Desde Setembro que tomo conta da minha neta que hoje conta com 11 meses. Esta presença agora permanente durante a semana e durante todo o dia, levou-me claramente a entender as dificuldades daqueles de quem tem filhos pequenos e que tem de trabalhar a partir de casa.
Já não me lembrava de como uma criança é profundamente absorvente e de como requer atenção a 100 por cento. Nem sequer imagino como será com duas ou mais presentes de diferentes idades e curiosidades.
Mesmo com canais televisivos dedicados às diversas idades das crianças tenho que reconhecer que os pais confinados em casa e em teletrabalho são uns verdadeiros heróis e amplamente premiados com... coragem.
Para todos eles vai um forte abraço de solidariedade.
Estamos em tempo de férias. O país pára e não é só por causa das greves... Parece normal. Deste modo compreende-se que as famílias também queiram estar de férias... delas próprias.
E dos filhos, por exemplo...
Deste modo entendo que na praia se dê liberdade às crianças deixando os pais por breves e austeros momentos gozar do sol retemperador. No entanto para que os acontecimentos não apresentem resultados nefastos será sempre bom ter, como dizia o velho comerciante: olho no burro e olho no cigano.
Esta manhã na praia que frequento uma mãe surgiu aflita porque o filho pequeno desaparecera. Corrida para um lado e para o outro, a suposta tragédia foi relativa porque a criança apareceu rapidamente. Perdera o norte do chapéu familiar.
Mas este breve caso acordou-me para a realidade que todos os dias me deparo na praia. Enquanto há pais que não largam as crianças à beira-mar mesmo que já tenham uma idade razoável, a maioria das crianças estão sozinhas e sem qualquer supervisão.
Nem sequer imagino se estão devidamente sensibilizadas para não se aventurarem na água. Porém o mar é quase sempre pouco simpático e uma onda mais forte pode originar um terror familiar.
Durante muitos anos passei férias com quatro crianças. Dois filhos e dois sobrinhos. Mas nunca deixei de os supervisionar mesmo que fosse somente à distância.
Gozei menos férias? Não fez mal... Dormi muito mais descansado!
Pouco passava das seis da manhã de ontem quando o meu infante mais novo arrastou o seu esqueleto para fora da cama e ofertou à mãe, em antecipação ao dia, dois bilhetes para um filme/concerto no mítico Coliseu dos Recreios.
Conheço aquele recinto muito bem. Lá já vi circo, bailado, concertos de várias espécies e diferentes tipos de música. Mas estava longe da minha imaginação que ali pudesse ver um dos filmes imperdíveis dos anos 70. Falo-vos do Padrinho, uma película de 1972 realizado por Francis Ford Coppola tendo como base o livro de Mario Puzo.
Tudo isto pareceria normal e corriqueiro se... a música que ilustra o filme não fosse tocada, ao vivo, pela Orquestra Filarmónica das Beiras.
Um espectáculo que ultrapassou em muito a minha espectativa! A determinada altura nem se percebia se a música era ali tocada ou se vinha directamente do filme.
Já me habituei a não fazer grandes planos para o meu dia. E muito menos para a vida.
Hoje levantei-me deveras tarde (a chuva que caía não era ternamente convidativa a sair da cama), mas fui fazer as compras do costume ao sábado: pão, bolos e leite.
No entanto ao chegar a vinte metros de casa o meu carro parou. Percebi que era um problema de caixa de velocidades e ainda assim consegui levá-lo muito devagar até à porta. Activei a assistência em viagem e lá foi a viatura para a oficina, que estava obviamente fechada. Fica à porta... até segunda!
Recorri-me então dos meus filhos que se disponibilizaram para me ajudarem. E assim fizeram.
Não obstante a má sorte com o carro tenho a boa sorte de ter bons filhos.
Não costumo falar nem opinar sobre algo que não entendo ou sobre o qual não tenho todos os dados.
Faço esta afirmação a propósito da actual lei de barriga de aluguer. Sei o que se pretende, mas fico-me por aí. Abstenho-me de fazer mais comentários já que a questão da maternidade é demasiado importante para ser discutida por um qualquer leigo como eu. Ainda por cima sou homem…
Porém, li hoje que uma mulher se voluntariou para gerar um filho dentro de si, que seria da sua própria filha. Portanto… gerará o próprio neto ou neta.
E é aqui que começam as minhas confusões. E não tem a ver com alguma visão religiosa da situação mas somente como factor da Natureza.
Com esta futura engenharia genética, perder-se-á toda a ideia genuína de… mãe. Neste caso a avó é só uma fábrica para fazer crescer um feto até poder ser verdadeiro bebe e vir ao mundo. Ou não? Ou será também ela mãe, para além dos filhos que já teve, muitos anos antes?
Confesso que também nunca fui muito a favor da fertilização invitro. Com tanta criança por esse mundo em busca de um lar, não seria mais fácil adoptar? Pergunto eu…
Este meu texto já leva demasiadas perguntas para as quais não consigo evidentemente arranjar (boas) respostas.
Sinto que, infelizmente, esta nova lei será uma fonte de disputas entre mães verdadeiras (as que geraram a criança) e as mães biológicas. Com consequências impensáveis.
No meio disto tudo onde fica a liberdade da mulher que carrega a criança? Estará sujeita à vontade da outra mulher?
Ui… alguns gabinetes de advogadas já devem ter equipas a estudar a coisa. Digo eu!
Sei que não gostas de comemorar o teu dia de aniversário. É uma opção pessoal e só tenho de a respeitar. Daí escrever-te esta missiva.
Quebra-se (ou quebras tu!) assim uma tradição familiar de muitos anos.
Vi-te crescer, vi-te saíres de casa em busca do conhecimento, vi-te sofrer com os desaires com que a vida te foi brindando.
Mas tentei estar sempre a teu lado. Provavelmente, e pelo que percebo agora de ti, sem grande êxito…
Não foi por mal, crê-me. Como costumo dizer, as crianças quando nascem não trazem consigo qualquer Manual de educação. Este, vai-se naturalmente escrevendo dia a dia. Parece que nem nisto escrevi bem…
Da minha vida passada há poucas coisas das quais me posso orgulhar, exceptuando os meus filhos! Durante anos a fio dormi mal e nem descansava, constantemente preocupado com o bem-estar. De repente e quase sem perceber os meninos pequeninos e traquinas, tornaram-se homens e ganharam asas próprias. Faz parte da vida!
Custa-me por isso passar este dia e não te poder dar um abraço sentido e dizer o quanto gosto de ti como pai, como amigo e porque não dizê-lo como homem. Só porque não o desejas.
Termino com um mui singelo pedido: se não gostas de festejar o teu dom da vida, deixa-me pelo menos a mim, comemorar o dia em que fui pai pela segunda vez,
Os americanos adoram ter dias para tudo. E de tudo fazem filmes e propaganda.
O dia do veterando é um desses eventos (nem imagino qual seja a data!!!).
Correm depois na internet, uns pequenos filmes de militares americanos que regressam ao seu pais após meses e anos de ausência em teatros de guerra.
Se de alguma forma estes excertos fazem parte de propaganda, o certo é que nesses breves instantes podemos observar como as pessoas reagem à chegada inesperada de um ente querido. Especialmente os filhos...
E é aqui que noto a grande diferença... Um abraço entre um pai e os seus filhos é deveras diferente de todos os outros. Não tem a ver com ser homem ou mulher... mas um abraço sincero e genuíno entre um pai e um filho é um momento único e muito especial.
Eu já experimentei esse abraço. Sempre que o meu pai regressava de África após mais uma campanha militar!
Numa época em que assistimos a tanta morte de crianças por maus tratos, pergunto a mim mesmo que homens são estes que maltraram os seus próprios filhos?
O meu pai já tem uma idade bonita. Recheada de aventuras que nem sequer imagino. De noites dormidas na solidão de um beliche porque a vida militar assim o obrigava. De dias, semanas, meses, anos afastado da família,
Educou-me como soube sempre tendo como base os melhores princípios e a ele devo tudo o que sou.
Hoje é dia do Pai.
Pai que sou hoje de dois filhos já homens. Que não ligam ao dia.
Mas também não me preocupo.
Queiram ou não serei sempre o pai deles. E amá-los-ei sempre até que Deus me leve!
Já aqui disse que o meu maior património são... os meus filhos.
Certamente, tal como eu, muitos pais pensarão da mesma forma. Por eles fazemos tudo, damos tudo, pois são os nossos verdadeiros e mais sinceros projectos de vida.
Pela ordem natural das coisas devem ser os filhos e levarem-nos à nossa última morada. Mas a ordem nem sempre é natural.
E quando são os pais a levarem os filhos?
Pois... essa é a tal dor. A dor que nunca passa e jamais esmorece. Que verte lágrimas de sangue e sofrimento. A dor que arrebata a alma e a derrete.
Aconteceu a uma colega minha, que esta semana o seu filho adormeceu num sono donde jamais acordará. A tal dor que dói sempre, a chaga permanentemente aberta, a tristeza atroz de mãe e pai.
Considero-me um corajoso perante as vicissitudes da (minha) vida, mas reconheço incapacidade para lidar com tamanha dor. Porque o amor de pai e mãe por um filho não se compreende, nem se explica... só se sente!