Os jovens têm por vezes alguma dificuldade em lidar com o sucesso inesperado.
Ora desde que escrevi este texto tenho seguido com alguma atenção a passagem de Salvador por alguns programas televisivos e de rádio, quase sempre acompanhado da irmã, sempre através do Youtube.
Ao contrário do que é usual o jovem Sobral, justo vencedor do festival da Canção Portuguesa deste ano, surge quase sempre de forma descontraída e humilde. Para mim é bom sinal...
Não sou músico, nem melómano. Gosto de música que pode ser boa ou má conforme o meu gosto, educação e acima de tudo influências externas. Todavia com a idade que tenho já pouco me preocupa a opinião dos outros sobre o que penso e o que gosto.
No entanto o que mais me surprendeu nos pequenos filmes que fui assistindo, foram os diversos comentários muito críticos quanto à qualidade da canção e do seu interprete. Muitos deles sem sentido e sem razão de ser.
É naturalmente óbvio que eu não entenda esta forma de criticar tão dura, já que sou assaz duvidoso porque gosto muito da canção.
Mas cheira-me que todas aquelas críticas, infelizmente, dão razão à última palavra que Camões escreveu nos Lusíadas.
Eu, tal como a Maria aqui escreveu, também não vejo o Festival da Canção portuguesa faz muitos anos. Creio mesmo que a última vez que vi o certame foi em 1996 quando Lúcia Moniz ganhou com uma música muito bonita de Pedro Osório e letra do meu amigo José Fanha.
Até que hoje a Maria Alfacinha no seu feicebuque falou da canção deste ano. E como a tenho como alguém com bom gosto, "tentei-me" e fui escutar o video de Salvador Sobral.
Ouvi uma e outra vez e fiquei... no mínimo agradavelmente surpreso.
Aquilo era soberbamente diferente. Uma mistura de Nat King Cole com "free jazz" numa balada muito bem conseguida. Depois fui ao Youtube onde pesquisei a vida musical de Salvador. Mais uma vez dei por mim abismado. Começou no "idolos" e foi longe. Porém sem conseguir ganhar. Mas demonstrava talento, muito talento! Coisa (quase) rara nos nossos dias...
Hoje é músico e será certamente uma voz que tentarei seguir com mais pormenor. Não pelo festival da Canção em si, mas claramente pelo disco que já lançou.
Obviamente que o Salvador não vai ler este texto mas ainda assim desejo-lhe muita sorte para Kiev. Porque, como já referi anteriormente, competência e talento tem de sobra.