Todos os dias vou ao caixote de reciclagem aqui da rua deitar o lixo. Um dia os plásticos, no dia seguinte o papelão sendo o vidro aquele que menos reciclo porque nada tenho para tal.
Estava eu neste vaivém quando me lembrei da guerra e me veio à ideia a questão que intitula este postal: e se as pessoas pudessem ser recicladas?
Não falo obviamente de lhes tirar idade (isso queriam todos!!!), mas tão-somente transformar alguns seres humanos que por aí andam e que só fazem... o que não devem. Como seria bom que os Putins, Maduros, Bolsonaros e demais energúmenos que por aí pululam pudessem ser reciclados. Não os queria rejuvenescidos, apenas reciclados em gente útil ao Mundo.
Tenho consciência que este texto é um mero exercício de imaginação, mas ainda assim sinto que se fosse possível uma reciclagem humana este Mundo tornar-se-ia um local muito mais aprazível para se viver!
Nem falo do mortal humano sem cargos de destaque, mas demasiado carregado de invejas, hipocrisias, mentiras e demais raivas. Também este necessitava de uma boa reciclagem.
Quando estava a trabalhar, o final do ano era assaz atípico, porque decorriam as "avaliações de desempenho", das quais poderiam sair melhoramentos salariais tendo em conta eventuais promoções.
Escrevi atípico porque era justamente por esta altura que alguns colegas apresentavam a sua maior hiprocisia, já que durante aproximadamente dois meses gostavam de se mostrar à chefia. Decorrido esta época, com ou sem promoção, regressavam à costumada calãzice.
Fazendo a ponte com a actualidade, note-se que estamos a pouco mais de um mês das próximas eleições autárquicas, o que equivale dizer que, de um momento para o outro, todas as edilidades acharam pertinentes as queixas dos seus habitantes. Vai daí toca a fazer as obras que todos querem e desejam.
Aquela cratera na estrada, um buraco no passeio, as guias nos arruamentos, as recolhas permanentes do lixo reciclável e mais um sem número de pequenas obras que neste tempo pré-eleitoral surgem feitas como de magia se tratassem. E agora nesta época pandémica não há almoços nem passeios para a terceira idade...
Decorridas as eleições autárquicas de Setembro regressamos ao marasmo de sempre, justificado com a estafada desculpa de não haver dinheiro. Todavia o povo adora isto, gosta que haja, de vez em quando, umas eleições para que surjam alguns melhoramentos citadinos.
A hipocrisia política no seu melhor. A exemplo de muitos dos meus antigos colegas.