Humildemente reconheço que nunca pensei na questão de ser republicano ou ser monárquico. Realmente jamais foi uma preocupação premente até porque sempre vivi numa República.
Trabalhei com alguns defensores da causa monárquica que sempre me pareceram gente de bem e sensata. Defendiam naturalmente a existência de um rei em vez de um PR eleito, algo que não me parece impensável em Portugal, desde que a restante democracia parlamentar funcionasse de forma livre.
Depois olho para alguns países europeus que são monarquias e vejo-os sempre na linha da frente do desenvolvimento, o que quererá significar também alguma coisa. Digo eu!
Entretanto aqui ao lado, no país vizinho o Rei emérito Juan Carlos parece que se eclipsou após a descoberta de recebimentos indevidos de um monarca saudita no valor de 100 milhões de dólares. Nada que muitos políticos republicanos não tenham feito já e que continuam a fazer.
Todavia percebo a tristeza de alguns defensores da causa monárquica. Ainda por cima por um Rei e não um súbdito… Se acrescentarmos a este caso as estórias envolvendo saias, fico com a sensação que a causa monárquica não conviverá bem com esta situação.
Entretanto já se pretende a queda do actual Rei Filipe VI como se ele fosse culpado dos actos irresponsáveis do pai. Nem imagino como se sentirá o monarca Castelhano com a catadupa de notícias sobre a Casa Real.
Com a abdicação do Rei Juan Carlos a favor de seu filho varão Felipe de Bourbon, abriu-se uma caixa de Pandora. De um momento para o outro a nossa vizinha Espanha viu-se a braços com um problema político que não imaginava: a dúvida sobre a “real” razão de existência da monarquia.
Milhares de pessoas têm vindo para a rua exigir a convocação de um referendo, a questionar se os espanhóis preferem manter uma monarquia mesmo numa versão do século XXI ou bem pelo contrário desejam a implantação de uma 3ª República, a exemplo de Portugal.
Se me perguntarem se sou republicano ou monárquico, responderei com a primeira opção, tomando em consideração que jamais vivi numa monarquia. No entanto a figura de um Presidente da República num sistema parlamentar como o nosso, cinge-se a dar posse a ministros e secretários de estado, ou a condecorar individualidades no dia 10 de Junho.
Tirando isso o PR é apenas e apenas uma figura de retórica, quiçá com algum peso institucional, mas muito pouco poder. E é esta noção da realidade republicana que os nossos vizinhos espanhóis ainda não têm.
Enquanto qualquer candidato a presidente sai do arco dos políticos da governação, provavelmente refém de muitos apoios recebidos para a sua eleição, o futuro rei de Espanha, Felipe VI, conseguiu para já o feito invulgar de casar por amor com uma jornalista já anteriormente casada e mais tarde divorciada e tem vindo toda a sua vida a preparar-se para ser Rei de Espanha.
A minha reflexão final vai para a ideia de que, no actual contexto europeu, não sei se a manutenção de uma monarquia não seria o mais sensato.