe;
9 – assistir a um jogo de futebol em Inglaterra, de preferência com a equipa do Arsenal;
10 – Poder um dia juntar todos os meus amigos, mas TODOS, TODOS numa enormíssima almoçarada.
A sabedoria lusa está carregada de ditos, máximas e demais frases, que nos deixam quase sempre a pensar.
Entre muitos temas escolhi somente um para falar (façam a fineza de ler... escrever!) hoje e que se prende com a nossa alimentação. Vejam lá se conhecem isto:
- gordura é formusura;
- o melhor tempero é a fome;
- comer e conversar o mal é começar;
- laranja de manhã é ouro, à tarde é prata e à noite mata;
e termino com esta:
- perdoa-se o mal que faz para o bem que sabe!
Provavelmente haverá mais, porém neste momento é o que me ocorre.
Pegando na última ideia diria que esta será, quiçá, a mais perigosa de todas as máximas da nossa sabedoria, pois é com base nela que muitos de nós não cuidamos, como deve ser, da nossa alimentação.
Comer algo que nos fará mal só porque sabe bem parece-me um tanto atípico e acima de tudo perigoso. Deixem-me exemplificar com o meu exemplo: há anos uma médica especialista da áerea de Gastro avisou-me que me estaria vedado comer certos alimentos.
Nomeou uma série deles e no fim ainda acrescentou que nunca mais deveria beber bebidas brancas (não, não estou a falar de leite!). Assim tenho feito, de tal modo que as minhas análises ganharam juízo (eu também!!!). No entanto há alturas em sinto falta daquele petisco ou daquele digestivo. A opção pela manutenção da minha saúde é mais importante que os segundos que demoraria a comer ou a beber qualquer coisa proíbido e que rapidamente desapareceria corpo adentro, com óbvias más consequências.
Posto isto finalizo com certeza de que a sabedoria popular nem sempre tem razão!
Por vezes tenho medo dos meus pensamentos. É verdade, tenho medo... pronto!
Receio essencialmente que alguém os oiça, até porque posso sem querer e mesmo que seja de forma quase silenciosa verbalizar algum deles.
Isto para dizer que daqui a dois meses estaremos a comemorar o meio-século daquele que foi um golpe de esatado. A revolução dos cravos foi apenas um epíteto aproveitado pelo PCP para dar nome à sua ideia política. Que como todos sabemos nunca vingou neste País de gente preguiçosa, invejosa e de brandos costumes.
Hoje tenho mais cuidado com o que digo e escrevo, não vá eu ofender algumas alminhas que há meio século ainda nem existiam, nunca souberam o que foi viver sob a ditadura e muito menos o que foi a censura. Falam e escrevem, eles e elas, considerando que têm sempre razão olvidando que há outras opiniões e visões e que podem não coincidentes com eles. Então ofendem-se com isso!
Tenho a certeza que a democracia lusa tal qual como foi criada ou inventada pode não ser perfeita. Como nenhum regime político o é! Mas até há uns tempos convivia bem com ele. Todavia sinto-me cada vez mais apertado num espartilho de pensamentos e acções que me leva a sentir que é a hora de termos um novo 25 de Abril.
Que até pode ser a 24 ou a 26 do mesmo mês! Ou de outro mês qualquer!
A expressão "estado de graça" tão conhecida no nosso léxico é geralmente usada nas actividades desportivas ou na vida política. Não vou aqui dissertar sobre o seu significado pois toda a gente sabe o que quer dizer.
Mas será que esta ideia se pode aplicar nas relações inter-pessoais, isto é, nas nossas relações com a família, amigos mais ou menos coloridos também poderá existir o tal "estado de graça"?
Bom... diz-me a experiência de vida que sim, que todos temos momentos eufóricos nas relações com os outros, para de um momento para o outro tudo se esvair. Ou como define o Dicionário Priberam:
Uma das diversas circunstâncias da vida onde o "estado de graça" tem tendência a desaparecer será nos casamentos. Muitos fazem-no como escapatória a um passado familiar penoso, para rapidamente perceberam que tudo foi um erro, que com o matrimónio nada melhorou... O ser humano é um animal estranho, muito complexo e na maioria das vezes insensato. Talvez por isso fascinante quando o tentamos desvendar.