Em Portugal a corrupção é assim como o nosso Vinho do Porto: pode-se não beber, mas está ali sempre à mão para uma eventualidade.
Ouso mesmo acrescentar que quase todos os portugueses já deitaram mão dessa garrafa, seja por necessidade premente ou por mero ensejo de chegar mais longe.
Não falo obviamente daquela grande corrupção que envolve políticos, empresários e demais DDD, mas somente daquele favorzito que se pede ao senhor presidente da Junta prometendo votar nele nas próximas elelições ou um simples pedido de emprego como servente lá na empresa por troca daquele presunto e da garrafa de vinho especial!
Começa-se sempre por baixo, onde a corrupção quase nem se nota, ou se se nota ninguém liga, porque "hoje és tu, amanhã serei eu"! Mas a coisa tende a crescer... em pesos e envolvidos. Da Junta de Freguesia passa ao Presidente da Câmara e deste a um adjunto de alguém conhecido. E a partir daqui... será sempre a escalar!
A corrupção vive tatuada na génese lusa... E há-de ficar para sempre! Porque está intimamente ligada àquela filosofia "tão nossa" do desenrascanço, que assenta na conhecida ideia: não importa como se resolve a situação... o que conta é que fique solucionada!
Portanto não vale a pena preocuparmo-nos com o que irá acontecer daqui para a frente em termos políticos, porque saindo estes, logo entram outros com a mesma filosofia!
O melhor que o ser humano tem é aquilo que não tem. Parece confuso? Mas eu explico.
O que o nós humanos temos realmente de mais aliciante no nosso dia a dia é não sabermos como será o dia de amanhã! Se tivessemos cem por cento de certeza no futuro ainda viveríamos mais infelizes.
O que nos encanta é o desconhecido, é termos consciência que esta vida acarreta consigo um enormíssimo mistério e para o qual nunca temos uma explicação lógica. Fosse a vida uma ciência exactatal como é, por exemplo, a matemática e não teria qualquer graça.
Podemos no limite calendarizar alguns eventos, mas só chegado à hora é que temos a certeza de os viver. Quase diariamente chega-nos a informação por vezes triste de pessoas muito mais novas que nós e que faleceram, enquanto há outras muito mais velhas e que continuam por cá. Umas mais sóbrias, outras menos cientes, mas ainda assim vivas.
Como animais lógicos e com conhecimento tecnológico ainda estamos reféns daquilo que não dominamos e que se chama simplesmente... vida!
Quando chegamos a certa idade e começamos a ver os nossos a definhar, ficamos com aquela ideia ou será sensação: amanhã sou eu que estou assim!
Quer queiramos quer não, a idade tudo nos dá e tira.
Dá-nos sabedoria, mas tira-nos descernimento!
Dá-nos sensatez, mas esconde-nos memória!
Dá-nos calma, mas retira-nos a consciência!
Portanto cada dia será mais um dia. Vivido em plenitude ou muitas vezes nem isso.
Nesta altura da minha vida peço pouco da vida. Talvez um pouco mais de paz no coração, uma noite tranquila e saúde q.b.
Vejo neste mundo tanta demanda, tanta bravata que me sinto chocado. Seria bom que muitos ouvissem o que os chineses dizem após uma partida de xadrez: o peão e o rei encontram-se dentro da mesma caixa.
A nossa vida não é nenhuma nave espacial (será especial?) que nos leva a qualquer lado e nos traga são e salvos. Longe disso...
Os nossos dias são sempre preenchidos por opções. Que podem redundar em coisas horríveis ou em momentos maravilhosos.
Porque tudo o que fazemos tem um retorno.
Se fizermos algo de bom certamente que mais à frente receberemos a contrapartida bem positiva. Da mesma forma se nos mostrarmos naquela essência menos simpática é certo que receberemos troco.
É este "toma/dá cá" sem prazo nem tamanho que rege os nossos dias e a base da vida de todos nós. Na maioria das vezes sem termos consciência disso.
Talvez por perceber esta filosofia é que tento aproveitar tudo o que a vida tiver para me dar. Se for maravilhoso... óptimo. Se não... há que aceitar.
Por vezes vivemos dilemas na vida para os quais jamais estivemos preparados. E o pior que nos pode acontecer é esse virus consiga invadir os nossos dias. Nunca mais descansamos, sendo que o pior de tudo é a guerra que cresce no nosso peito.
Tudo isto porque somos seres humanos e temos consciência. Da vida, da morte, do que será normal ou daquilo que nos ultrapassa, no fundo da finitude. Daqui talvez a incessante busca de respostas para as nossas dúvidas ou dilemas. Daqui, quiçá, endossar para entidades divinas algumas das culpas do que nos acontece! "Foi a vontade de Deus!" dizemos amiúde quando algo nos corre menos bem, já que se correr bem tivemos uma óptima decisão e não foi necessário qualquer intervenção divina.
Porém será dentro de nós que reside as escolhas que fazemos. Boas ou más, repentinas ou amadurecidas, radicais ou tradicionais! E não devemos nunca culpar os outros pelas decisões que tomamos.
A vida está repleta de dúvidas, dilemas, opções. Então a quem cabe a verdadeira decisão: ao coração sempre tão emotivo e exposto ou à cabeça onde reside a lógica e algum bom senso?
No fundo é nesta dictomia que residem as nossas verdadeiras escolhas: coração ou cabeça? E qual deles terá mais força?
A questão fica totalmente em aberto para que pensem no assunto.
Digam lá, sinceramente, quem manda aí dentro... onde dói!
Não sei se já vos aconteceu saírem de casa e algures no caminho para um qualquer destino pensarem: será que fechei a porta de casa à chave? Ou pior… será que deixei a panela ao lume?
Mesmo com quase toda a certeza no nosso pensamento a verdade é que entrando o vírus da dúvida no nosso espírito… acabou-se o descanso.
Uma dúvida é um sinal de fraqueza da parte do ser humano. Ou se não é de fraqueza será sinónimo de alguma debilidade… psicológica.
Um dos grandes erros da juventude é nunca terem dúvidas… somente certezas. Sabem tudo, conhecem tudo (ou se não conhecem, sabem de quem conhece!!!), a vida assente em certezas jamais vividas. Do lado oposto da juventude há os idosos que também sabem tudo ou quase tudo. Mas porque viveram a vida e já têm muitos anos!
Uns e outros incorrem nesse erro da certeza e desvalorizam a dúvida, já que esta é, como já referi, um sinal menor!
Por aqui costumo dizer que só tenho duas certezas: a primeira é que partirei um dia e a segunda prende-se com o meu passado, que é obviamente imutável.
Tudo o resto é um mar de dúvidas que vivem comigo permanentemente.
Só Deus terá mais certezas sobre mim… mas não mas pretende revelar!
Quando há 23 anos estive seis meses numa relação próxima com um sofá e uma cama sem poder ler, escrever ou ver televisão, fiquei ciente que havia coisas muito importantes na minha vida, mas às quais dava pouco valor.
Foi uma terapia forçada esta, mas aprendi muita coisa. Muita mesmo!
- A primeira foi a relativizar os meus dias. A importância que dava a coisas mesquinhas, foram simplesmente trocadas por outras que me pareceram muito mais importantes.
- A segunda foi descobrir que ninguém é insubstituível. Seis meses afastado do trabalho e quando cheguei parecia que tinha saído de lá no dia anterior.
- A terceira coisa que aprendi é que por muito que nos preparemos para o pior, quando este surge nas nossas vidas temos uma enorme dificuldade em aceitá-lo.
Ora hoje, quase um quarto de século passado sobre aquele tenebroso 1999 (não foi ficção científica, antes fosse!!!) ainda me perguntou como consegui sair daquele trauma com alguma sanidade. Não toda, mas ainda assim o suficiente para trabalhar mais de vinte anos.
Portanto este texto é, por assim dizer, um breve regresso a um passado que prefiro não recordar, mas que não devo nuncaesquecer!
A "abelha" Ana colocou ao charco mais um desafio de cariz muito filosófico.
Quantas eternidades existem? pergunta a bloguer. A resposta deverá ser dada por cada um daqueles que gostem deste tipo de exercício de escrita, através dos seus espaços..
Vamos ao que interessa...
A eternidade será assim em termos muito básicos o inverso da Morte. Porque só se morre realmente quando somos esquecidos enquanto sob a capa da eternidade poderemos viver para sempre.
Quase se assemelha a uma questão metafísica já que a ideia de eternidade está demasiado ligada às diversas religiões através da fé que cada um professa. Ou não!
Este conceito de algo que fica para sempre parece-me sobretudo estranho já que a tal eternidade só existe enquanto desejo pessoal e não como realidade pura e dura.
No fundo, no fundo a eternidade reside para além de cada um de nós. As pirâmides do Egipto poderão ser eternas? Poderão! Enquanto houver um ser humano que tenha consciência de que elas existem e que foram criadas para um determinado fim.
Concluindo acrescentaria que se um dia a humanidade deixar de existir a tal de eternidade também desaparece.
Por vezes dou por mim a pensar (sim que eu não escrevo só parvoíces, por vezes também uso a cabeça!!!) de que serve ao homem ter dinheiro, bens, coisas fúteis se um dia parte deste mundo e não leva nada com ele... Será mais uma pergunta que um pensamento, mas para este caso vale o mesmo!
Geralmente aprendi nesta vida que quem tem realmente muito dinheiro faz gala em o evidenciar. Ou seja através de carros, iates, aviões ou simplesmente uma viagem de uns meros 10 minutos num foguetão.
É uma postura, uma forma de estar na vida com a qual não me sentiria nada bem. Também assumo que nunca chegaria a ser estupidamente rico porque provavelmente distribuiria a riqueza por quem dela mais precisasse.
Quando jovem meio rebelde gastei demasiado dinheiro em inutilidades. Mas admito que foi importante passar essa fase para que agora possa olhar o futuro de outra forma. Aprendi!
Finalmente concluo com a ideia de que a opulência parece-me um defeito cada vez mais frequente na nossa sociedade. Ser alguém só por aquilo que se tem é um erro crasso que a maioria do ser humano adora cometer.
Hoje em conversa com alguém próximo dizia que a palavra ódio não existe no meu léxico. Todavia faltou acrescentar que também não existe na minha vida.
No entanto sei que nem todas as pessoas vivem deste forma assumindo, algumas delas, bravatas ou demandas sem qualquer nexo.
Os brasileiros têm uma filosofia em que "dão um boi para não entrar numa guerra e uma boiada para não sair dela". Não sei se corresponde à verdade, mas verdadeira ou não, entendo perfeitamente a ideia.
Já eu dou tudo e mais alguma coisa para me manter em paz... comigo mesmo. Poderão chamar-me de cobarde ou simplesmente que serei um medricas, mas tal não me afecta já que vivo em primeiro comigo e depois com os outros.
A minha paz interior não advém de leituras em grossos compêndios, mas tão-somente de uma real experiência de vida que os meus mais de sessenta anos de idade me proporcionaram.
Por tudo isto a tal palavra ódio não tem para mim qualquer significado e nem a uso amiúde. Porque gosto de dormir sossegado.