Mil quilómetros... #4
... em três ilhas!
No imo da Terra
Se a ilha de Santa Maria surge pequena aos olhos de um continental, a ilha Graciosa ainda é menor. O que equivale dizer que uma volta total à ilha será aproximadamente 30 quilómetros que poderão ser feitos numa hora.
Por isso há que escolher outras estradas pelo interior de forma a termos a verdadeira noção do local.
Ora bem no Domingo tínha já previamente marcado um novo teste ao Covid19 no Centro de Saúde de Santa Cruz. O que me dava muito tempo para explorar a minha primeira ideia de ir à Furna do Enxofre.
Meti-me por estradas menos movimentadas e a determinada altura passando a povoação das Almas surgiu um caminho alcatroado e amplo com a indicação da Caldeirinha.
Eis-me a subir, subir, subir até encontrar um parque eólico. Parei o carro e percebi que ao lado havia ali algo diferente. Apareceu então a dita Caldeirinha, uma velhinha cratera com umas formações rochosas curiosas.
Das margens deste buraco natural pode-se avistar outra parte da ilha, destacando os verdes e os amarelos numa doce e simpática mistura e conjugação.
O local é quase idílico. De tal forma que fiquei por ali muito tempo, a assitir aos criadores de gado a alimentarem os seus animais, a sentir o vento quase fresco da manhã, a escutar os trinados da passarada.
De tal forma que a ideia de visitar a Furna ficou para depois do teste.
Como já referi ontem, a entrada para a Caldeira fez-se através de um túnel escuro e que nos transporta para outro Mundo. Uma outra realidade onde o verde é permanente e preponderante. Estacionado o carro é o momento de começar a descer. Diria que se desce aos confins da Terra.
Após pagar a entrada surge uma estrutura com mais de 30 metros de altura e 181 degraus que há que descer.
Mas o esfoeço futuro de subir vale a pena. Oh se vale!
O cheiro a enxofre sobe ao nariz mas sem ser muito forte. A gruta surge finalmente em todo os seu esplendor. A natureza faz coisas fantásticas. No final de uma espécie de degraus de madeira aparece a verdadeira Furna onde se vê com nitidez a água e lama a ferver.
Um local inesquecível.
A Caldeira tem também um parque com simpáticos gamos e um merendário recheado de eucliptos e criptomérias.
Aproximou-se a hora do almoço e optei por regressar à Carapacho. As termas estavam fechadas mas havia uma espécie de piscina natural bem apetitosa.
Todavia não arrisquei a um banho... O tempo estava plúmbeo e quase ameaçava chover!
O almoço foi demorado (parece que é normal por aqui!), mas valeu pela espetada de polvo com camarão que soube divinalmente.
Após o repasto foi o momento de ver o Falor do Carapacho.
e perceber a vista que aquele local nos brindava com a vista para a povoação e respectiva encosta.
A estrada continua agora a descer. Páro num local que deu para filmar este momento. Da ilha Graciosa conseguia-se ver três das cinco ilhas do grupo central: à esquerda Terceira, defronte a estreita mas comprida ilha de S.Jorge e à direita a bela ilha do Faial. Já estive do lado de lá e nunca me apercebi desta ilha...
Desci novamente para S. Mateus onde observei com mais pormenor os já célebres moínhos.
Calmamente passeei naquela enseada mas não fui à praia já que esta se encontrava carregada de algas. O mar a virar...
Depois um lanchito de queijo e linguiça, terminado com as saborosíssimas queijadas. Uma delícia.
Os dias por aqui correm lentos, pastosos, ao sabor dos vontade de cada um, sem pressas e sem receios.