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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

O (não) peso da idade!

Estando eu já na terceira idade e tendo ainda acima de mim pais já bem velhinhos, sinto sempre alguma angústia quando encontro gente idosa sozinha, especialmente nos hospitais.

Sei por experiência própria com o meu vetusto pai que muitos dos mais velhos consideram-se ainda mui capazes de resolver a sua própria vida sem ajuda de ninguém, olvidando a idade que têm e acima de tudo a evolução do Mundo.

Outros, ao invés, estão entregues a si mesmos sem muitas vezes terem condições para tal. Ainda assim tentam amiúde e com enorme esforço físico e inteclectual fazer a sua vida. Os resultados por vezes não são os melhores... infelizmente!

Entretanto hoje fui a um hospital privado acompanhar uma pessoa para fazer uma colonoscopia. A primeira questão que lhe fizeram é se vinha acompanhada. Resposta afirmativa e toca a ir lá para dentro, donde saiu horas depois semi sedada. Todavia vinha impressionada com a quantidade de macas ocupadas com idosos que aguardavam que os viessem buscar. Uns esperavam há horas pela ambulância, outros por um familiar e alguns tinham chegado sozinhos e não tinham ninguém que os acompanhassem.

Por causa desta situação recordo um caso que aconteceu comigo há muito mais de vinte anos e que reza assim: naquele Sábado de manhã tinha decidido ir a qualquer lado (não tenho agora presente onde) com a minha mulher, mas antes teria de comprar pão para casa. Decidiu-se por uma padaria perto e enquanto a minha mulher entrava na loja eu parei no espaço da paragem de autocarros. Saí do carro e uma passageira idosa que aguardava o transporte perguntou-me se via alguma autocarro a vir. À negação notei-lhe um ar preocupado para no fim me confessar:

- Tenho de ir aos Bombeiros levar esta injeção. Mas o meu marido está acamado e não queria demorar-me...

Entretanto a minha mulher havia chegado e acto contínuo peguei na senhora e levei-a aos Bombeiros, não sem antes ter de voltar atrás porque a velhota havia-se esquecido da dita injeção. O regresso definitivo, segundo ela, seria fácil porque geralmente os bombeiros levavam-na a casa.

Nem sequer imagino quantas pessoas viverão estes problemas de constante necessidade e apoio. E fico com a sensação que nas cidades o problema parece ser muito mais grave que nas aldeias, onde já há equipas preparadas para dar apoio domiciliário e outro.

Os nossos velhotes não são descartáveis. E muito menos pesos. São seres humanos que devem ser olhados com carinho, ternura e acima de tudo respeito!

Dez coisas que gostaria de ter ou feito!

A idade não perdoa. Ontem jovens carregados de sonhos e vontades, hoje séniores ou em idade da ave condor (com dor aqui, com dor ali!!!), amanhã velhinhos incapazes de simplesmente comer pela nossa própria mão.

Mas a vida é mesmo assim e nem vale a pena sofrer por antecipação. Talvez por isso cada vez mais tenho consciência da minha idade e que alguns projectos que almejei conquistar ficarão permanentemente guardados no armário das minhas memórias.

Sempre fui muito… sonhador! Portanto está na hora de assumir os meus falhanços. Não por inaptidão a maioria, mas apenas porque a vida não me proporcionou essas venturas. Algumas destas ideias são mais ou menos recentes outras nem por isso, mas ainda assim todas terão o mesmo peso e valor.

Eis então o rol:

1 – viagem num iate/veleiro entre Lisboa e a bela cidade da Horta no Faial;

2 – uma peregrinação a pé desde Lisboa até Santiago de Compostela em ano de jubileu;

3 – ter um automóvel vintage. A minha preferência recai sobre um Renault 4 dos anos 60;

4 – passar umas férias numa estância de neve na Suíça;

5 – viagem a São Petersburgo;

6 – fazer uma passagem de ano em Times Square;

7 – conseguir ler todos os livros que tenho;

8 – ter um relógio de pulso da marca Patek Philippe;

9 – assistir a um jogo de futebol em Inglaterra, de preferência com a equipa do Arsenal;

10 – Poder um dia juntar todos os meus amigos, mas TODOS, TODOS numa enormíssima almoçarada.

A idade que não tenho!

Lembrei-me hoje de uma entrevista dada por Ney Matogrosso, o fantástico falsete da música brasileira. Dizia ele a determinada altura que tinha consciência da idade que contava, mas dentro do seu corpo havia algo que ele próprio não sabia explicar e que não o deixava ter essa idade.

De súbito percebi que não era só eu que sentia que a minha idade interior é justamente inferior àquela que o meu cartão de identificação me transmite e mostra.

Num convívio restrito de amigos costumo dizer meio a brincar meio a sério: o CC diz 65, o meu coração tem trinta e o meu espírito metade. Pode parecer brincadeira, mas é isso que sinto.

Enquanto muitos parecem ter mais idade do que têm, eu faço o caminho inverso. Acima de tudo porque só acredito na plena felicidade interior se formos profundamente sérios, não só com os outros, mas connosco.

O enorme armário que esconde, tantas vezes, a sexualidade é o mesmo que encerra os anos que cada um sente ter.

Bom fim de semana!

A idade é um...?

Costuma-se dizer que a idade é apenas um número. Tenho de concordar já que sou diariamente confrontado com gente muito mais nova que eu em idade porém muito mais velha em ideias e preconceitos. Tal como dou conta do contrário onde acções e pensamentos são de alguém muito novo embutido num corpo de idoso. Portanto temos de tudo um pouco na nossa actual sociedade.

Recuemos agora mais de meio século e aterremos nos finais dos anos 60. O Woodstock acabara de acontecer e eu tinha acabado a escola primária, libertando-me de uma vez por todas das garras da professora Maria Delfina que mais me prejudicou que ajudou, naquele dealbar de vida escolar!

Entrei numa escola em Almada, para frequentar o Ciclo Preparatório que correspondeu a dois anos, antes de optarmos pelo Liceu, Escola Comercial ou Escola Industrial (outros tempos de verdadeira Educaçáo, pedindo já desculpa aos actuais elementos deste ramo tão importante da nossa actual sociedade pela forma quase saudosista como referi aquele tempo!).

Da minha casa à escola eram uns bons quilómetros. Assim aos 10 anos, fizesse sol, chuva ou frio, lá ia eu apanhar um autocarro. Nesse tempo vivia no Laranjeiro mesmo encostado ao Feijó e todos os dias, manhã cedo, andava perto de um quilómetro para apanhar um autocarro que me deixaria na Cova da Piedade.

Naquela paragem havia sempre muita gente, mas eu só apanhava o autocarro que viesse ou de Paio Pires ou do Seixal porque eram os únicos que cobravam apenas meio-bilhete a quem tivesse menos de 12 anos. Nesse tempo custava cada viagem quatro tostões (hoje 0,0019951916 euros). Parece irrisório, mas ao fim do mês era dinheiro. Portanto havia que poupar. Outros tempos!

Regressemos agora aos dias de hoje e a uma viagem rápida que fiz a Lisboa. Poderia ter optado pelo Metropolitano, mas preferi o comboio. Fui a uma máquina e investiguei os tipos de bilhetes que apresentavam quando descobri a tipologia "Idoso". Uma explicação breve dizia que quem tivesse mais de 65 anos pagaria metade do bilhete. Assim fiz e na verdade ida e volta custou 1,80 euros enquanto um bilhete normal simples custa 1,75 euros (não é metade mas quase!!!).

Posto todo este vai-vem temporal, aceito que a idade será mesmo um número! Ou será mais assertivo dizer que a idade é apenas um valor?

Sabedoria!

A cada dia que passa a questão da velhice preocupa-me. Não no sentido de lá chegar, mas tão-somente em que estado estarei se realmente alcançar esse desiderato!

Hoje mais uma consulta no hospital com o meu pai (já perdi o conto das piscinas de A1 Lisboa- Torres Novas e regresso, que tenho feito ultimamente). A sua saúde está em evidente declínio, mesmo que aparentemente não pareça. Hoje na consulta de Nefrologia assumiu que se tivesse pensado bem não teria aceite fazer a fístula no braço para os futuros tratamentos de hemodiálise até por que a idade já é muita (as palavras em itálico são do próprio).

Se bem que eu não gostasse de ouvir as suas declarações à médica, já no caminho para Lisboa percebi que de alguma forma aquilo fazia sentido.

Só que o meu pai está consciente e autónomo. Pior seria se estivesse demente! Talvez por isto reconheci-lhe coragem em assumir as tais palavras ditas à médica.

Sabedoria também pode ser isto!

Responsabilidade acrescida

Tenho uma idade que supostamente me deveria dar uma liberdade pessoal que... não tenho. Quando não é a neta ou até os filhos, surgem os pais!

Sou filho único de um pai nonagenário e uma mão octagenária. Portanto idosos.

Desde há uns tempos que o meu pai vem decaindo em termos de saúde. Principiou em 2019 com uma cirurgia ao coração para mais recentemente surgir uma anemia que se veio a descobrir ter origem em falhas renais!

Limitação na alimentação, especialmente ausência total de sal e em outras opções a evitar. Porém os rins continuam a ameaçar falhar. De tal forma que hoje tive de fazer 310 quilómetros para o ir buscar a casa, levá-lo ao hospital, ser visto e alertado para os diversos problemas que poderá via a ter e finalmente as opções que tinha entre mãos.

Não obstante a idade o meu pai ainda tem a cabeça no lugar. E sabe decidir sem necessidade de qualquer ajuda externa. Este dia foi totalmente dedicado a ele, à sua doença e tratamento.

Escolheu vir a fazer hemodiálise numa unidade hospitalar. Agora irá aguardar que o chamem para consultas preparatórias.

Tudo isto para dizer que tenho hoje mais uma responsabilidade acrescida: fazer com que o meu pai e obviamente a minha mãe vivam os dias que lhes restam com a melhor qualidade de vida possível.

Sempre acompanhados, sempre amados!

Degradação!

Estou há uma semana com os meus pais. Desde Sábado passado!

O meu pai tem 91 anos, feitos recentemente, e começa agora a ter problemas de saúde mais graves indiciado a iniciar hemodiálise.

A minha mãe, quatro dias depois do meu pai, fez 85 anos. Pouco mais de metro e meio de uma genica única, diria eu que herança da mãe! Todavia a cabeça começa a falhar essencialmente com alguns lapsos de memória. Repete amiúde as mesmas questões e percebe que já não é a mulher de outrora.

Portanto constato um pai triste e quase inerte - o exemplo encontra-se na sua total ausência da apanhana da minha azeitona, algo que nunca aconteceu - e uma mãe que chora o seu novo estado intectectual.

Deste lado temo pelo futuro deles... Como irá o corpo do meu pai receber um tratamento tão forte? Ou como acordará amanhã a minha mãe?

Uma degradação quase galopante e que me assusta!

Profundamente!

Coisas que deixei de fazer...

mas tenho pena!

Hoje fui a um desses hipersupermercados onde vendem tudo e mais um par de botas... de montanha. Andei por ali a cirandar e dei por mim a olhar para uma quantidade de apetrechos que me evocaram outras actividades.

A primeira delas será sem dúvida andar de bicicleta. E tendo eu duas perguntar-me-ão, e com razão, porque não dou umas voltas? Primeiro porque o meu corpo há muito se deixou desleixar (ou terá sido eu?) de forma que andar de "bicla" seria um enorme esforço a que o coração provavelmente poderia não resistir.

A segunda foi... jogar à bola. Reconheço que nunca fui um mago da bola nem um reles aprendiz, mas ainda assim gostava de jogar. Normalmernte futebol de salão! Mas com a bolada que levei mum dia na cara que terá originado o descolamento de retina acabei por desistir de jogar.

A terceira actividade que também deixei de fazer foi... correr. Durante anos ia do Laranjeiro, onde vivia, até à Costa de Caparica a correr e vinha. Aproximadamente 25 quilómetros. Hoje seria quase impossível!

Finalmente algo que deixei recentemente: longas caminhadas. Mas estas ainda provavelmente poderia fazer, só que falta-me tempo e acima de tudo companhia! 

Os anos passam e o corpo definha!

Sinais evidentes da idade!

A idade não perdoa!

Quando chegamos a certa idade e começamos a ver os nossos a definhar, ficamos com aquela ideia ou será sensação: amanhã sou eu que estou assim!

Quer queiramos quer não, a idade tudo nos dá e tira.

Dá-nos sabedoria, mas tira-nos descernimento!

Dá-nos sensatez, mas esconde-nos memória!

Dá-nos calma, mas retira-nos a consciência!

Portanto cada dia será mais um dia. Vivido em plenitude ou muitas vezes nem isso.

Nesta altura da minha vida peço pouco da vida. Talvez um pouco mais de paz no coração, uma noite tranquila e saúde q.b.

Vejo neste mundo tanta demanda, tanta bravata que me sinto chocado. Seria bom que muitos ouvissem o que os chineses dizem após uma partida de xadrez: o peão e o rei encontram-se dentro da mesma caixa.

A verdade é por vezes tão simples.

A gente lê-se por aí!

Perdoa-se...

... o mal que fará para o bem que sabe!

Esta é uma daquelas frases da cultura popular portuguesa (calculo que as outras culturas tenham frases com sentido semelhante) que é uma verdadeira imbecilidade. Desculpem-me a expressão, mas é o que penso.

Quando somos novos (quase) nada nos afecta! E se nos afecta dependendo da companhia ao nosso lado. damos disso conta... ou não! Na maioria omitimos até porque não queremos ficar envergonhados perante a nossa turba!

Todavia quando crescemos e iniciamos a pensar como gente adulta, é mais ou menos por essa altura que principiamos a ter consciência dos alimentos que afectam o nosso bem estar. E das duas uma: ou evitamos alimentos e/ou bebidas e passamos bem ou vamos em frente comendo e bebendo sem cuidado para dias depois pagarmos bem caro aquilo que não deveríamos ter ingerido.

Reafirmo o que disse no início: talvez esta seja uma das poucas expressões populares que não subscrevo. De todo!

Porque o nosso bem estar físico e mental deve estar acima de algo que dura somente breves segundos!

Aproxima-se o Verão e com ele as férias, as noites quentes e muita festa. Vai daqui fica o aviso sincero de quem já descobriu da pior maneira que não se perdoa o mal de fará para o bem que sabe!

A gente lê-se por aí!

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