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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Crónica de uma manhã louca!

Esta madrugada levantei-me cedo. Eram sete da manhã. Para rapidamente me esbardalhar escada abaixo batendo com ambos os braços e as costas nas escadas graníticas.

Temi o pior. As dores assolaram-me como uma praga. Com esforço levantei-me do chão, tentei recuperar algum fôlego, mas decidi ir ao hospital da CUF em Lisboa ali quase a beira-rio.

Entrei na urgência já passava das onze da manhã. Fui à triagem onde me atribuiram uma braçadeira amarela (devia ser para fazer pandam com o meu casaco verde).

Sou por fim chamado a uma médica que avaliando as minhas maleitas prescreveu uma série de exames. Fiz assim rx aos braços, ecografia aos rins, tac à lombar.

Às duas e pouco da tarde estava despachado pela médica com a indicação de gelo nos braços e coisas quentes na lombar. Fui pagar. Até tremi quando a menina se preparou para dizer quanto era: 122 euros! Obviamente já com a comparticipação dos meus serviços médicos.

Agora imagine-se que ia para o hospital público! Não pagaria nada é certo, mas ainda agora lá estaria à espera que me mandassem fazer exames... Se mandassem!

Sou dos muitos portugueses sem médico de família, mas também nunca o solicitei. Por isso recorro sempre aos serviços médicos privados. Por enquanto posso pagar, ao mesmo tempo que não estou a ser mais um no serviço de urgência público.

Agora quanto às dores... é aquela costumada medicação: aguentocaína!

Diz quantos comprimidos tomas...

A conversa infra que relatarei foi escutada por mim numa sala de espera de um hospital público. Então aqui vai:

- Sei que estou muito doente - observava a senhora idosa e gorda sentada atrás de mim para a sua vizinha de lado.

Para depois continuar:

- É por isso que estou cá, nem imagina a quantidade de comprimidos que tomo por dia...

A outra não respondeu só acenava que sim com a cabeça!

Regressaram as queixas:

- Logo em jejum são três. Depois ao pequeno-almoço são mais cinco...

E desenrolou a lista com a quantidade de comprimidos e as horas a que tomava.

A outra doente mantinha-se em silêncio à espera de vez para falar. Até que a balofa idosa calou-se passando a palavra à outra tentando perceber se era batida no número de comprimidos. Finalmente com a hipótese de falar a vizinha de cadeira, também idosa, mas magra e de lenço na cabeça, respondeu:

- Ah acredito! Eu sou apenas cancerosa e poucos comprimidos tomo! Entra tudo de uma vez só pela veia!

Sinceramente até tive vontade de rir! Olhei para a idosa anafada e notei-lhe uma tristeza no olhar, como percebendo que fora derrotada... pela ausência de comprimidos da adversária!

Este diálogo que apanhei é o reflexo dos nossos doentes! Muitos destes vivem nesta nuvem de maleitas, algumas delas quase imaginárias. Outros... os mais doentes só querem mesmo ser curados!

SNS - servir quem?

No Sábado à noite após o regresso à cidade tive de levar a minha sogra, idosa e demente, a uma hospital público, pois aparecera caída no chão do lar sem que alguém tenha percebido porquê, tanta mais que não anda por si mesma!

Chamado o 112, este levou a idosa para um hosptital da zona. Entrou eram nove da noite para só sair 21 horas depois!

Saiu sem qualquer problema evidente! As análises estavam óptimas, o electocardiograma impecável e a TAC à cabeça sem quaisquer evidências de problemas para além daqueles associados à própria demência.

Posto isto fico a pensar porque terá sido necessário uma idosa ficar internada perto de um dia quando num par de horas os médicos poderiam ter percebido que não havia qualquer problema. Mais... que recursos se gastaram para manter a idosa numa cama durante tanto tempo? Comida, enfermeiros, fraldas e o espaço da maca tudo afecto a uma só pessoa durante tantas horas?

E não fosse uma das filhas a perguntar a um conjunto de médicos presentes a situação, provavelmente ainda hoje lá estaria.

O SNS é pago com o contributo de todos nós e custa-me perceber como se desbaratam recursos médicos e humanos sem que ninguém peço contas!

Termino com mais uma questão: que fariam os médicos presentes se o Ministro da Saúde aparecesse naquele Serviço sem avisar?

A eficiência de ultrapassar limites!

Este fim de tarde foi passado num Hospital particular onde fui a uma consulta de Cardiologia. Simplesmente como rotina, mas parece que terei de ir mais vezes por ano!

O médico especialista é meu amigo há meio século. Andámos na escola juntos e ele sempre se distinguiu dos demais por ser um aluno quase prodigioso!

Recordo que certo dia, andaríamos por aquilo que é agora o 11º ano, estávamos a chegar à escola juntos e ele vê o professor de Matemática também a chegar. Apressa o passo eu acompanho-o e pergunta:

- Boa tarde sôtor... Já viu os pontos?

- Já! Há dois vintes e o resto é tudo negativas.

Ele já sabia que um dos 20 seria o dele e o outro de um amigo comum também brilhante. Foi sempre assim!

Há uns tempos que não nos víamos e fizemos ambos uma festa. Muitas questões e acabou por pedir exames. A consulta foi longa, até que lhe disse que o balcão das marcações fecharia.

Abraço para aqui e outro para ali fui embora.

Na sala de espera tirei senha para pagar e marcar os futuros exames. Lá me chamou uma jovem bonita e eficiente que com a ajuda da também jovem colega começámos a debater datas porque pretendia fazer tudo mais ou menos na mesma altura evitando deslocações desnecessárias.

De repente toca o meu telemóvel. Um número começado por 21... Atendi:

- Boa tarde!

- Boa tarde - oiço uma voz feminina.

- Fala do Hospital... O senhor esteve cá hoje?

- Eu ainda cá estou - respondi a sorrir.

De súbito olhámo-nos... a colega da minha assistente estava a ligar-me.

Gargalhada geral! Daquelas boas e que sabe bem dar! Então ao fim do dia...

Fica a ideia de que a eficiência, em alguns casos, pode ultrapassar os nossos próprios limites!

Organizem-se!

Nos mais de 40 anos de actividade profissional há 15 que lembro como a maior experiência de vida. Refiro-me ao tempo em que estive a um balcão a pagar e receber dinheiro. Muito dinheiro.

Ora lidar com o público não é para todos. Especialmente quando há dinheiro envolvido. É necessário ter confiança em si próprio, segurança no manuseio das notas e moedas e não ter qualquer receio em enfrentar os clientes.

Vem agora ao caso um hospital privado que frequento amiúde. Seja para consultas ou para intervenções é naquela unidade que deposito a minha confiança, especialmente por causa da boa equipa médica que lá trabalha.

Porém a parte administrativa parece-me muito lenta ou, no mínimo, pouco desembaraçada. A tecnologia de entrada está bem feita já que está associada ao nosso cartão de cidadão, validando logo a admissão, para ter o reverso da medalha à saída onde demoro muito mais tempo do que deveria ser, somente para pagar ou agendar nova consulta.

Anda por ali demasiada gente que não sabe o que anda a fazer. Depois os processos de comparticipações por diversas entidades com acordos (p.e. seguros de saúde) são demasiados morosos o que leva a enormíssimas perdas de tempo.

Já cheguei a estar mais de 1 hora a aguardar na sala para pagar, quando a consulta durou apenas 10 minutos. É notória a falta de organização administrativa.

Não fossem, como já referi, os bons médicos que lá trabalham tenho quase a certeza que não usaria mais aquela unidade hospitalar.

Saudar o regresso!

Hoje de manhã tocou o meu telemóvel. Era a minha vizinha do lado a comunicar-me que o marido havia regressado a casa após 24 dias internado com Covid19.

Falei dele aqui neste postal.

A meio desta manhã acabámos por nos encontrar na rua. Percebi logo que perdera muito peso e sendo ele alguns anos mais novo que eu… quase que parecia meu pai. Todavia fiquei muito contente por o rever!

Dentro do seu carro e pela janela estendeu-me, ainda assim, o punho fechado num cumprimento e eu devolvi um cotovelo. Rimos os dois.

Só podia…

Este meu amigo, vizinho e companheiro de caminhadas por estradas de Fátima, percebeu da pior forma que a sua vida esteve por um fio… muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito fino!

Perguntei-lhe como era no hospital e ele respondeu-me simplesmente:

- É um caos para os médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar! Mas eles não conseguem fazer melhor. Não há hipótese!

Esbocei um trejeito preocupado.

Ele percebeu e seguiu no seu carro estranhamente bem devagar!

Dias de tempestade!

Desde o Natal que a minha vida é uma roda viva qual tempestade terrível. Primeiro foi a crescente preocupação com a anemia do meu pai que o impedia de ser operado, para depois ser a própria cirurgia e os consequentes Cuidados Intensivos.

Todos os dias  tenho ido ao hospital ver o meu pai. De manhã levo-lhe o jornal, para de tarde regressar à sua companhia e por lá ficar um bom bocado a conversar e a vê-lo comer a merenda e o jantar.

No entanto nos primeiros dias após os CI aquela cabeça parecia muito desarrumada: diálogos impensáveis, ideias completamente baralhadas e fora de contexto, deslocalização total.

A juntar a isto tudo uma apneia profunda que mesmo com máscara não parecia ajudar. Mas alguém cá em casa, que percebe destas coisas dizia-me:

- Dá-lhe 48 horas...

E dei! Na realidade após este tempo encontrei-o bem melhor. Com uma melhor mobilidade e independência motora. O descernimento regressou, assim como a sensatez.

Hoje enquanto passeávamos no corredor falámos de muita coisa. Do passado, do presente e obviamente do futuro. Não fizemos planos, mas alinhámos somente ideias. Como há muito não fazíamos.

Curioso (ou talvez não) como a vida por vezes escolhe os piores trilhos para nos colocar no bom caminho.

Hoje, num hospital português!

Os hospitais, sejam eles públicos ou privados, são locais nobres pois é neles que vamos procurando a nossa saúde.

Ora bem, por razões que agora não vêm ao caso passei o dia todo num hospital.

E andei num permanente vai - vem entre o carro, bem estacionado mas sempre com o cuidado de ter o bilhete do parquimetro actualizado, e o centro clínico.

A determinada altura percebi uma espécie de teima entre diversas homens mesmo perto da entrada do hospital. Não sou grande apreciador de confusões mas esta pareceu-me realmente estranha, porque no meio das pessoas estava um... cão! Pequeno mas... animal!

Decididamente havia ali algo inédito... Assim aproveitei e comprei no quisque um jornal que fiquei distraidamente a ler, mas com o olho e um ouvido nos acontecimentos que decorriam à minha frente. Aquele velho bicho jornalístico a vir ao de cima.

A resposta veio célere. De repente e num gesto de alguma rispidez um homem pegou no animal e abandonou o hospital. Ainda fiquei por ali a deambular algum tempo de modo a certificar-me de que tudo estava sanado e não só... Obviamente que estava desconfiado da razão de tamanho aparato mas necessitava confirmação. E esta apareceu da boca de um dos "teimosos".  

 - Então não querem lá ver que aquele homem pretendia à força toda entrar com o cão pelo hospital dentro - desafabou com a senhora do quiosque.

- Mas queria entrar mesmo com o canito?

- Queria sim...o idiota! Aparece-me aqui cada um...

Para mim chegava. Voltei para as instalações hospitalares. Um sorriso trespassou-me o espírito.

Há gente que não se enxerga!

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