Ontem comentei este postal da Maria prometendo falar de um doce que uma tia minha faz com os figos.
É verdade que na aldeia dela as figueiras são imensas e boas. Falo da zona de Torres Novas cidade ribatejana amplamente conhecida pela abundância deste fruto.
Assim de vez em quando sou brindado com um frasco cheiinho destes saborosos frutos
mergulhados numa calda que é simplesmente.. supercalifragilisticexpialidoce como muito bem cantou Julie Andrews no seu conhecido filme "Mary Poppins" de 1964.
Abri hoje um desses frascos e retirei apenas dois figos.
Comer este doce é obviamente um momento único e que requer ser saboreado muito mas muito devagar. Quase com requinte de malvadez...
Não tenho a receita deste doce, mas o mais importante será sem qualquer margem para dúvida o próprio figo. Este é, certamente, o culpado desta mistura ser tão boa, tão doce e tão... pecadora!
Neste postal apresentei algumas das doçarias cá de casa para a época natalícia. A maioria feita aqui, mas surgiram também doces encomendados.
Hoje finalmente desapareceu o que foi ainda sobrando. Ficaram apenas as filhós que não tendo açúcar nem se podem considerar verdadeiramente um doce. Mais... é tradição da aldeia de onde é originária esta receita de fritos, fazer-se uma "festa das filhós" em Janeiro, muito depois do Natal.
Agora que passou a época da luxúria gastronómica, vem o regresso à alimentação mais comedida variando entre peixe cozido e alguma carne grelhada, com algumas saudáveis e necessárias variantes.
Deste modo encerra-se mais uma vez o último capítulo das festividades natalícias de 2022. Para tudo ser recuperado em 2023.
À laia de conclusão gostei muito de Trás-os.Montes. Não obstante os montes e vales que percorri, esta região tem tudo. Bonitas aldeias, vilas e cidades, belas paisagens, comida fantástica e gente muito afável.
Obviamente que esta província não é uma ilha açoriana onde os verdes são constantes e quase todos iguais. Aqui também vi muita zona verde, mas de diferentes tons. Uns mais claros, outros mais fortes, mas todos, todos simbolizando uma região virada para a agricultura.
Depois a comida superlativa em quase tudo. Se frequentei restaurantes quase vulgares, também comi em casas de qualidade muito acima da média. Mas tanto numas como noutras gostei do que comi, nomeadamente a posta mirandesa, a alheira ou o javali.
Os vinhos são bons, muito bons mesmo, mas isso já eu sabia tendo em conta uns amigos que são daquela região e também produzem vinho. Os enchidos de fumeiro são também excelentes donde se destacam, obviamente, as alheiras.
Fiquei três noites numa quinta de Agro-turismo, enorme e muito bonita. Serviço impecável, quarto enorme e muito confortável. O pequeno almoço estava também incluido e deu para provar um pouco de quase tudo da região: pão, fruta e diversos doces. Tudo no aconchego de uma lareira acolhedora.
Termino com a ideia de regressar a Trás-os-Montes brevemente. Todavia desta vez para conhecer outra zona. Quiçá Chaves ou Miranda do Douro! Na altura verei para onde tombará a balança.
Sei que é uma trabalheira organizar um almoço. Então um cozido à portuguesa ainda mais. Mas adoro estes repastos com (quase) toda a família à volta da mesa.
Nem é preciso que seja um aniversário de alguém ou a comemoração de um dia especial. Basta que haja vontade, disponibilidade e muito carinho para distribuir.... e receber!
Como escrevi aqui, ontem fui à aldeia e trouxe de lá umas centenas (não estou de todo a exagerar!!!) de quilos de citrinos. Desde laranjas, tanjeras (ou será tânjaras?) e tangerinas veio muito de tudo que vou agora distribuindo pela família. Vieram outrossim umas couves coração que ajudaram ao nosso cozido assim como uns enchidos. E neste último campo os acepites eram fantásticos pois deram um gosto especial e característico ao almoço.
Cozido para nove pessoas obriga a uma certa logística. Mas tudo correu muito bem, todavia almoçamos um pouco para o tarde.
A determinada altura durante o almoço a algazarra era imensa, mas na quele breve instante senti-me quase feliz... Faltava um dos filhos...
A vida nunca é como gostaríamos... mas sempre como necessitamos!
Sempre que vou à Beira Baixa nunca venho de mãos vazias. Ou seja eu que apanhe alguma fruta ou seja algum familiar ou amigo que tem a fineza de me brindar com qualquer coisa.
A viagem desta semana, não obstante ter sido uma deslocação relâmpago, ainda assim deu para trazer algumas couves, uns diospiros, vinho, borregos, enchidos e... míscaros acabados de apanhar.
Destes últimos já em 2018, neste meu postal, havia falado deles e de como se tornaram num petisco bem apreciado. Porém desta vez coube-me apanhá-los da terra, obviamente com ajuda, já que é necessário ter olho clínico para a apanha.
É que os danados nascem debaixo da terra e por lá ficam. E não fosse um ínfimo montículo de terra a denunciá-los, que só os olhos treinados conseguem perceber, jamais os apanharia.
Já em casa lavei-os bem lavados e retirei a pele que os cobre.,
ficando então assim.
Um refogado feito de cebola, alho, uma colher de sopa de tomate, uma folha de louro e claro azeite, ajudou a cozinhar este pitéu.
Após uns bons vintes minutos a ferver juntei-lhe a água e por fim o arroz.
Há quem os coma assim sem mais nada (eu, por exemplo), pois é melhor que carne. Todavia pode também acompanhar carne ou peixe.
Enretanto para este meu almoço de hoje optei por nada melhor que um bom tinto do Douro. Este!
Estava eu quase no final da minha campanha da azeitona deste ano na aldeia que se espraia no sopé da serra da Gardunha, quando fui brindado com um saco enorme de frades. Frades é uma espécie de cogumelos selvagens que só os conhecedores sabem colher. Conforme as zonas há quem lhes chame também tortulhos, santieiros ou choteiros.
Após a sua cozedura os frades dão um pitéu fantástico. E este ano tive o privilégio de os arranjar e cozinhar. Depois de bem limpos e cortados em pedaçoas mais pequenos, levam-se a um tacho acompanhados de azeite, cebola e alho.
Os frades parecem encher o tacho, mas passado pouco tempo de estarem ao lume perdem a água e o tamanho. Convém, no entanto, deixá-los cozer bem. Depois é verter um pouco mais de água e quando esta estiver a ferver deitar o arroz. Tempere-se com sal a gosto.
Ficam com este aspecto
Este petisco pode comer-se só assim ou a acompanhar carne ou peixe. Digo eu que, sinceramente, prefiro sem mais nada.
O que não deve faltar, obviamente, é uma boa pinga. Encontrei na minha garrafeira este vinho. Não sei de onde veio nem como surgiu, mas acreditem é um nectar de grande qualidade.
Andava a marinar a ideia há alguns tempos. Porém falta-me tempo e acma de tudo coragem.
Até que este fim de semna decidi que hoje seria o tal dia.
Escolhi da internet uma receita entre as muitas que encontrei, adquiri os ingredientes e logo de manhã após o pequeno almoço, mandei as mulheres para fora da cozinha (a colaboradora que nos ajuda e a minha mulher!!!) e lancei-me na arte da gastronomia o fazer uma arroz à Valenciana. Faltou-me o verdadeiro açafrão pois só encontrei açafrão das ìndias que não tem nem o mesmo gosto nem a cor.
Um par de horas depois chamai a malta para a mesa. O almoço estava pronto. E tinha este aspecto.
Em Maio passado prometi neste meu postal beber um branco Guarda Rios bem fresco assim que encontrasse esta marca no tal tom mais icterício. A verdade é que a promessa fora feita em primeiro lugar ao Robinson e que por não ter ficado completa na altura, teimei com a ideia de que assim que achasse o dito vinho passaria à acção...
Há dias encontrei-o de forma casual num supermercado. Logo comprei duas "botelhas" e levei-as para casa para aguardar o tal dia.
Foi ontem!
Um almoço de arroz de polvo que se fez acompanhar deste nectar digno de Baco.
O polvo estava também bom, se bem que para o insosso, já que os meus pais que estiveram presentes comem tudo com pouco sal.
Ainda assim comeu-se quase todo. Tal como o vinho que só restou um dedal na garrafa.
O Robinson através de um postal do iníco do mês de Maio fez-me um convite. Neste texto.
Como sempre fui educado, senti que seria meu dever responder a tão amável convite feito por tão ilustre bloguer.
Deste modo ontem decidi pôr mãos à obra e, vai disto, toca a demolhar uma belas postas de bacalhau da Islândia. Ainda sem batatas novas do meu pai, municiei-me de umas outras também novas, mas claramente menos saborosas.
A cebola que ajuda a apaladar este acepipe veio de Castelo Branco. O azeite também, mas desta vez das oliveiras que eu trato e donde, todos os Outonos apanho algumas toneladas de azeitona que entrego ao lagar.
Posto isto tratei de juntar todos os produtos e forno com eles. Durante um bom pedaço de tempo...
Figura 1 (antes)
Fui cuidando do assado para que ele não queimasse.
Finalmente,
Figura 2 (depois)
saiu assim do forno.
Com algums batatas com pele que eu esmurrei com alguma doçura e outras sem casca.
Tudo isto tem bom aspecto, certo? Então no prato...
Figura 3 (sem legenda!)
Mas este almoço não teria qualquer valor se não fosse bem regado. Bem tentei comprar um "Guarda-Rios" branco, todavia não consegui. Adquiri em sua substituição um tinto (que para mim calha mesmo bem com um bacalhau assado!!!).
Figura 4 (a segundos de ser aberta)
Eis a minha opinião de fraco enógolo sobre esta "pomada" muuuuuuuuuuito bem aconselhada pelo Robinson a quem agradeço.
Vinho de grande qualidade (quem diria pelo preço que me custou!!!), muito perfumado, recheado de aromas inebriantes e com muito bom paladar.
Para uma colheita de 2018 pareceu-me excelente.
Fica prometido o branco para outro bacalhau ou, quiçá, um arroz de polvo. Que dizes Robinson?
Faço quase de tudo um pouco, mas reconheço que não aprecio meter-me em aventuras no que concerne à gastronomia. Essencialmente porque as coisas podem correr mal e eu detesto, repito detesto, deitar comida fora, quando há por esse mundo tanta gente a morrer à míngua por umas migalhas.
Posto isto ainda assim aventurei-me um destes dias a cozinhar atum fresco. O mestre J. do mercado tinha lá um lombo valente e como sei que a minha mulher adora bifes de atum... apostei neles todas as minhas fichas, sem realmente saber como o iria fazer.
Como não tenho receio de dizer que não sei, perguntei ao Mestre qual seria a melhor maneira de o fazer. Respondeu que poderia grelhá-lo ou fritá-lo e lá me deu umas indicações de como temperá-lo que eu interiromente gravei.
Cheguei a casa fui à rede e fiz uma pesquisa e vi sugestões contraditórias.
Bom só haveria uma solução: cortar nas pontas e deixar o meio. Isto é tentei perceber qual das opções me faria mais sentido
Então fiz assim:
3 bifes de atum fresco. Temperei-os com sal (não muito), alho picado, louro e pimenta. Deixei-os neste preparo durante umas horas (calculo que duas horas poderá ser o tempo ideal).
Depois numa frigideira coloco uma cebola grande contada às rodelas finas e inundadas com azeite.
Quando a cebola ficar corada, desviá-la para um lado e colocar no seu lugar o bife. Cobrir o atum com a cebola e deixar fritar. Quando perceber a cor mais branca do atum é a hora de virá-lo de forma a fritar o outro lado.
Deve-se servir com batata cozida ou frita e uma salada. Acompanhei este repasto com um branco "bien frappé".
Segundo os comensais estava óptimo. Não sei se o disseram por simpatia ou por convicção!
Seja como for não correu mal esta aventura. Sorte de principiante?