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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

As sementas da família!

Ontem houve aqui almoço de família. À mesa e sem crianças estavam 10 pessoas o que equivale dizer que daqui a uns anos, se estivermos todos vivos vou ter que comprar um acrescento para a mesa para levar mais seis crianças.

O almoço constou de chambão estufado acompanhado de batatas bravas à moda de Portugal (se fosse à moda de Espanha só eu é que as comeria) e puré de batata mais couve flor apurada no forno.

Para entrada queijo fresco e mini crepes de legumes. As sobremesas constaram de gelado de morango feito cá em casa, pudim de ovos à moda da Beira Baixa, maçã reineta assada e morangos (que serviram também para acompanhar o gelado).

Café e bolo no final!

A determinada altura do almoço e sem que ninguém notasse fechei os olhos e tentei perceber donde viria maior algazarra: se dos convivas à mesa, se da brincadeira das crianças na casa ao lado.

Ganharam as últimas e ainda bem! É bem preverível ter crianças barulhentas e traquinas, que amorfas ou deficientes.

Estes almoços acarretam normalmente algum trabalho, mas quantas pessoas da minha idade não conseguem juntar assim a família mais próxima? Ou não a têm ou então nunca nas suas vidas semearam o verdadeiro espírito de família.

O problema é que não semeando não se pode colher!

E vão três!

Diz o sábio povo que "não há duas sem três"!

Não sei se corresponde à verdade esta máxima, mas está prestes a aparecer o meu terceiro livro. Uma vez mais, e a exemplo dos anteriores, um livro de contos e que também não estará à venda numa qualquer livraria. Provavelmente um dia poderei até encontrar um exemplar num alfarrabista, mas ainda assim acredito que deverá ser difícil.

Com esta terceira aventura termino a minha trigolia de contos. O passo seguinte será eventualmente ousar em escrever algo diferente ou pelo menos mais longo como são geralmente os romances. Atenção que eu não estou a assumir que irei escrevê-lo já, todavia corresponde a um desejo mui pessoal. E assaz antigo.

Daqui a mais uns dias (não imagino quantos!) terei mais umas caixas para abrir e distribuir por alguma família e amigos os meus pobres livros. Aindo hoje entreguei dois exemplares do livro do ano passado.

Entretanto este ano há, ainda, um prefácio muito bem assinado por uma amiga de muuuuuuuuuuuuuuuitos anos e de muitas escritas.

Por fim a dedicatória deste livro recaíu sobre todos os elementos da família Xã. Estejam eles vivos ou tenham já partido. Era o mínimo que poderia fazer por quem, sem contudo o saber, me fez chegar aqui.

A gente lê-se por aí!

Momentos faaaaaantásticos!

Hoje senti-me anormalmente bem.

Porque tive os meus quatro netos comigo.

Uns mais crescidos outros ainda muito pequeninos. Mas independentemente da idade deles é uma riqueza perceber as crianças a nascerem, crescerem e fazerem parte da nossa vida!

Mais permanente, mais intervalada não interessa.

São sangue do meu sangue!

Pode haver coisas mais importantes na vida de muita gente, que as crianças. Todavia para mim os meus netos são o meu euromilhões!

A gente lê-se por aí!

Natal: lugar à família!

Hoje andei a rever a lista das pessoas a quem dei o meu último livro. E é curioso que retirando os cá de casa e os meus pais apenas cinco familiares receberam também os meus livros.

Sempre fui uma pessoa ligada à família mesmo aquela mais afastada pois toda merece o mesmo cuidado e tratamento. De tal maneira sou apegado à família e à sua história que uma das melhores prendas que recebi em toda a minha vida (creio que foi no meu aniversãrio) teve a ver com a investigação feita aos meus antepassados, nomeadamente nomes, nascimentos, mortes, profissões e locais de vida. Um tesouro que guardo para sempre!

Mesmo sem nunca ter conhecido a maioria daqueles meus antepassados (a mais velha que me lembro foi a bisavó Maria da Conceição, mais conhecida na aldeia por Maria Couvicas!!!) tenho por eles uma estima e um enorme respeito porque, obviamente, sem eles eu também não estaria por cá!

Talvez por ser assim tão ligado aos laços familiares é que estranho a tendência, por esta altura do Natal, dos filhos atirarem os pais idosos, doentes, dementes para as camas de um qualquer hospital, fugindo à responsabilidade de tomarem conta de quem os criou (mal ou bem, não interessa!).

Por aqui e se tudo correr bem irei no dia 25 buscar os meus pais, almoçarão comigo para no fim do repasto ir entregá-los à aldeia onde eu próprio ficarei até ao dia seguinte.

Posto isto e em jeito de recado: olhemos pelos nossos, cuidemos dos nossos, sejam eles muito novos, novos, idosos ou muito idosos. Porque quase sem percebermos seremos nós (eu já lá estou... quase) amanhá a necessitar dos cuidados e das atenções daqueles que, há muito tempo, nem nos deixavam dormir!

A gente lê-se por aí!

Bolo rei, raínha e demais acepipes...

... de Natal

Natal sem bolo-rei diria que nem é festa. 

Há uns anos decidiram criar o bolo-rainha que no fundo é primo do bolo-rei, mas sem as saborosíssimas frutas cristalizadas e que eu simplesmente adoro.

Entretanto não sei se foi a ASAE ou outra entidade qualquer que proibio entretanto a inclusão da fava e de um pequeníssimo brinde dentro da massa do bolo. Mais uma imbecilidade à portuguesa!

Tudo isto desapareceu por decreto retirando àquele doce a verdadeira magia... do Natal. Dizia também a tradição que a fava significaria a quem calhasse comprar o próximo. Uma brincadeira que quase ninguém respeitava.

Mas o Natal acarreta consigo as filhós, as rabanadas e mais um conjunto de doces impróprios para diabéticos. Por cá de compra só mesmo o bolo-rei e as azevias, porque o resto é tudo feito cá em casa.

A lista de doces já começa a ser elaborada:

- filhós (muitas e eu não como uma!);

- rabanadas;

- quadradinhos de chocolate;

- tarte de amêndoa;

- pudim de ovos;

- peras bêbadas;

- bolo de bolacha;

- bolo imperial;

- farófias.

Finalmente seremos, no dia 25, apenas dez à mesa... A ver se chegam estes doces todos!

As heranças futuras!

O que irei dizer a seguir não será novidade para ninguém e prende-se com a minha ideia de que a razão principal para muitas famílias se desfazerem terá a ver com partilhas dos bens de alguém que faleceu.

Diria que raros são os casos em que tudo corre bem e todos os herdeiros assinam as respectivas documentações. Arriscaria dizer que mesmo nestes casos já muitos anos depois há quem venha dizer de sua justiça mostrando o seu desagrado pelas partilhas feitas anos antes.

Entretanto por este lado estou completamente descansado até porque sou filho único. Mas também os meus pais não são ricos... o que também facilita a concepção da coisa.

Neste fim de semana na aldeia encontrei uns primos que me comunicaram o desejo de venderem todos os bens de herança da falecida mãe. Uma casa e uns pedaços de terra mal amanhados. Pelo que percebi um dos filhos quer apenas dinheiro e nada de terras e trabalhos futuros. Resultado: têm de vender tudo.

Tal como este vou assistindo diariamente a muitos outros casos, seja na família ou em estranhos, ao delapidarem um património vasto por troca de  um naco de dinheiro que desaparece num ápice. E depois nem dinheiro nem bens.

Por tudo isto muita gente me questiona porque ainda mantenho a ideia de adquirir terras agrícolas se quando eu partir provavelmente tudo será vendido ou abandonado? Que seja, respondo já eu! Após a minha morte façam o que quiserem... 

Mas se, por um simples acaso, não venderem e seguirem os meus passos? Ficarão mais pobres ou mais ricos?

A resposta não é fácil pois depende somente do que cada um considera verdadeira riqueza.

A gente lê-se por aí!

O primo A.!

Na aldeia onde residi recentemente duas semanas há um parente mais velho que durante muitos anos nos valeu nas diversas bravatas que tivemos, especialmente na azeitona.

Ainda antes de haver varejadoras eléctricas o primo A. era chamado para nos ajudar e fazia-o sempre com gosto e competência.

Funcionário da CP na capital rapidamente foi reformado regressando definitivamente à aldeia que o viu nascer. Em má hora, acrescento eu! Porque a partir dessa altura o primo A. começou a "gastar muito álcool aos 100". Com produção própria lentamente ficou preso no vício do vinho. Melhorava quando lá íamos. mas eram só meia dúzia de dias.

No último ano que nos ajudou era mais o tempo que nada fazia que aquele que trabalhava. Ainda por cima levava a 50 euros ao dia!

No ano seguinte optou-se por outra equipa e o parente ficou definitivamente de fora. 

Sendo um homem pobre e reformado tudo aproveita para a casa ou para si mesmo. A horta parece mais um pequeno centro de objectos inúteis que um lugar de cultivo.

Como qualquer aldeão, não obstante a sua condição financeira, é orgulhoso e resiliente. Assim sem que ele o perceba (creio eu) sempre que o encontro encomendo umas coisas que ele me vende. A maioria das vezes... aguardente. Peço sempre cinco litros e pago-lhe o valor sem qualquer negociação.  Ora como não necessito daquela forte bebida, até porque estou proibido de o fazer, no fundo tento oferecer-lhe ajuda sem que ele se sinta ofendido.

Assim nos últimos anos repito a encomenda que ele me entrega num garrafão e eu pago-lhe o que me pede.

Dito por outras palavras acabo por demonstrar solidariedade sem que ele sequer perceba e mais importante que tudo, sem que se ofenda!

A gente lê-se por aí!

Os amigos dos animais!

Há pessoas com uma natural queda para os animais. Isto é... sem fazer nada os cães e gatos gostam de estar junto daquelas pessoas.

Uma dessas pessoas é um tio meu já muito idoso irmão mais velho do meu pai e que foi caçador durante muitos anos. Nunca lhe conheci um cão destinado para a caça, pois como ele próprio dizia... qualquer um servia.

Adorava andar com esse meu tio. Com ele aprendi a lidar com uma junta de vacas de forma a lavrar a terra ou simplesmente passar o trilho na eira para descascar as favas.

Será de todos os filhos o que mais se parece com o pai, meu avô! Mas a sua maior característica,por exemplo, com os cães é que todos os canídeos da aldeia o conheciam e se ele quisesse seguiam-no. Numa das vezes que andava com ele pelas terras dei que ele assobiara qualquer coisa. Quase por magia todos os cães que estavam soltos surgiram atrás da carroça das vacas onde íamos.

Também curioso é que a minha mãe e o meu pai tem uma boa relação com o animais. Neste momento têm um cão (Black) e uma cadela (Piki) e dois gatos (Gil e Indio). Todos estes pertencem â casa e têm lá lugar. Mas todos os anos após a época da caça eis que surgem sempre novos cães. Desta vez e desde o fim da caça que apareceu um cão bem rafeiro, de cor caramelo e muito, muito simpático.

A minha mãe não o adoptou, mas dá-lhe de comer e beber. Resultado... não sai da soleira da porta da cozinha e quando esta está meio aberta ousa entrar, deitando-se logo num tapete que por ali há!

Dizem os entendidos que os animais têm um sentido muito apurado para escolherem as pessoas que lhes serão amigas. Não sei precisar se os cães e os gatos serão mesmo assim tão apurados, mas a experiência mostra-me essa real evidência!

Azeitona: algumas memórias... #4

A azeitona presenteou-me com algumas memórias deste tempo tão especial. Não sei se será por acaso que memórias rimam com estórias, mas adiante!

Episódio 1

A minha primeira evocação recoloca-me em casa do meu avô paterno e numa despedida pouco emotiva (o meu antecessor era muito austero em palavras e emoções). A porta da cozinha dava para um alpendre entre diversas coisas estava um velho garrafão de vidro totalmente empalhado e cheio de azeite. Já não me recordo como aconteceu, mas recordo o olhar furibundo do meu avô quando percebeu que eu havia derrubado e partido o dito vasilhame. Hoje muuuuuuuuitos anos depois percebo perfeitamente porquê!

Episódio 2

Já jovem espigado e pronto para dar o meu contributo fui ajudar os meus avôs maternos a apanhar azeitona. Nesse tempo era muito leve e a minha avó Pureza muito pequena que tudo somado não daria um pessoa de um homem normal. Naquele tempo a azeitona era colhida à mão e desse modo subimos ambos (a minha neia dose de avó era mais miúda que eu!!!) a uma velha oliveira. Copiando Solnado diria que "estávamos muito quentinhos" a colher azeitona quando percebenos que a oliveira dava os primeiros sinais de intolerãncia connosco em cima. Para no minuto seguinte estarmos os dois caídos por terra com algumas feridas feitas pelos ramos e muitas gargalhadas.

Episódio 3

Um dia encontrava-se a família reunida para jantar na velhíssima casa de forno onde, para além deste, existia um fogão a lenha, quando percebemos que faltava o meu avô que fora simplesmente buscar azeite novo ao lagar, de uma medura (medida especial para esta época que equivalia, naquele tempo, a cerca de 20 sacos grandes de azeitona sem uma única folha) que mandara fazer dias antes. O bacalhau, as batatas, as couves daquele jantar foram regadas por um azeite ainda muito turvo, mas ao mesmo tempo com gosto a selvagem. Esse repasto ficou gravado no meu palato para sempre.

Episódio 4

Certo fim de tarde no olival e já no momento de arrumar a trouxa e zarpar para casa reparei que o meu pai levava um saco cheinho de azeitona às costas. Naquele tempo era normal atarem-se os sacos com um nó muito próprio. Depois colocava-se às costas e atravessava-se a fazendo até ao transporte, com 30, 40 ou 50 quilos sobre os ombros. De súbito percebi que algo estava mal com o saco e este abriu-se totalmente deixando cair parte da carga pela terra barrenta. O momento foi para mim divertido se bem que o meu pai não tivesse gostado nada. Lá o ajudámos a reencher o saco. Porém recordo a forma zangada como o meu pai reagiu à situação... Para gáudio dos presentes!

As campanhas da azeitona trazem-nos muitos episódios para ilustrar a nossa memória. E eu não pretendo esquecê-las.

 

Almoço em família!

Hoje organizei um almoço de família. Se todas as crianças se sentassem à mesa teria 14 pessoas. Porém algumas ainda são muito pequenas e assim os fedelhoos comeram antes dos adultos. Deste modo fomos uma dezena à mesa, com muita comida, muita bebida (a maioria sem álcool!), pão, queijo, entradas beirãs, sopa e finalmente um chambão estufado com batatas assadas no forno.

Para sobremesa um "cheesecake" feito pelo meu filho mais novo e serradura concebida cá em casa.

Tenho consciência que a organização destes respastos sobram sempre para alguém e por isso esta manhã levantei-me de madrugada para que tudo estivesse pronto à hora prevista. No final sabe bem olhar para a mesa e ver a família ali toda (ou quase!) reunida numa algazarra saborosa.

Tudo isto faz-me lembrar a minha mãe que quando organizada assim almoços ficava tão feliz! Mas tão feliz! Actualmente vive momentos menos esfusiantes e já organiza assim repastos.

Estou cá eu para a substituir!

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