Como salvei um galo da morte certa!
Se o PAN souber da estória seguinte ainda me arrisco a ser condecorado! Vamos então aos factos!
O vizinho do lado tem no seu quintal um número razoável de galináceos, de tal forma que todas as madrugadas os quatro galos cantam ao despique a ver qual deles acorda mais gente. Digo eu!
Uma das diversas características do meu vizinho para além de ser bom homenzito é que dá-se mal com o álcool. Assim no Sábado de tarde enquanto o meu filho mais velho cavava o quintal tive este diálogo com o mestre canalizador Filinto. Começa ele:
- Ó vizinho tem aí “cobid” que me arranje? – as palavras saem-lhe enroladas tal era o seu estado etílico.
Já que sou surdo só consegui distinguir… covid e devolvi:
- Quer o quê?
- Coooobide… daquela sua… - quase nem se percebia!
Fez-se luz e entendi que ele queria algo que lhe costumo dar: aguardente! Disse-lhe então:
- Mais daqui a bocado, pode ser?
- “Glaro”… quando puder.
Ainda mal havia dito isto quando volta:
- E o galo?
Soprei para dentro e respondi:
- Olhe fica a proxima… agora não tenho lugar na arca para o por.
Mas ele não desistiu:
- “Endão” aí o seu “gapaz”… não o quer?
O meu filho que estava a escutar retorquiu:
- Pode ser para a minha filha!
Contente por alguém ter aceite o animal virou costas e foi à sua vida. Durante o resto da tarde ouvi zaragata para os lados da capoeira. Pensei para comigo:
- Deve estar a “tratar da saúde” ao bicho.
Já depois das sete e meia da tarde e após o trabalho feito decido ir tomar banho. Passo ao lado da varanda da frente do vizinho e dou de caras com um saco daqueles de supermercado com… um galo lá dentro. Vivo!
Desatei a rir e a pensar no que o vinho faz às pessoas. Chamei-o e perguntei-lhe se o bicho era para mim. Responde-me já com evidente dificuldade:
- É para o seu “gapaz”!
- Mas ele não o quer vivo… A cadela daria cabo dele.
Neste mesmo instante o galo dá uns safanões e cai no chão da varanda acabando por se libertar do saco. Preparava-se para fugi,r mas o Filinto ainda teve o expediente de lhe atirar para cima com uma manta. Agarrou-o e sentenciou:
- Este já não “bai”… Não “guer” ir…
Suspirei…
- Meta-o no quintal ou quer que o leve?
- Nãããããã… Ele “bai” comigo.
E desapareceu para dentro de casa. Entretanto também desapareci.
Durante o resto do fim de semana escutei o bom do galo.
E acordou-me esta manhã!