Ter ou não ter: eis a questão
Um dia, há alguns anos, uma visita dizia-me perante a minha garagem:
- Que grande garagem... Fazia-se aqui uma bela cozinha.
Admirado com a ideia devolvi:
- Então o que faria daquela ali? - e apontei para a minha cozinha.
- Ah não se sujava.
Nem disse mais nada. Não valia a pena gastar latim. Resumindo, fazia uma cozinha numa garagem onde deixaria de guardar o meu carro para não sujar a da casa... Seria este o fundamento? E a da garagem não teria direito a ser limpa?
Trago esta ideia porque sei que não é um pensamento genuíno. Conheço muita gente que tem garagem para tudo menos para guardar o seu veículo. Depois estacionam os carros na rua retirando aos que não têm aquela divisão a oportunidade de pararem perto de casa.
Reconheço que não é um problema tipicamente português já que vi por essa europa muitos condutores a colocarem os carros na rua e aproveitarem as garagens para: oficinas, arrumos, lojas, armazens...
Da mesma maneira há quem construa uma moradia para mais tarde erguer uns anexos que depois farão de habitação permanente. Isto é... tem-se uma casa unicamente para se ter... nunca para usar.
Estranhamente sou o inverso: uso as loiças melhores, bebo nos copos de cristal, guardo todos os dias o carro na garagem. Portanto dou uso ao que tenho. Deteste ter só porque sim...
E se eu ou alguém partir alguma coisa não há problema: será sinal de que estamos vivos.