Um susto daqueles!
Hoje quando regerssava a casa apanhei trânsito de tal maneira que andei minutos naquele pára/arranca tão chato.
Esta fila fez-me viajar muitos anos ao passado, talvez perto de 30.
Naquele sábado tive de atravessar a Ponte sobre o Tejo no sentido Lisboa/Almada. Era Verão e a ponte só tinha duas faixas para cada lado o que equivale dizer que apanhei fila muito antes da avenida da ponte.
Pela experiência calculei que teria perto de duas ou mais horas de trânsito. A passo de caracol lá fui andando... devagar... muito devagar. Deu até mesmo para cumprimentar um agente que estava ali de serviço a ajudar no trânsito e que eu conhecia do meu trabalho, quando ele fazia guarda ao edifício.
Estava eu nesta lentidão, quando ouvi atrás de mim uma sirene que parecia ser da polícia. Espreitei pelo retrovisor e vi que uma moto tentava passar apressadamente por entre os carros, trazendo as luzes acesas. Disse para comigo:
- Pronto já percebi... há acidente em cima da ponte.
Entretanto o polícia da BT aproximou-se, chegou a meu lado e, tendo eu o vidro aberto, disse-me num tom que não admitia dúvidas:
- Siga-me!
Fiquei sem pinga de sangue... O meu corpo tremia e as mãos suavam não do calor matinal, mas do espectro do que me estaria para acontecer! Portando vai daí toca a seguir a moto...
Ainda me lembro da forma como aquele desviava os carros da frente para que eu o seguisse... Cheguei a andar a 80 quilómetros no meio dos outros veículos que se afastavam repentinamente. Nem imagino o que terão pensado de mim...
Chegado ao fim da Ponte o polícia trava, espera que eu o apanhe e ordena:
- Pode seguir, faça boa viagem!
Ups! Como?
Segui caminho, fiz o que tinha a fazer, regressei a casa, mas nem contei a ninguém o que me havia acontecido.
Na segunda-feira seguinte já no trabalho reencontro o polícia que cumprimentara na fila ao que ele me devolveu:
- Gostou da boleia...
Foi aí que se fez luz... Porém o susto que apanhei naquela manhã jamais o esqueci.